Páginas

terça-feira, 31 de março de 2009

Ministério demite Conselho Executivo de sucesso


CONTRA AS ESCOLAS MARCHAR, MARCHAR
(OU COMO SE DESTRÓI UM PROJECTO DE SUCESSO)

"A demissão imposta pelo Ministério da Educação ao Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Santo Onofre, em Caldas da Rainha, tem um primeiro significado: para este Ministério da Educação o que menos importa é a qualidade das escolas e o bom ambiente de trabalho indispensável ao sucesso das aprendizagens. O Agrupamento de Santo Onofre colocou o interesse dos alunos acima da “guerra da avaliação de desempenho” e, por isso mesmo, rejeitou integralmente o modelo do ME, um modelo que substitui a cooperação pela concorrência e o trabalho colectivo pelo individualismo.

Numa visão muito “especial” de autonomia, o Ministério da Educação quer impor às escolas deste agrupamento um modelo de gestão e um modelo de avaliação que a escola de facto rejeita. Que a escola /agrupamento funcione bem, que os alunos tenham sucesso real (e não apenas estatístico…) que os professores se sintam unidos na construção de um projecto inovador e criativo, que a ligação com a comunidade seja exemplar, nada disso interessa aos que têm a arrogância do poder como único argumento. Como também não lhes interessa os vários prémios que o agrupamento tem recebido do jornal “O Público” na promoção dos jornais escolares, como não lhes interessa o terem sido pioneiros na informatização da escola e no cartão electrónico, como não lhes interessa o trabalho desenvolvido que a fez passar de TEIP a escola onde todos queriam matricular os filhos, como não lhes interessa os resultados escolares dos alunos, como não lhes interessa todos os projectos que ao longo dos anos tem desenvolvido com sucesso.

Ao que se sabe, o Ministério da Educação, do alto do seu despotismo nada iluminado, terá já nomeado três docentes para substituir – com que legalidade? - o Conselho Executivo legitimamente eleito. Um vindo de Peniche, outra de uma biblioteca e um outro não se sabe ainda donde … Paraquedistas impostos contra toda a comunidade escolar, poderão cumprir o seu papel de comissários políticos, mas não conseguirão, certamente, manter e desenvolver um projecto que exige paixão e uma liderança democraticamente aceite. Nestas coisas, o abuso de poder pura e simplesmente não funciona ou é mesmo contraproducente…

Esta brutal intervenção do Ministério da Educação (repete-se: em tudo contrária aos interesses dos alunos e aos de toda a comunidade) pretenderá talvez ser um “aviso à navegação”. “Quem se mete com o PS…leva!”. Lembram-se? Maria de Lurdes Rodrigues & Cia. passam agora à prática as diatribes verbais de Jorge Coelho: “Quem se mete com o ME… leva!”. Esta trupezeca pouco instruída ignora possivelmente que a história nunca deixa de derrubar, mais cedo ou mais tarde, os tiranetes e tiranetezitos de tigela ou de meia tigela e que o respeito pelo trabalho de gente honesta e competente é realmente aquilo que perdura. Sobretudo quando a honestidade e a competência têm de se impor contra a arrogância incompetente e ignorante de quem, por acaso e transitoriamente, ocupa os cadeirões do poder.

A direcção do SPGL exorta os professores e educadores do Agrupamento de Santo Onofre a que não desistam. O projecto de verdadeira autonomia que têm vindo a erguer não pode ser destruído. As trevas não duram sempre."

A Direcção do SPGL

Páscoa


"Um dia de poemas na lembrança
Que o passado inspirou.
A natureza inteira a florir
No mais prosaico verso.
Foguetes e folares,
Sinos a repicar,
E a carícia lasciva e paternal
Do sol progenitor
Da primavera.
Ah, quem pudera
Ser de novo
Um dos felizes
Desta aleluia!
Sentir no corpo a ressurreição.
O coração,
Milagre do milagre da energia,
A irradiar saúde e alegria
Em cada pulsação."

Coimbra, 19 de Abril de 1991
Miguel Torga

Foto: Fogstock

O vírus que o pode atacar a 1 de Abril


A revista Visão dá pistas para ficar alerta.
Just in case...


"Lembra-se das previsões negras sobre o chamado "bug do milénio" que afectaria os computadores no dia 1 de Janeiro de 2000? Os peritos esperam que as consequências do Conficker.c sejam igualmente inofensivas. Mas como há a hipótese de não serem, aqui fica um guia:

O que é o Conficker.c?
O Conficker.c é um worm, um código malicioso que, pensa-se, já terá infectado entre 5 a 1o milhões de computadores.
O que vai acontecer no dia 1 de Abril?
As infecções não têm, até aqui, mostrado grandes sintomas, mas no dia 1 de Abril os computadores infectados poderão ficar sob o controlo de uma máquina. O vírus cria uma rede de computadores infectados que são depois usados para enviar spam e outros ataques sem que os proprietários saibam.
Que mais pode acontecer?
O programa pode ainda apagar todos os seus ficheiros do computador e controlar o teclado para recolher informações como passwords e acesos bancários.
Como é que o Conficker.c actua?
Aloja-se no sistema e é dificilmente detectável. Uma das primeiras medidas que toma é impedir o Windows de fazer as actualizações automáticas que poderiam evitar os seus estragos.
Quem é o seu autor?
Não se sabe ainda.
Como pode saber se o seu computador está infectado?
Uma pista é ver se tem as actualizações automáticas de Março do Windows. Se o seu computador não fez essas actualizações, o melhor é dar um saltinho a http://safety.live.com.

A falta de actualização dos sistemas anti-vírus também pode ser um sinal, já que o Conficker.c também as neutraliza."

Visao.pt Terça-feira, 31 de Mar de 2009 - 15:32

As Notificações que afinal não o eram


Pergunta bastante pertinente e oportuna

"Parece ser uma tendência e não apenas episódios isolados. Embora afirmem que estão a seguir as instruções da DGRHE para notificar quem não entregou os OI, diversos PCE estão a responder aos requerimentos dos notificados com o argumento de que a notificação não era uma notificação (acto administrativo) mas uma mera informação (acto informativo) e enquanto tal não passível de contestação jurídica.
Mas então se uma notificação não é uma notificação mas uma mera informação, porque razão é nominal e não se limita a ser uma circular colocada nos placards apropriados na sala dos professores?"

Posted by Paulo Guinote in A Educação do Meu Umbigo, Março 31, 2009

Pintura de um Anónimo holandês

Magistrados pressionados para arquivar o "caso Freeport"


“O novo presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, vai pedir uma audiência de urgência ao presidente da República Cavaco Silva. Nos últimos dias João Palma tem vindo a denunciar pressões sobre os magistrados, alegadamente relacionadas com o caso Freeport e que visam, segundo revelou o "Correio da Manhã" levar ao arquivamento do processo.”

Público.Pt - 30.03.2009

Certamente ninguém pensava que a falta de vergonha e de escrúpulos pudessem atingir tais patamares. Se o caso Freeport for arquivado sem uma investigação séria e rigorosa, tudo aquilo que já pensava acerca deste governo se confirma e agrava.
São pressões, são aldrabices de toda a espécie, compadrios, clientelismo, corrupção… e vamos assistindo a isto com um suspiro hoje, um lamento amanhã, sempre à espera de ver qual é a próxima.

É a ministra da Educação e os seus “muchachos” a maltratar toda uma classe de profissionais a quem chamam “professorzecos” e “coitadinhos”, comparados a “esparguete” pela digníssima Directora Regional do Norte, que é disléxica e malcriada, e lá vamos encaixando hoje uma, amanhã outra.

Mário Crespo, na sua crónica de ontem do Jornal de Notícias pergunta:
- “Porque é que o cidadão José Sócrates ainda não foi constituído arguido no processo Freeport?”

Noutro qualquer país, provavelmente da Europa do Norte, por muitíssimo menos, o governo inteiro já teria caído. Provavelmente também, esta constatação já se tornou um lugar-comum. Parece que estamos à espera que o governo caia, mas quem vai caindo somos nós - no conformismo, na modorra, no cansaço, na decepção, no “deixa andar”, típico das épocas que antecedem a instauração das ditaduras.
Este estado de inconsciência, ou melhor de dormência, é pois compatível com a psicologia do medo, tão bem analisada por José Gil no seu livro “Portugal, o medo de existir”.
Ao “medo de existir” eu acrescento “o medo de exigir”. Há medo de tudo e de todos. Em todos os locais parece que as pessoas andam encolhidas pelo medo. Quase como no tempo da ditadura de Salazar, em que estávamos sempre à espera que nos acontecesse qualquer coisa, mas efectivamente… para mudar o estado de coisas que se vivia nessa existência feita de terror, tiveram de intervir os militares para arrasar finalmente um regime caduco, que apesar de podre, não havia maneira de cair.
Nenhum regime cai por si, tem de ser derrubado.

Pode ser que os Magistrados, os Professores, os Enfermeiros, ou sei lá que mais sectores, vão denunciando as poucas-vergonhas que este governo tem vindo a pôr em prática com o maior despudor. Mas, será que isso é o bastante?
Será que os cidadãos eleitores não estão cansados de ser tomados por atrasados mentais e se vão continuar a arrastar e calar pelo medo?
O comodismo é paralisante e a factura a pagar é sempre, sempre muito alta.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Quem és tu?


"Quem és tu que assim vens pela noite adiante,
Pisando o luar branco dos caminhos,
Sob o rumor das folhas inspiradas?

A perfeição nasce do eco dos teus passos,
E a tua presença acorda a plenitude
A que as coisas tinham sido destinadas.

A história da noite é o gesto dos teus braços,
O ardor do vento a tua juventude,
E o teu andar é a beleza das estradas."

Sophia de Mello Breyner Andresen

“Petição pela responsabilização efectiva das famílias nos casos de absentismo, abandono e indisciplina escolar”


“O exercício pleno da Liberdade exige Educação de qualidade e empenhamento familiar na sua obtenção.
Infelizmente, em Portugal, os níveis de abandono e absentismo escolar são ainda elevados e, muitas vezes, em estratos sociais em que a ausência de Educação é um mecanismo de reforço da exclusão social pré-existente.
Paralelamente o número de alunos envolvidos em episódios de indisciplina, e até violência, está a aumentar, com prejuízo para a vida das escolas e qualidade educativa.
Os professores debatem-se todos os dias com problemas causados por estas situações que afectam negativamente o seu trabalho e acabam por reflectir-se na vida das escolas.
O papel da escola na solução destes problemas não pode ser isolado do contexto familiar e social da origem dos alunos.
A responsabilização dos pais e encarregados de educação pelo comportamento escolar dos seus educandos, pelas suas ausências à escola e consequente insucesso exige mudanças legislativas que efectivamente transformem a escolaridade obrigatória numa obrigação familiar com penalizações reais aos incumpridores.
No momento presente, as faltas e actos de indisciplina são pouco eficazmente sancionados, tendo-se optado por medidas de tipo pedagógico, com fortes entraves burocráticos e com pouca eficácia junto dos agentes dos actos em causa.
Quando ocorrem, a negligência, por parte das famílias, no encaminhamento de crianças à escola, a tolerância e protecção familiar face aos seus comportamentos de indisciplina escolar, a falta de interesse pelos seus actos na escola e pelo seu sucesso constituem danos graves ao desenvolvimento do país na medida em que prejudicam o exercício do direito fundamental que é o acesso à Educação.
Uma escola de qualidade exige que o sucesso escolar, constatado em passagens e notas de pauta, corresponda a efectivo sucesso educativo com aprendizagens e efeito na mudança dos alunos como indivíduos e na criação de cidadãos formados para colaborar nas tarefas da vida social.
Assim, solicitamos à Assembleia da República que altere as leis existentes, ou legisle com novo diploma, no sentido de:
- Criar mecanismos administrativos e judiciais, desburocratizados, efectivos e atempados de responsabilização dos pais e encarregados de educação em casos de indisciplina escolar, absentismo e abandono, modificando a lei que consagra o Estatuto do aluno e outras leis conexas.
- Que esses mecanismos se traduzam, à semelhança do que acontece noutras Democracias europeias, em medidas sancionatórias às famílias negligentes como multas, retirada de prestações sociais e, no limite, efeitos sobre o exercício das responsabilidades parentais, como é próprio de uma situação que afecta direitos fundamentais de pessoas dependentes.
Não há Estado com mais legitimidade para sancionar que um Estado Democrático e a compreensão pelas dificuldades económicas e de inclusão não pode permitir que o Estado se desleixe de tornar efectiva uma obrigação essencial para construir a Igualdade e a Democracia: o cumprimento da escolaridade obrigatória.”

Os Peticionários

Esta Petição teve como autor Luís Braga, professor de História e presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Darque, Viana do Castelo.
A Petição está disponível para ser subscrita em: www.peticao.com.pt/responsabilizacao.

Recordando Maurice Jarre

Tema de Lara - Dr. Zhivago

Espionagem informática com origem na China


Foi descoberta uma rede de espionagem com origem na China, que conseguiu invadir 1295computadores de 103 países. Os alvos preferenciais foram embaixadas e outros organismos que eventualmente tivessem ligações com as actividades do Dalai-Lama, leader espiritual do tibete e do seu governo no exílio.
O seu gabinete oficial em Darhamsala contactou um centro especializado de estudos internacionais canadiano, cujos peritos verificaram que os computadores do seu escritório foram infectados com mensagens de e-mail que continham notícias de interesse urgente para a causa tibetana, levando os membros do staff a clicarem sobre elas, abrindo assim caminho ao spyware.
Vale tudo, quando se trata de invadir, escravizar e destruir um povo. Não se olha a meios para atingir fins.


"Chegou-se à conclusão de que foram alvo de espionagem ministérios do Irão, Bangladesh, Letónia, Indonésia, Filipinas, Brunei, Barbados e Butão, bem como embaixadas de Portugal, Índia, Coreia do Sul, Indonésia, Roménia, Chipre, Malta, Tailândia, Taiwan, Portugal, Alemanha e Paquistão.

Recentemente fora noticiado que o site da embaixada de Portugal em Nova Deli registara problemas com piratas informáticos, pelo que fora temporariamente desactivado.", cita o Público de 29 de Março de 2009.

Foto: Juan Carlos Ulate/REUTERS

Morreu o compositor Maurice Jarre


O compositor francês Maurice Jarre faleceu ontem em Los Angeles, onde residia.
Ficou conhecido por ter feito as bandas sonoras de filmes que marcaram a história do cinema, como "Lawrence da Arábia", "Passagem para a Índia" e "Dr. Jivago", este último, um dos filmes da minha vida.
A sua colaboração com David Lean assegurou-lhe a fama em Hollywood, que acabou por lhe dar um Óscar da Academia pelas referidas bandas sonoras.
O seu filho é Jean-Michel Jarre, outro dos meus compositores preferidos, que assinalou a passagem do Milénio tocando ao vivo nas Pirâmides do Cairo com a cantora Natasha Atlas.

domingo, 29 de março de 2009

Earth Hour 2009 - Apagão simbólico






Fotos: Flickr - Sidney Harbour Bridge e Opera House, Singapura, Toronto-CN Tower e City Hall, Vancouver City Hall

Earth Hour 2009 - Apagão simbólico 2






Fotos:Flickr - Otawa Parliament, New York Times Square, Edmonton-Canadá, New York Chrysler Building, Chicago-Sears Towers. 28 de Março de 2009.

sábado, 28 de março de 2009

Este Blog participa no Apagão Mundial durante uma hora



"Sydney, uma cidade australiana teve em 2007 a ideia brilhante de por uma hora apagar apagar as luzes e assim defender o Planeta da acção humana sobre os elementos naturais. O ano passado muitas cidades e ainda mais milhões de pessoas participaram neste movimento de solidariedade para com a Terra.
Hoje, entre as 20.30 e as 21.30 podemos em cada uma das nossas casas fazer o mesmo e começar a contribuir para a diminuição dos problemas ambientais que ameaçam o nosso Planeta e a vida nas suas diversas formas, hoje e amanhã, que pelos sinais recebidos todos sabemos estar muito perto."

(...)

"Os egípcios anunciaram adesão à Hora do Planeta e irão apagar as luzes das grandes Pirâmides de Giza e da Esfinge. A grandeza dos monumentos representa a força da acção coletiva que cresce a cada dia.

Outros monumentos ancestrais importante, como a Torre de Cairo e a Biblioteca de Alexandria, também serão ícones da Hora do Planeta 2009.

O simbolismo do envolvimento dessas antiguidades tem grande importância para o director executivo da Hora do Planeta, Andy Ridley. “Esse é um extraordinário exemplo de uma solidariedade sem precedentes mobilizada pela Hora do Planeta. Nações, culturas, raças, religiões, com seus monumentos antigos e modernos, estão unidos para tornar possível a maior mensagem contra o aquecimento global já vista”, afirma Ridley.

Nesse cenário, a arquitetura do século XX não poderiam ficar de fora. O prédio do Empire State, em Nova Iorque, e as Torres Petronas, em Kuala Lumpur, na Malásia, são os últimos monumentos modernos confirmados na longa lista de ícones a serem apagados na Hora do Planeta. Em Londres, a novidade é que o Arco do estádio de Wembley vai apagar suas luzes durante um jogo de futebol amistoso."

Dos Blogs A Aventura das Palavras e Biotransitando

Apaguem também todas as vossas luzes e desliguem todos os aparelhos eléctricos durante uma hora. Não custa nada. O nosso planeta Terra merece!

Conclusões do Parecer do Dr. Garcia Pereira sobre Gestão Escolar


Transcrevo aqui apenas as conclusões. O Documento pode ser gravado na íntegra a partir do Blog do Paulo Guinote.

Em conclusão:

1ª O Decreto-Lei nº 75/2008, de 22/4, padece de inconstitucionalidade orgânica por conter, em diversos dos seus pontos, clara natureza de modificação inovatória relativamente à LBSE, maxime os seus artigos 46º e 48º, e invadindo assim a reserva absoluta da competência da Assembleia da República resultante do artigo 164º, alínea i), da CRP.
2ª Sem conceder quanto ao que antecede, impõe-se concluir que, pelo menos, o mesmo Decreto-Lei nº 75/2008 viola, nesses mesmos pontos, a “superioridade paramétrica geral” da referida LBSE, não podendo assim vigorar na Ordem Jurídica.
3ª Ao não indicar explícita e concretamente quais as organizações sindicais representativas dos docentes que teriam sido ouvidas e os termos em que o terão sido (única forma de aferir do adequado cumprimento, ou não, do requisito legal e constitucional), o regime jurídico do mesmo Decreto-Lei nº 75/2008 encontra-se também afectado pelo vício da inconstitucionalidade formal. Por outro lado,
4ª O sistema de designação do novo órgão unipessoal “Director” criado por tal diploma não é nem verdadeiramente concursal nem verdadeiramente electivo.
5ª Não sendo o mesmo Director designado por eleição directa dos membros da comunidade escolar, mas por escolha de um conselho eleitoral restrito e de onde fazem parte outros elementos que não os previstos no artigo 48º, nº 4 da LBSE, com um mandato renovável sem nova eleição, fortemente dependente da administração educativa, podendo mesmo ser um elemento exterior à escola e até ao próprio ensino público, mas com amplíssimas competências, v.g. as de designar todos os outros cargos, distribuir o serviço docente, proceder à selecção do pessoal docente, exercer o poder hierárquico em relação a este e intervir no respectivo processo de avaliação, manifestamente que tal sistema não apenas contraria o regime dos “órgãos próprios” titulados por representantes eleitos directa e democraticamente pelos seus pares, consagrado nos artigos 46º e 48º da LBSE,
6ª Como também contraria, e de forma em absoluto injustificada e desnecessária, os princípios constitucionais do estado de direito democrático e da democracia participativa, consagrados no artigo 2º e 267º, nºs 1 e 5 da CRP, pelo que tal sistema do mesmo Decreto-Lei nº 75/2008 padece igualmente de inconstitucionalidade material.
7ª Contraria ainda claramente o artigo 48º, nº 4 da LBSE o dispositivo dos nºs 1 e 3 do artigo 12º do Decreto-Lei nº 75/2008 quando vem estabelecer que do colégio eleitoral que escolhe o órgão director, façam parte, e representem pelo menos 50% do total, os elementos exteriores aos docentes, pessoal não docente e alunos.
8ª É inegável a circunstância de que os (poucos) docentes que integram esse colégio eleitoral (o Conselho Geral) têm óbvio interesse directo e pessoal na escolha do Director, até por ser este que tem o papel decisivo no respectivo processo de avaliação.
9ª E tal circunstância põe também em causa as condições objectivas de isenção e imparcialidade do respectivo procedimento de escolha.
10ª O amplíssimo rol de atribuições e competências atribuídas ao Director e a sua completa supremacia relativamente a todos os outros órgãos (a ponto de o próprio Conselho Geral, que o elege, não o poder demitir) põe claramente em causa, de forma tão marcada quanto despropositada e infundada, o sistema de “checks and balances” de legitimidades, atribuições e competências, próprio da natureza democrática e participativa do sistema de administração e gestão estatuídos pela LBSE e em obediência à Constituição.
11ª O facto de o Director poder não apenas ser exterior à Escola e até ao Ensino Público como não ser necessariamente professor titular (embora seja o avaliador supremo de todos os elementos da Escola, e logo também dos docentes) entra em clara contradição com um sistema de avaliação em que, compreensivelmente, se exige que os avaliadores sejam necessariamente docentes com mais tempo de carreira do que os avaliados.
12ª Pode assim com propriedade afirmar-se que o já diversas vezes citado Decreto-Lei nº 75/2008, de 22/4, sob a invocação formal do mero desenvolvimento do regime da Lei de Bases do Sistema Educativo, procede afinal a uma verdadeira subversão desse mesmo regime, procurando substituir as linhas essenciais de um sistema de gestão democrática e participativa das escolas, desenvolvida através de órgãos preenchidos com representantes eleitos directa e democraticamente pelos membros da comunidade escolar, por um sistema de gestão unipessoal, autoritário, centralista e em que o valor da autonomia foi radicalmente substituído pelo da sujeição à cadeia hierárquica e à lógica da confiança política, com completa e inadmissível violação quer da mesma Lei de Bases, quer dos já referenciados preceitos e princípios da Constituição da República Portuguesa.

Este é, em suma, o nosso Parecer.
Lisboa, 25 de Março de 2009

António Garcia Pereira

Posted by Paulo Guinote in A Educação do Meu Umbigo, 28 de Março de 2009

Ilustração: François Schuiten, Coimbra

Pedagogos internacionais condenam computadores na educação infantil


"(…) O empreendimento foi anunciado como uma “revolução para a educação em Portugal” e um projecto “sem igual no mundo”, sendo que a máquina é apresentada como autêntica janela para o futuro e para a vida das novas gerações. Esta experiência não possui entretanto qualquer qualificação pedagógica prévia, e numerosas realidades acerca dos seus efeitos catastróficos para um saudável desenvolvimento das crianças nos primeiros anos escolares permanecem desconhecidas para pais, professores e o grande público. O tema já foi estudado em profundidade em inúmeras universidades e comunidades educativas em todo o mundo, revelando resultados assombrosos.
(…) O que está em causa não é só a perda da habilidade de escrever à mão, ou a necessidade de milhões de crianças em breve terem que usar óculos para compensar a deterioração da visão.
O fenómeno do uso irrestrito de meios electrónicos entre as crianças na fase pré-pubertária equivale a uma verdadeira deturpação do nosso universo infantil, uma vez que os imensos danos psíquicos e orgânicos provocados a longo termo ocorrem precisamente durante os delicados primeiros passos da formação das almas infantis, prejudicando-as definitivamente no seu desenvolvimento harmónico e saudável. Conforme o Dr. Setzer comentou com palavras rigorosas: “Isto só poderá levar ao aparecimento de adultos anti-sociais, com ideias fixas, passivos, fanáticos e pobres em forças de compaixão e criatividade”.

EFEITOS

Os efeitos complexos comprovadamente perniciosos que os meios electrónicos exercem indelevelmente sobre as almas infantis durante o septénio pré-pubertário são:

(1) Inducão de uma admiração desmesurada por máquinas, conforme o complexo funcionamento dos computadores permanece incógnito.

(2) Estímulo para a ideia que máquinas dotadas de “inteligência artificial” podem em muitos casos ser mais perfeitas do que seres humanos.

(3) Cultivo de uma concepção materialista do mundo, com uma visão fatalística da humanidade e da vida, do tipo “tudo é previsível e programável”.

(4) Inclinação para uma estratégia de vida baseada na fé computacional de “dividir
para conquistar”, ou seja, subdividir sempre um problema em partes menores, a fim de
resolvê-las separadamente – o que resulta desastroso quando aplicado a seres humanos.

(5) Deterioração dos valores de sociabilidade, uma vez que os computadores são usados
individualmente e os contactos – via internet, blogues, skype, emails, etc. – permanecem sob a máscara cibernética.

(6) Provocação de impulsos tendentes a realizar tudo na vida rapidamente e com variadas acções em simultâneo.

(7) Debilitação das capacidades de concentração mental, contemplação e paciência.

(8) Degeneração da memória e distorção da capacidade do pensamento criativo, conforme deixa de ser necessário memorizar o que é facilmente arquivável em gigantescas memórias electrónicas.

(9) Incitamento à utopia de “aprender é fácil como brincar”, devido à generalizada concepção infantilóide (por adultos) dos softwares.

(10) Eventualmente degeneração de funções neurocerebrais, devido à constante exposição a campos electromagnéticos nas proximidades da cabeça.

(…)Apenas com estes breves dados, pais conscienciosos já estarão habilitados a repensar o uso pretendido para aparelhos electrónicos na educação das suas crianças em idade pré-pubertária. É útil também lembrar a autoridade que pais detêm em assuntos de educação, conforme está lapidarmente estabelecido em dois documentos internacionais fundamentais:

– A Declaração Universal dos Direitos Humanos, co-assinada por Portugal junto à ONU, estabelece no artigo 26/3: «Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos».

– A Convenção de Protecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, co-assinada por Portugal junto ao Conselho da Europa, estabelece no artigo 2 do protocolo: «O Estado, no exercício das funções que tem de assumir no campo da educação e do ensino, respeitará o direito dos pais a assegurar aquela educação e ensino consoante as suas convicções religiosas e filosóficas»."

Manuela Pinheiro em Jornal do Douro - 23 de Março de 2009

Diana Krall veio gravar em Lisboa


"A Quiet Night", Diana Krall ao vivo em Lisboa

"A cantora e pianista norte-americana esteve na capital portuguesa para gravar uma actuação especial de promoção ao novo álbum.
(...)"Quiet Nights" tem dez músicas, três delas clássicos brasileiros e quatro standards do jazz adaptados a bossa nova, uma inspiração que Diana Krall foi buscar à sua viagem ao Brasil no último ano."

Pedro Miguel Neves Expresso - Sábado, 28 de Mar de 2009

Pode apreciar os vídeos Quiet Nights, The boy from Ipanema, Walk on by, Este Seu olhar, You're my thrill no site do Expresso em exclusivo:
http://clix.expresso.pt/video_a_quiet_night_diana_krall_ao_vivo_em_lisboa=f504328
Também pode visitar o site oficial de Diana Krall:
http://dianakrall.com/default.aspx

A Geração "Magalhães"


"[...] Em contexto de sala de aula, os alunos ouvem música, recusam-se a tirar os fones e, muitas vezes, dançam e meneiam-se ao som da "batida sonora". Comem frequentemente e já aconteceu haver bolachas a "voar" entre carteiras. Com frequência, voam também correctores, canetas, bolas de papel, pedaços de borracha, aviões de papel, tudo o que dê para divertir. O barulho é excessivo, e cruza-se com risotas continuadas, que só excepcionalmente permitem que o professor se faça ouvir. A irresponsabilidade é total e estas atitudes "atraem" também a minoria que tenta ouvir alguma coisa. A linguagem é obscena, desbocada e até escatológica. De vez em quando sai um assobio. Alguns alunos usam as calças nas pernas, ficando com as cuecas à mostra. Quando se referem aos professores fazem-no com uma linguagem algo imprópria e desrespeitadora. As conversas da aula (entre eles) são por vezes sobre assuntos desviantes e os interesses são totalmente divergentes dos da escola. Raras vezes há mais do que dois ou três alunos a ouvir o que o professor diz. A maioria passa as coisas do quadro para o caderno, de modo automático, sem interiorizar o que está a escrever, porque está a ouvir música em simultâneo. Frequentemente os professores das salas contíguas batem na parede tal é o barulho por eles provocado e também assistem com frequência aos seus desacatos. Mesmo autorizados a fazer os testes com consulta, os resultados foram fraquíssimos. Quando chamados à responsabilidade, a culpa é dos professores, não ajudam nada, eles é que são vítimas da injustiça. Quando são repreendidos "não fizeram nada"... "estão a ser perseguidos"... "o professor está ali só para os lixar" e portanto "vão ao Conselho [Executivo]".

Texto publicado em The Braganza Mothers e A Sinistra Ministra, 27 de Março de 2009

Comentário: Trata-se de um relato verídico do que se passa numa Escola de Lisboa.
A continuarmos assim, qualquer dia destes acabamos a enfrentar uma situação como as da Alemanha e da Finlândia ou dos EUA. Não estamos livres de os meninos passarem do palavreado aos actos. Com o apoio de algumas mães e avós...

Afinal, havia outro...


"Afinal, havia outro... Fritzl

Italiano violou e raptou filha durante 25 anos

Havia um novo monstro à solta, mas desta vez em Itália. Um homem foi preso, em Turim, por ter sequestrado e violado a sua filha durante 25 anos

A filha, agora com 34 anos de idade, estava fechada numa sala sem ver a luz do sol desde os 13 anos. Depois de a ter obrigado a abandonar a escola o pai impôs-lhe, ainda, uma proibição... não sair de casa sem estar acompanhada por ele ou pelo irmão.
Como se já não bastassem as atrocidades que cometeu ao longo de 25 anos, este homem fez, ainda, questão de ir incitando o seu filho, de 40 anos, a fazer o mesmo com as suas quatro filhas, com idades entre os 6 e os 20 anos. Resultado: este também acabou detido por suspeita de violação."

Fonte:SIC/Visão.pt, 16:01 Sexta-feira, 27 de Mar de 2009

Comentário:
Na minha opinião, estes dois casos configuram aquilo a que os especialistas chamam Sociopatas.

Este distúrbio da personalidade é chamado em França "insanité sans délire" (insanidade sem delírio) e na Alemanha "insanidade moral".
O termo descreve indivíduos com marcado egocentrismo que não têm deferência normal pelas outras pessoas, manipulando-as para atingir seus objectivos.
As suas armas tanto podem ser o charme e a sedução, como a intimidação e a violência, usadas progressivamente, de modo cada vez menos subtil, no caso de as outras pessoas não se comportarem da maneira como o sociopata quer.
Existem graus muito variados de distúrbio de personalidade, que vão desde a pessoa considerada apenas "chata", "inconveniente", "patologicamente egocêntrica", até os casos de violadores e assassinos em série, passando por viciados, traficantes e sequestradores, todos eles muito pouco preocupados com o bem-estar da sociedade.
Algumas pessoas consideram, erroneamente, este distúrbio de personalidade apenas como doença, quando, na verdade, ele é bem mais próximo do conceito mais puro de "crime", pois o sociopata tem plena consciência e entendimento dos erros que comete.
Os filhos dos sociopatas são as suas maiores vítimas, condenados a uma vida de sofrimento, violência, privação e punição injustificada e continuada.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo, esses pais sociopatas são capazes de exibir, para a sociedade, uma perfeita imagem de pais dedicados e zelosos para com seus filhos, assim como de bons e pacatos cidadãos, exemplarmente cumpridores.
Toda esta falsa imagem tem sido descrita como socialmente convincente, sendo os mais hábeis capazes até de enganar juízes experimentados.
Do meu ponto de vista os dois casos, tanto o de Josef Fritzl, como o deste italiano encaixam perfeitamente neste quadro comportamental e representam um enorme perigo social e familiar.


Ilustração: Gustavo Fernandes-Liberdade contida

Música apaziguadora - The Corrs

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dia Mundial do Teatro


Foto: The Three Muses - Teatro Nacional de Vilnius - Lituânia
Este ano Vilnius é a capital europeia da Cultura

Dilúvio legislativo do ME


Os números pesquisados pelo Manuel António Pina e comentados pelo Ramiro Marques são muito interessantes e dignos de registo.
Vejam com atenção e pasmem.

Alguma semelhança com a burocracia de Estaline é pura coincidência...

A escola está a ser destruída por um dilúvio de leis, decretos, portarias e despachos

"Há quem lhe chame incontinência legislativa. Outros, menos brandos, chamam-lhe diarreia legislativa. Eu chamo-lhe um dilúvio que esmaga as escolas, seca a criatividade e mata o entusiasmo. Não houve ministro de educação que produzisse tantos diplomas como Maria de Lurdes Rodrigues. Não fiz as contas e julgo que ninguém as fez, mas estou quase certo que, de 1986 a 2009, foram aprovados mais diplomas do que durante 166 anos (de 1820 a 1986). De 1820 a 1900, foram aprovados pelo Ministério da Educação 29 diplomas. De 1900 a 1974, o ME publicou cerca de 500 diplomas. De 1974 a 1986, um pouco mais de 900 diplomas. De 1986 a 2009, milhares de diplomas. Mas o quadriénio mais prolixo em legislação sobre as escolas foi o período de 2005 a 2009. Um Inferno legislativo. Um dilúvio. Os PCEs/Directores passam cada vez mais tempo a ler, a interpretar, a discutir, a pedir esclarecimentos e a litigar sobre o dilúvio legislativo que tombou sobre as escolas e os professores. Se o próximo Governo tiver um ministro da educação sensato, pedirá ao primeiro-ministro e à Assembleia da República a aprovação de uma única lei sobre educação: um diploma a revogar toda a legislação produzida nos últimos quatro anos."

Ramiro Marques, ProfAvaliação, 27 de março de 2009

Revista "Lancet" quer que Papa se retracte das declarações sobre o uso do preservativo


"A revista "Lancet", uma das mais conceituadas publicações médicas do mundo, acusou o Papa de ter distorcido as provas científicas sobre o uso dos preservativos, exigindo mesmo que Bento XVI se retracte das polémicas declarações proferidas durante a visita que fez a África na semana passada.

Ao iniciar o périplo pelo continente africano, Bento XVI sustentara que a “tragédia [da sida] não pode ser vencida apenas com dinheiro, nem pode ser vencida com a distribuição de preservativos que podem até aumentar o problema”. Na edição de hoje, a revista "The Lancet", em editorial, denuncia que o Papa “distorceu publicamente os dados científicos com o propósito de promover a doutrina da Igreja sobre este assunto”.

“Não é claro se o erro do Papa se deveu à ignorância ou a uma tentativa deliberada de manipular a ciência”, avaliava a publicação, acusando ainda o Vaticano de “tentar dar a volta às palavras do Papa, alterando ainda mais a verdade”.

Por isso, a revista médica quer de Bento XVI uma correcção pública da polémica afirmação: “Quando uma pessoa com tal influência, seja uma figura religiosa ou política, faz uma declaração científica falsa que pode ter consequências devastadoras, deve retractar-se ou corrigir publicamente aquilo que foi dito. Menos do que isso vindo do Papa seria um péssimo serviço ao público".

Público.Pt, 27.03.2009 - 09h36 AFP

Contra a Escola-Armazém - Daniel Sampaio


"Merece toda a atenção a proposta de escola a tempo inteiro (das 7h30 às 19h30?), formulada pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap). Percebe-se o ponto de vista dos proponentes: como ambos os progenitores trabalham o dia inteiro, será melhor deixar as crianças na escola do que sozinhas em casa ou sem controlo na rua, porque a escola ainda é um território com relativa segurança.
Compreende-se também a dificuldade de muitos pais em assegurarem um transporte dos filhos a horas convenientes, sobretudo nas zonas urbanas: com o trânsito caótico e o patrão a pressionar para que não saiam cedo, será melhor trabalhar um pouco mais e ir buscar os filhos mais tarde.
Ao contrário do que parecia em declarações minhas mal transcritas no PÚBLICO de 7 de Fevereiro, eu não creio à partida que será muito mau para os alunos ficar tanto tempo na escola. Quando citei o filme Paranoid Park, de Gus von Sant, pretendia apenas chamar a atenção para tantas crianças que, na escola e em casa, não conseguem consolidar laços afectivos profundos com adultos, por falta de disponibilidade destes. É que não consigo conceber um desenvolvimento da personalidade sem um conjunto de identificações com figuras de referência, nos diversos territórios onde os mais novos se movem.

O meu argumento é outro: não estaremos a remediar à pressa um mal-estar civilizacional, pedindo aos professores (mais uma vez...) que substituam a família? Se os pais têm maus horários, não deveriam reivindicar melhores condições de trabalho, que passassem, por exemplo, pelo encurtamento da hora do almoço, de modo a poderem chegar mais cedo, a tempo de estar com os filhos? Não deveria ser esse um projecto de luta das associações de pais?

Importa também reflectir sobre as funções da escola. Temos na cabeça um modelo escolar muito virado para a transmissão concreta de conhecimentos, mas a escola actual é uma segunda casa e os professores, na sua grande maioria, não fazem só a instrução dos alunos, são agentes decisivos para o seu bem-estar: perante a indisponibilidade de muitos pais e face a famílias sem coesão onde não é rara a doença mental, são os promotores (tantas vezes únicos!) das regras de relacionamento interpessoal e dos valores éticos fundamentais para a sobrevivência dos mais novos. Perante o caos ou o vazio de muitas casas, os docentes, tantas vezes sem condições e submersos pela burocracia ministerial, acabam por conseguir guiar os estudantes na compreensão do mundo. A escola já não é, portanto, apenas um local onde se dá instrução, é um território crucial para a socialização e educação (no sentido amplo) dos nossos jovens.
Daqui decorre que, como já se pediu muito à escola e aos professores, não se pode pedir mais: é tempo de reflectirmos sobre o que de facto lá se passa, em vez de ampliarmos as funções dos estabelecimentos de ensino, numa direcção desconhecida. Por isso entendo que a proposta de alargar o tempo passado na escola não está no caminho certo, porque arriscamos transformá-la num armazém de crianças, com os pais a pensar cada vez mais na sua vida profissional.

A nível da família, constato muitas vezes uma diminuição do prazer dos adultos no convívio com as crianças: vejo pais exaustos, desejosos de que os filhos se deitem depressa, ou pelo menos com esperança de que as diversas amas electrónicas os mantenham em sossego durante muito tempo. Também aqui se impõe uma reflexão sobre o significado actual da vida em família: para mim, ensinado pela Psicologia e Psiquiatria que é fundamental a vinculação de uma criança a um adulto seguro e disponível, não faz sentido aceitar que esse desígnio possa alguma vez ser bem substituído por uma instituição como a escola, por melhor que ela seja.
Gostaria, pois, que os pais se unissem para reivindicar mais tempo junto dos filhos depois do seu nascimento, que fizessem pressão nas autarquias para a organização de uma rede eficiente de transportes escolares, ou que sensibilizassem o mundo empresarial para horários com a necessária rentabilidade, mas mais compatíveis com a educação dos filhos e com a vida em família.

Aos professores, depois de um ano de grande desgaste emocional, conviria que não aceitassem mais esta "proletarização" do seu desempenho: é que passar filmes para os meninos depois de tantas aulas dadas - como foi sugerido pelos autores da proposta que agora comento - não parece muito gratificante e contribuirá, mais uma vez, para a sua sobrecarga e para a desresponsabilização dos pais."

Daniel Sampaio. "Contra a escola-armazém". Público: 15.Fev.2009
Cartoon de Antero Valério , via Anterozóide

Consulta e Parecer do Dr. Garcia Pereira sobre o Novo Modelo de Gestão Escolar


Vira o disco e toca a mesma. Já vimos este filme no respeitante aos normativos legais que regem a Avaliação de Desempenho Docente: Decretos Regulamentares a pretender ilegalmente alterar Decretos/Lei e inconstitucionalidades várias.
Agora, o Dr. Garcia Pereira procedeu a uma outra fase do estudo e emitiu um parecer sobre o novo modelo de Gestão Escolar e tornou a encontrar incongruências, pois o modelo não está de acordo com o previsto na Lei de Bases do Sistema Educativo.

Transcrevo as questões que foram colocadas na consulta para posterior estudo e um excerto do respectivo parecer.


A Consulta ao Dr. Garcia Pereira sobre Gestão Escolar

"As questões colocadas pelo Grupo de Professores que nos consultou podem, no essencial, sintetizar-se da seguinte forma:
1ª Como é que uma “eleição” (do novo órgão “Director”) pode decorrer de, ou com, um processo dito “concursal” com análise curricular?
2ª Até que ponto quem participa nessa escolha pode ser alguém “exterior” aos elementos definidos no nº 4 do artigo 48º da LBSE?
3ª Até que ponto quem, de entre os docentes, escolhe o Director não tem afinal um interesse directo nessa escolha, visto que o futuro Director será o avaliador supremo na Escola/Agrupamento, logo dos próprios elementos do Conselho Geral Transitório?
4ª Sendo o futuro Director alguém não necessariamente professor titular, como se compatibiliza isso com o modelo de avaliação em que ele será o avaliador de todos os elementos da escola, quando é exigido que os avaliadores sejam necessariamente docentes com mais tempo de carreira do que os avaliados?"

Parecer de Garcia Pereira Sobre O Modelo De Gestão Escolar - Excerto

"Significa tudo quanto antecede que temos hoje, por força do já diversas vezes citado Decreto-Lei nº 75/2008, um singular, confuso e híbrido sistema que não é (nem poderia ser, face aos já indicados princípios básicos constantes da Lei Geral) concursal, sendo certo que, desde que todos possuam os requisitos mínimos estatuídos nos nºs 3 e 4 do respectivo artigo 21º, o Conselho Geral pode vir a eleger o menos qualificado deles, visto que, como resulta patente dos artigos 22º e 23º, não apenas o relatório de avaliação de candidaturas não tem qualquer carácter vinculativo como o referido Conselho Geral não está, sequer, obrigado ou vinculado a escolher o melhor ou o mais qualificado dos “candidatos”!
Mas também não é verdadeiramente electivo pois, conforme se assinalou já e ao contrário do que resulta dos princípios gerais da Lei de Bases, maxime o seu artigo 46º, nº 4, o dito Director não é designado por eleição directa dos membros da comunidade escolar, como o seu mandato não apenas pode ser renovado sem nova eleição, como também pode cessar, a requerimento do interessado, por mero despacho do Director Regional de Educação (a quem também compete homologar os respectivos resultados eleitorais), ou seja, de um cargo de confiança política governamental.
Acontece porém ainda que, tal como decorre do artigo 21º, o Director pode ser afinal alguém absolutamente exterior à Escola - o que em nosso entender também contraria claramente o mesmo nº 4 do artigo 48º da Lei de Bases, pois que este preceito claramente estipula e obriga a que a direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos seja assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes dos professores, dos alunos e do pessoal não docente, o que obviamente só pode significar que os titulares dos ditos órgãos são eleitos directamente pelos professores (e também pelos alunos e pelo pessoal não docente) - e pode até ser exterior ao próprio ensino público, tudo isto enquanto o Sub-Director que substitua aquele nas suas faltas ou impedimentos e em quem aquele pode delegar quaisquer usos das suas amplas competências já o não pode ser, não se alcançando de todo a ratio desta diferença de regras.
Temos assim que o Decreto-Lei nº 75/2008 veio criar um órgão unipessoal não verdadeiramente electivo, escolhido por um órgão colegial restrito onde estão representados elementos que não os previstos no artigo 48º, nº 4 da LBSE, e reconduzível sem novas eleições, podendo ser ocupado por pessoa inteiramente estranha à Escola ou agrupamento de escolas e até ao ensino público, e com amplíssimas atribuições e competências, entre as quais as já citadas de designar os coordenadores da escola, os coordenadores dos departamentos curriculares e os Directores de Turma, de distribuir o serviço docente e não docente, de proceder à selecção de pessoal docente e não docente, de exercer o poder hierárquico em relação a ele, de proceder à selecção e recrutamento de pessoal docente e de intervir no respectivo processo de avaliação!"

Posted by Paulo Guinote in A Educação do Meu Umbigo, 27 de Março de 2009 Gestão, Parecer

quinta-feira, 26 de março de 2009

Incertezas e perplexidades

"Vou continuar a procurar a minha forma o meu lugar..."
Estou Além - António Variações
Um hino à incerteza e perplexidade inerente à busca e à vontade de mudança.
Uma alegoria em época de Concursos.

Ministra da Educação volta às ameaças


Transcrevo o resumo do Público sobre a visita de Maria de Lurdes Rodrigues à Assembleia da República para prestar esclarecimentos sobre as consequências da não entrega dos objectivos individuais.
Mais uma vez, como esta equipa nos tem vindo a habituar, a linguagem foi do mais profundo desprezo pela classe docente.


Ministério afirma que sem objectivos individuais não há avaliação de professores

O Ministério da Educação garantiu hoje que, sem objectivos individuais, os professores não são avaliados nem progridem na carreira, e remeteu para os conselhos executivos eventuais processos disciplinares pelo incumprimento daquele procedimento do processo de avaliação de desempenho.

“Sem fixação de objectivos individuais não há avaliação, não há progressão na carreira e o tempo de serviço não é contado para efeitos de concurso. Isto é absolutamente claro, não é controverso”, afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, numa audição no Parlamento, na sequência de um agendamento potestativo do PSD.

Na Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República, o deputado social-democrata Pedro Duarte questionou o Governo sobre se considera “justo e razoável” que, no caso de dois professores que não entregaram os seus objectivos individuais, um seja substituído pelo conselho executivo nessa função e outro seja alvo de um processo disciplinar.

“O que disse em relação à não entrega dos objectivos individuais pode acontecer com qualquer outra infracção que seja disciplinarmente punível. Pode acontecer que um comportamento seja disciplinarmente punido numa escola e noutra não. Isso recai no âmbito da relação hierárquica [entre presidente do Conselho Executivo e avaliado] e no juízo de oportunidade que está na esfera da autonomia das escolas”, acrescentou Jorge Pedreira.

“Dificuldades” de interpretação

Para o PCP, a questão dos objectivos individuais espelha “as dificuldades” que o Ministério da Educação tem com a legislação por si produzida e a interpretação que faz dela.

“O Ministério tenta transformar os conselhos executivos nos carrascos da política ministerial. As intenções do Ministério não têm enquadramento legal”, acusou o deputado comunista João Oliveira.

Pelo CDS-PP, Diogo Feyo sublinhou a “enormíssima instabilidade” que o processo de avaliação de desempenho está a provocar nas escolas e questionou se o Governo está “disponível para contribuir com soluções” que tragam tranquilidade aos estabelecimentos de ensino ainda no terceiro período.

Para Ana Drago, do Bloco de Esquerda, o Governo continua a dar respostas “absolutamente irresponsáveis” em relação a este tema.

“Dizer que está tudo na lei não é verdade. Até as orientações da Direcção-Geral de Recursos Humanos da Educação são contraditórias com o que diz o Ministério”, afirmou a deputada, sublinhando que os conselhos executivos, nas notificações aos professores, apresentam consequências diferentes de escola para escola.

Ministra pôs secretários de Estado a responder

“A oposição está preocupada com os que não cumprem. Com o que vai acontecer aos coitadinhos que não cumprem a lei”, ironizou o secretário de Estado Adjunto e da Educação, acusando a oposição de “irresponsabilidade terrível” ao “induzir” nos professores que as consequências não estão previstas na lei.

Numa audição em que a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, remeteu a maior parte das respostas para os seus secretários de Estado, os partidos da oposição e os dois deputados não inscritos desafiaram o Governo a indicar em que artigos está definida, por exemplo, a obrigatoriedade da entrega dos objectivos individuais, as consequências da não entrega e a possibilidade de processos disciplinares.

“Face à incapacidade dos deputados, importar-se-ia de ler o artigo da lei que torna obrigatório a entrega dos objectivos individuais. E o artigo que diz que o conselho executivo pode substituir o professor na realização desse procedimento”, pediu, por exemplo, a deputada Luísa Mesquita, sem obter resposta.

“Que avaliação política faz deste processo? Considera que houve erros de abordagem de natureza política e técnica?”, perguntou José Paulo Carvalho.

Na única vez em que se debruçou sobre a avaliação de desempenho, Maria de Lurdes Rodrigues referiu que, apesar de “todas as dificuldades, enorme resistência e incompreensão”, o processo está a decorrer “com grande normalidade”.

PÚBLICO/Lusa-25.03.2009-15h16

quarta-feira, 25 de março de 2009

Concurso de Professores 2009


Depois de duas alterações no Manual de Instruções da Candidatura, é preciso meia dúzia de pares de olhos para verificar se tudo bate certo. E não é fácil. Cuidado!

terça-feira, 24 de março de 2009

Primeira-dama de França no museu de cera


Carla Bruni a caminho do museu de cera

"A primeira-dama francesa terá, ainda este ano, a sua imagem no Museu Grevin. Será colocada ao lado do seu marido, o Presidente Sarkozy, numa sala dedicada aos Chefes de Estado."

EXPRESSO TV - Terça-feira, 24 de Mar de 2009 16:51

Fábula: o rei e o seu povo


«Um rei conduzia o seu povo, nómada, famélico, desesperado, para uma ilha verdejante e fértil que conhecia. Para chegar à ilha havia que atravessar a pé enxuto uma língua de areia de muitas milhas, aproveitando a maré baixa. O percurso tinha de ser feito em exactamente uma hora, o tempo que durava o vau. Mas o povo tinha tanta fome que se foi atardando na recolha dos mariscos que abundavam na língua de areia. Bem bradou o rei e ameaçou e fez distribuir varadas e castigos: o povo não despegava de achar mariscos e comê-los logo ali, mesmo crus. Não tardou que a maré viesse impetuosa, à velocidade do galope de um cavalo. Os quinhentos e setenta e sete membros daquela caravana, que formavam todo o povo, pereceram afogados.
E depois? Olhem: chegou o rei sozinho à ilha e aí ficou rei sem povo.»

Mário de Carvalho, Fabulário

Comunicado de Rosário Gama


Transcrevo o Comunicado que Rosário Gama fez a esclarecer a posição tomada pelos 180 PCE na Reunião do Teatro Aberto no dia 21, porque não tenho qualquer motivo para não considerar verdadeiras as suas intenções e porque me parece uma pessoa honesta.
Não creio que os PCE pudessem ir muito mais longe neste processo.
Com todas as pressões e ameaças, mais ou menos veladas, exercidas pelo ME, considero que já é muito bom haver quem lhes resista e se recuse a tomar medidas punitivas ou discriminatórias contra os colegas dentro da Escola, continuando a assegurar um bom clima de trabalho e companheirismo.
Isto é independente das atitudes individuais que cada um decidiu tomar face a este modelo de avaliação, o que depende exclusivamente da sua consciência.
Os Presidentes dos Conselhos Executivos, por mais solidários que sejam com esta luta, não se podem substituir à responsabilidade de cada um de nós neste processo.
Sei que muitos irão achar a minha posição conciliadora, mas, por favor, disponham da caixa de comentários à vontade.

Mais abaixo encontram também a Declaração dos 180 PCE emitida após a reunião.

“Os colegas que têm interpretado a posição dos PCEs como um recuo não têm razão pois o princípio fundamental mantém-se: a recusa deste modelo de avaliação, expresso quer pelo decreto regulamentar 2/2008, quer pelo 1-A/2009. Esta posição tem estado patente em todos os encontros e é a matriz que nos tem conduzido às diferentes posições que temos vindo a assumir. Não sejamos utópicos: aquilo que os professores ainda não conseguiram (suspensão do modelo) nem com as manifestações, nem com as greves, nem com a recusa de entrega dos objectivos, eram os 180 PCEs que iam conseguir? Em algumas das Escolas que gerimos, foram muitos os colegas, que apesar de terem assinado todas as moções e de terem feito greve, entregaram os objectivos, mesmo sabendo que da nossa parte não havia qualquer intimidação nesse sentido. Não nos armamos em protectores dos nossos colegas professores. Estamos disponíveis para agir em conformidade com o que, em cada escola, cada professor decida: não entregaram os objectivos, foram coerentes, manifestaram o seu desacordo com este modelo de avaliação. A partir de agora, esses que não entregaram os objectivos têm duas opções: ou entregam a ficha de auto-avaliação (ou relatório reflexivo ou o que quiserem chamar) ou não entregam. Mas isso é com cada professor. Nós só reafirmamos que não estamos disponíveis para accionar mecanismos punitivos contra os nossos colegas que não entregaram os objectivos. Será que é tão dificil entender isto? Ou os detractores deste movimento de PCEs queriam a passividade e a aceitação pela nossa parte de todos os documentos emanados da DGRHE que ultrapassam os próprios normativos legais e que propõem esses mecanismos punitivos?

Também é importante esclarecer que os PCEs, reunidos pela 3ª vez, não querem apresentar qualquer novo modelo de avaliação. Querem dar contributos para que o novo modelo, que venha a ser negociado (esperemos), parta de princípios que consideramos fundamentais, nomeadamente a revisão do estatuto da carreira docente a fim de se acabar com a "titularidade" e outros, que são do consenso de quem partilha as preocupações expressas pela maioria da classe docente, evidenciada nas duas grandes manifestações de Março e Novembro de 2008.
Relativamente aos porta-vozes dos Encontros, foi uma opção nossa para diversificar a comunicação e para todos perceberem que não estamos unidos por qualquer matriz ideológica (como muitos comentários querem fazer crer, principalmente no que me diz respeito) mas por um interesse comum: defesa da Escola Pública. Com críticas ou sem elas teremos novos Encontros, o próximo será no Porto em data a marcar.”

Rosário Gama

Alunos do CEF sentem-se enganados pelo Ministério da Educação


"Quando se inscreveram, há dois anos, nos cursos de Educação e Formação (CEF), os cerca de 50 mil alunos afirmam que receberam a garantia de que teriam as mesmas condições que os estudantes dos cursos regulares para fazerem o exame nacional de acesso à universidade. O problema é que os alunos do CEF descobriram que as matérias que dão, nada têm nada a ver com o exame nacional.
O número de alunos dos CEF que vão seguir para a universidade é ainda indefinido porque vão ser submetidos a exames nacionais com matérias que nunca deram e contrariando o que lhes foi dito inicialmente.
As queixas seguem para os Conselhos Executivos, que garantem que nunca deram essa informação.
«Vamos para os exames com matérias que nunca demos e vamos ter que estudar sozinhos», refere uma aluna do CEF.
Também os professores consideram que a escolha dos conteúdos programáticos não foram os mais acertados.
«Há uma falta de adequação dos contéudos programáticos para alunos que queiram candidatar-se à universidade. Especificamente em relação à disciplina de Matemática não há compatibilidade entre o ensino do CEF e o que lhes vai ser exigido no exame»
A professora sublinha ainda que dificilmente os alunos que se submeterem ao exame de acesso à universidade vão conseguir ter êxito.
No entanto, o secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, desvaloriza esta preocupação referindo que «o professor não está lá para ser explicador dos alunos para os exames».
Valter Lemos recusa ainda responsabilidades e garante que as escolas sabiam que estes cursos tinham regras diferentes e deviam ter avisado os alunos.
«Um aluno que vai fazer por exemplo um CEF em hotelaria, que existe para formar um técnico de hotelaria, o que deve ser ensinado nesse curso é o que é preciso ser aprendido para ser um técnico de hotelaria», exemplificou.
«No final desse curso, o aluno quer candidatar-se ao ensino superior. Vê quais os requisitos que a universidade pede, tal e qual como outro aluno», concluiu.
Deste modo, as alternativas para estes alunos são arriscar fazer um exame com matérias que nunca leccionaram ou regressar ao 11º ano."

João Janes TSF - 23 de Março às 17:42

Estudantes saem hoje à rua para pedir o fim de Bolonha, das propinas e dos exames nacionais


"Um pouco por todo o país, os estudantes do ensino básico, secundário e superior saem hoje à rua para, a propósito do Dia do Estudante, focalizarem as atenções nos problemas que os afectam. Desde os levantados pelo processo de Bolonha ao abandono motivado por razões financeiras, no caso do superior; passando pela reivindicação do fim dos exames nacionais e do estatuto do aluno, no caso do secundário.

Em Lisboa, não se prevê nenhum caos como o gerado na passada semana pela contestação dos estudantes de Barcelona ao Processo de Bolonha mas, mesmo assim, alguns milhares de estudantes vão, a partir das 10h30, compor uma marcha de protesto desde o Largo de Camões até à Assembleia da República. Nos cartazes e nas palavras de ordem, o preço das propinas e Bolonha vão ser o denominador comum. "O processo de Bolonha criou um retrocesso muito grande no nosso sistema de ensino porque, ao encurtar os anos, limitou aquilo que é leccionado e contribuiu para transformar os alunos em carne para canhão e em meros executantes", criticou Fábio Vicente, representante dos alunos da Escola Superior de Tecnologia e Artes de Lisboa.

Acresce que, ainda por causa de Bolonha, os estudantes que queiram ir além dos três anos têm agora que pagar "dezenas de milhares de euros em mestrados ou pós-graduações", acrescentou Vicente, apontando ainda casos em que "as propinas aumentaram para os mil e tal euros, tornando impossível a muitas famílias arcar com essa despesa".

Em Coimbra, o presidente da associação académica, Jorge Serrote, concorda que o sistema de bolsas não tem sido capaz de responder "ao aumento estrondoso" dos pedidos de apoio. "Conheço estudantes cujos pais ficaram desempregados e que ficaram sem condições de prosseguir os estudos", disse Serrote, segundo o qual a alteração das regras técnicas na atribuição de bolsas "fez com que muitos estudantes tenham perdido a bolsa ou descido de escalão". Por causa disso, a Associação Académica de Coimbra promoveu, sexta-feira, uma "manif" que juntou 150 estudantes de cara tapada. Hoje, a iniciativa é diferente: "Vamos fazer um 'jogo das cadeiras' gigante que é uma analogia relativamente à saída dos estudantes dos órgãos de gestão da universidade", explicou Serrote. O jogo começa às 12h30, na Praça 8 de Maio.

Duas horas e meia antes, em Évora, os estudantes universitários vão concentrar-se na Praça do Giraldo, seguindo em manifestação até ao Governo Civil, onde entregarão um abaixo-assinado a exigir o fim das propinas e de Bolonha, além de uma maior participação dos estudantes nos órgãos da universidade.

No Porto, os estudantes das faculdades de Letras e de Engenharia da Universidade do Porto marcaram concentrações às portas dos estabelecimentos.

Ao nível do básico e do secundário, os estudantes vão concentrar-se nos Aliados, a partir das 9h30, seguindo depois até às instalações da Direcção Regional de Educação do Norte. Na lista de reivindicações cabem o fim do estatuto do aluno, a revogação do novo regime jurídico das escolas e a implementação da educação sexual. Ao PÚBLICO, Nicole Santos, representante dos estudantes, pediu ainda o fim dos exames nacionais. "São uma barreira no acesso ao ensino superior e vão contra o princípio da avaliação contínua", criticou."

Natália Faria - Público - 24.03.2009 - 08h29

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Casa Térrea


"Que a arte não se torne para ti a compensação daquilo que não soubeste ser

Que não seja transferência nem refúgio
Nem deixes que o poema te adie ou divida: mas que seja
A verdade do teu inteiro estar terrestre

Então construirás a tua casa na planície costeira
A meia distância entre a montanha e o mar
Construirás - como se diz - a casa térrea -
Construirás a partir do fundamento."

Sophia de Mello Breyner Andresen, Obra Poética

As árvores nossas amigas

Antes da Aurora


"E os cavalos desmoronaram o horizonte,
ecos a escorrer úmidos por pedras basilares,
e silvaram, a cortar a madrugada,
agrestes palavras, e bárbaras,
a antecipar-lhe as vozes sibilantes.

A rainha, calva, movia em dificuldades
a língua tensa, entre seixos de ouro
que na boca lhe rolavam,
e todos em seu redor se comprimiam,
madrugada vermelha e escura,
silenciosa a rumor de pedras lançadas.

E, entre o relinchar feroz dos corcéis
e a amarela dança premonitória
e os sacerdotes violentos de presságios,
a rainha, eleita e devorada,
a futura mãe carnívora,
tranças louras d'uma história sincopada,
ensaiava recuperar a voz do Sol,
pedras de ouro p'la boca,
frémito cru, e temeroso,
de que tal demência a arder do astro
se volvesse eterna, enfim, e fatal.

E agitava-se emudecida,
transportada em revoada,
corcéis inquietos e trepidantes,
povo de antes da aurora
a galopar por anteontem de Tróia,
a espezinhar ervas em Atenas, amanhã,
e a galgar, por entre gritos,
o Mar aberto de referências,
a singrar no que Tartessos será
e Roma se chamará, futura,
ávidos de manhãs serenas, em aflições já hoje pressentidas,
línguas rudes a ter de articular
em auroras inquietas, e loucas, e imprevisíveis,
as antenascidas antiguidades."

Luís Alves da Costa, Música Arcaica, 1992

Declaração dos PCE reunidos no Teatro Aberto


Transcreve-se na íntegra a Declaração elaborada na Reunião de PCE no dia 21 de Março:

“Os 180 PCEs reunidos, em Lisboa, no dia 21/3/2008, aprovaram por unanimidade a seguinte resolução:
Os Presidentes dos Conselhos Executivos reunidos em Lisboa, continuam a manifestar a sua preocupação na defesa da Escola Pública.
A não suspensão do modelo em vigor, proposta em ocasiões anteriores é susceptível de inviabilizar, no espaço da actual legislatura, a construção de um sistema de avaliação de desempenho docente digno e justo.
Conforme assinalámos a seu tempo, a aplicação em curso do modelo de avaliação esgota-se num conjunto de procedimentos de natureza administrativa que não cumprem os princípios e finalidades da avaliação do desempenho dos docentes.
As objecções e as reservas anteriormente manifestadas em relação ao modelo de avaliação estão, assim, a ser confirmadas na prática.
Neste quadro de análise, a leitura da legislação no que respeita à entrega dos objectivos individuais, determina a recusa, pelos Presidentes dos Conselhos Executivos, da adopção de medidas arbitrárias que possam, de alguma forma, penalizar os docentes.
Os Presidentes dos Conselhos Executivos aqui presentes reafirmam a sua total disponibilidade para contribuir na construção de soluções de avaliação do desempenho docente sérias, credíveis e justas.
Por considerarem importante promover a uniformização de medidas – já de si ferida pela adopção diferenciada de procedimentos nos Açores e na Madeira – entendem ser indispensável divulgar e fazer subscrever junto de todas as escolas do País a posição aqui assumida.”

domingo, 22 de março de 2009

Nostalgia de John Lennon


"Life is what happens while you're busy making other plans".

A 20 de Março de 1969 John Lennon e Yoko Ono casavam em Gibraltar, tornando-se num dos mais polémicos casais de artistas do século XX.

Arquitectura contemporânea de encher a vista 2





1.Walt Disney Concert Hall, Los Angeles, de autoria de Frank Ghery.
2.Museu Guggenheim em Bilbao, também de Frank Ghery.
3.Museu da Porsche na cidade alemã de Zuffenhausen, próximo de Stutgart.
4.Casa da Música no Porto.

Da Reunião dos PCE ontem em Lisboa


Avaliação de professores: 180 escolas não penalizam docentes que recusem entregar objectivos

Cerca de 180 presidentes de conselhos executivos debateram a avaliação dos professores e definiram princípios para criar uma associação de dirigentes de escolas públicas, reafirmando que a lei não os obriga a penalizar docentes que recusem entregar os objectivos.

Fernando Elias, um dos porta-vozes do grupo e professor do agrupamento de Escolas de Colmeia, em Leiria, disse à Lusa que o encontro em Lisboa reuniu 180 pessoas, de um conjunto de 1200 presidentes de conselhos executivos.

Desta reunião saiu o entendimento de que a legislação actual “não permite que os conselhos executivos possam praticar medidas que penalizem os docentes” caso estes não entreguem os objectivos.

“Nada na lei obriga à entrega de objectivos”, continuou o professor. Por isso, “não estamos obrigados a aplicar medidas” penalizadoras sobre os professores que não o façam, acrescentou.

Grupo vai estudar propostas de avaliação

Adiando para mais tarde a criação de uma associação nacional de dirigentes de escolas públicas, Fernando Elias disse que foram explicitados hoje os princípios dessa associação e que foi criada uma equipa para estudar propostas na área de um modelo de avaliação para a escola pública.

“Não representamos um movimento de rebelião, mas sim de disponibilidade” para criar uma melhor escola pública, afirmou o mesmo porta-voz, chamando a atenção para o facto de o grupo não representar “nenhum movimento político-partidário”.

“Continuamos a achar que a melhor solução teria sido suspender o modelo de avaliação”, afirmou, notando que “não se antevê que na actual legislatura se consiga implementar o modelo”. Esse modelo é de cariz “meramente administrativa”, descuidando a componente pedagógica, frisou Fernando Elias.

Os representantes deste grupo de professores, que promoveram outros dois encontros nos últimos meses, já foram recebidos pela ministra da Educação, a quem pediram a suspensão da avaliação docente."

Público/Lusa - 21.03.2009 - 21h47