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domingo, 22 de dezembro de 2013

Postal de Natal a preto e branco

(c) Sebastião Salgado
Desconheço o nome desta fotografia espantosa, mas chamei-lhe Natal a preto e branco. É o que sinto este ano. Espero que o vosso seja bem mais colorido. 
Cores e brilhos de várias tonalidades para dar alegria à casa e compensar alguma da falta de luz que nos rodeia.
Obrigada por visitarem estas páginas. 
Sejam felizes em 2014.

sábado, 14 de dezembro de 2013

António, guardador de sonhos

Composição gráfica de Luís Diferr

Contigo me habituei a entrar para dentro da tela e sonhar acordada, com heróis, fadas e anões, animais que falavam, imperatrizes, reis e soldados que escreveram a História com glórias e paixões ou feitos valorosos.
Até nas infantis brincadeiras, o Cinema era o nosso cenário preferencial: o Mabé era o cowboy, eu a rapariga e tu o nosso cavalo bom. Às tuas cavalitas percorríamos montes, vales e ribeiras, atrás dos Índios ou a fugir deles. As tropelias acabavam sempre com os três no chão do quarto de brincar, contigo exausto, nós felizes e perdidos de riso.
Contigo aprendi a amar a arte, a magia, a fantasia do Cinema. Contigo aprendi a ver, intuir e ler nas entrelinhas, captar a expressão dos olhares, os subentendidos que, num tempo de trevas e medo, me ensinaste a compreender.
Aprendi a imitar a beleza singela, mas também a apreciar a altivez feminina, orgulhosa, das divas do Cinema que o glamour de Hollywood soube tão bem cultivar.
Mas também sofri com os dias a preto e branco dos tenebrosos anos da Itália do pós-guerra ou dos dramas passionais de Rossellini. Amei com Gianni Morandi, chorei com Lara e Jivago, dancei com Rita Pavone, aprendi o que era a subtileza das expressões com James Bond, a elegância discreta com Ursula Andress, o gosto pelas viagens com David Lean… e sei lá, tantas outras coisas!
Entretanto, tu que adoravas Virgínia Mayo e Erroll Flynn, tornavas-te num verdadeiro espadachim pela difusão da Cultura, um Robin Hood da 7ª Arte, levando generosamente sonhos, evasão e fantasias a povos isolados e ingénuos, quantas vezes circunscritos aos horizontes de um quotidiano opressor.
Obrigada, Pai, pela tua luta, pela tua tenacidade, a que alguns chamam teimosia e eu chamo persistência. Aquela persistência que só os que sabem ter razão conseguem levar por diante.
Valeu a pena teres sido um guardador de sonhos durante estes 50 anos. E parares, de vez em quando, para olhar a Lua ou fazer um verso.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dia Mundial dos Direitos Humanos

Este ano a Amnistia Internacional lançou uma campanha para que as pessoas escrevessem cartas massivamente às entidades responsáveis, com vista à libertação (ou reabilitação) de personalidades que estejam a ser, ou tenham sido, objeto de violação dos direitos humanos, em qualquer das suas formas. 
Um dos vários exemplos foi a birmanesa Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz, que ficou presa injustamente em casa durante vários anos e privada dos seus direitos de cidadania. 

So long, Madiba!

Nelson Mandela (1918-2013) Pintura de Olinda Gil

Se há personalidade que merece ser lembrada hoje, Dia Mundial dos Direitos Humanos, é Nelson Mandela. Desaparecido fisicamente na última quinta feira, este líder sul-africano tornou-se, de modo incontornável e para várias gerações, num símbolo mundial dos direitos humanos, não só pelo fim do Apartheid no seu país, mas também da luta pelos direitos de igualdade e cidadania para todos, independentemente da sua cor ou condição social. Preso durante quase 30 anos, nunca desistiu dos seus ideais, tendo sido um chefe de Estado negro respeitado e reconhecido internacionalmente como um exemplo de coragem e persistência.    

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Dia Internacional das Pessoas com Deficiência

Um gato muito especial


Sir Arthur Pippehouse The Second é um gato de sete vidas que desfia as suas memórias num livro encantador, escrito por Teresa Ximenez e publicado pela Chiado Editora.
"A Memória do Gato" marca uma incursão muito feliz da autora no género romance.


Arthur, o gato, narra com uma memória que atravessa gerações, a vida cheia de peripécias, paixões, desencontros e sofrimento de uma família, alternando com descrições feitas por algumas das personagens que lhe são mais próximas. 
A astúcia daquele gato tão especial, vem a revelar-se determinante na cumplicidade indispensável para resguardar certos segredos.


Entre a Inglaterra dos finais do século XIX até ao Portugal do salazarismo, passando pela Índia dos negócios do chá, a autora revela um grande conhecimento dos lugares, culturas e sentimentos destes personagens, tão humanos, sensíveis e sofridos, que parecem reais.

E mais não conto. Leiam o livro. 
Será certamente com prazer que o fazem. 
Parabéns Teresa, adorei o livro. 
Fico à espera do próximo romance.

domingo, 1 de dezembro de 2013

A Independência e a Restauração - texto de Carmela


Este senhor, que dá pelo nome de Miguel de Vasconcelos e a quem de nada valeu esconder-se num armário, acabou de ser defenestrado. Foi assim que se fez a Restauração e se proclamou a independência. Dantes era feriado, agora já não é - a independência anda pelas ruas da amargura e a restauração tem o IVA a 23%, salvo erro e, salvo erro, com tendência para subir; os vasconcelos é que não tendem a descer e as conjuras perdem-se inter-conjurados, com golpes palacianos em que se arrecadam as pratas, em vez de as atirarem pela janela. 

1º de Dezembro, apesar de já não ser feriado

Convém não deixar que nos apaguem as memórias de um país que sempre lutou pela sua independência.

Ver texto e imagem daqui