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terça-feira, 27 de maio de 2014

As voltas da Europa



Dos resultados das eleições europeias duas coisas saltam à vista: na França a subida, da extrema-direita, pela mão da família Le Pen; na Grécia, a vitória da Syriza, cujo líder é Alexis Tsipras.  
Se o fenómeno francês já era  algo esperado, pelo contrário, a subida da esquerda dita radical na Grécia é surpreendente. 
Se por um lado a sociedade francesa há muito que se debate com conflitos de natureza racista e xenófoba, o que pode explicar esta subida, os gregos estão cansados dos partidos ligados aos habituais governos, que sistematicamente têm imposto ao povo uma austeridade crescente e sacrifícios nunca antes vividos.
Interessante será ver como a Syriza vai encarar a Front National no Parlamento Europeu, depois de o seu patriarca ainda há pouco ter declarado à imprensa que "o problema do excesso de emigrantes se resolveria facilmente com o vírus ébola"!


Se não se conseguir dominar em breve estes aspirantes a Hitler, podemos vir a enfrentar na Europa um déjà-vu de seríssimas consequências, como se as memórias do holocausto nazi já se tivessem dissipado das nossas mentes... 
Para este combate é fundamental a presença da Syriza no Parlamento Europeu. 
Pena é que Portugal tenha tido uma expressão tão fraca de deputados eleitos pela esquerda e uma abstenção tão elevada. Pensava eu que o pessoal já estava mentalizado que não é não votando que os problemas se resolvem...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Votar nas Europeias

(foto: cortesia da Carmela)
Ao aproximar das eleições europeias, ouvimos muitas vozes dizendo que não vão votar, que não sabem em quem votar ou, pior, que acham que estas eleições não servem para nada. 
Sistematicamente estas eleições registam uma taxa enorme de abstenção.
Menospreza-se à boca cheia a importância das decisões tomadas em Bruxelas e Estrasburgo pelos representantes dos países membros da UE, que, na realidade, são por nós eleitos. 
Cada vez mais aquilo que nos afeta internamente vem das instâncias europeias, que nos governam não só com diretrizes explícitas, mas também com pressões e influências diretas nas medidas assumidas pelos executivos dos países, incluindo o nosso.
Com a escalada recente e exponencial dos grupos de extrema direita na Europa, é mais do que nunca fundamental o voto nas europeias de forma massiva. É necessário que a participação seja mais expressiva do que o habitual, sob pena de deixarmos que a indiferença tome conta de nós. Ela é o pior de todos os males. Não se deve desperdiçar a oportunidade de votar que nos é dada.
Nem sempre foi assim. O voto foi conquistado a partir de muitas lutas e sacrifícios de outros e outras no passado. 
Não deixemos que se perca esta importante conquista, ou que o seu significado fique progressivamente esvaziado de conteúdo. Usemos de um direito civilizacional de construção da cidadania nos países europeus. A democracia e a liberdade não são valores garantidos. Eles têm de ser mantidos e cultivados.
Vamos sair de casa e votar nas eleições europeias!



(Filme: cortesia de Maria Alda Silva)