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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A Moda da Avaliação


O Governo descobriu na avaliação do desempenho dos agora transformados em trabalhadores que desempenham funções públicas a solução para todos os males da Administração Pública, vendo aí uma forma de aumentar a produtividade transformando a remuneração normal num prémio.
Não está em causa a necessidade de avaliar o desempenho dos trabalhadores, duvido mesmo que sem essa avaliação qualquer organização funcione. O que duvido é que faça sentido avaliar trabalhadores sem avaliar os gestores e sem qualquer grelha de avaliação dos resultados da Administração Pública.
Se uma escola apresenta resultados acima da média que impacto terão estes resultados na avaliação dos seus professores? Se um serviço de finanças tiver cobrado tudo o que havia para cobrar como serão avaliados os seus trabalhadores? Com um modelo que parte do princípio de que quase todos os trabalhadores são medianos, fracos, burros ou mesmo gandulos, reservando os parâmetros máximos para 5% de eleitos os professores da escola e os funcionários dos serviços de finanças serão avaliados como na antiga União Soviética, um de cada serviço receberá a medalha de herói do trabalho enquanto todos os outros desenvolverão estratagemas para trabalharem menos já que o se esforço não foi premiado.
Este conceito de avaliação é tão caricato que num serviço os resultados exemplares todos os trabalhadores poderão ser considerados inadaptados para as funções, como num serviço com resultados desastrosos os seus dirigentes poderão ser elogiados no Diário da República como, aliás, é da praxe. Se daqui a cinco anos forem feitas as estatísticas dos resultados das avaliações concluiremos que os resultados tendem a ser idênticos independentemente dos resultados dos serviços.
Imaginemos que uma empresa deixa de ser avaliada em função dos seus resultados, que apenas 5% dos seus trabalhadores poderão ser premidos e que a sua avaliação é independente dos resultados da empresa. Não é difícil de adivinhar que essa empresa não sobreviverá muitos anos, terá o destino de muitas empresas da ex-URSS, trabalhadores e gestores começarão a trabalhar em função dos parâmetros da avaliação e não dos resultados, o seu destino a falência.
O Jumento, 27 de Fevereiro de 2009

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