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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Não penses!


Não Penses"Não penses. Que raio de mania essa de estares sempre a querer pensar. Pensar é trocar uma flor por um silogismo, um vivo por um morto. Pensar é não ver. Olha apenas, vê. Está um dia enorme de sol. Talvez que de noite, acabou-se, como diz o filósofo da ave de Minerva. Mas não agora. Há alegria bastante para se não pensar, que é coisa sempre triste. Olha, escuta. Nas passagens de nível, havia um aviso de «pare, escute, olhe» com vistas ao atropelo dos comboios. É o aviso que devia haver nestes dias magníficos de sol. Olha a luz. Escuta a alegria dos pássaros. Não penses, que é sacrilégio." 

Vergílio Ferreira, in "Conta-corrente - nova série - 2

3 comentários:

  1. Explico-me melhor: vejo neste texto o cunho de Alberto Caeiro, heterónimo poético de Fernando Pessoa.

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  2. Sim, bastante. Deve ter sido por isso que ressoaram em mim importantes significações.
    Obrigada pelos teus interessantes contributos.
    Um abraço.

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