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sábado, 2 de abril de 2011

Porque não há pilhagens no Japão?

(Imagem do Cafferty File)

Após o terramoto e tsunami de há três semanas no Japão, o mundo assiste com estupefacção a um fenómeno completamente inusual nestas circunstâncias: quando uma boa parte do país sofre com o caos e a destruição, ninguém ouve falar de roubos ou pilhagens, como aconteceu em 2005 nos EUA com o furacão Katrina, e após os terramotos do Haiti e do Chile.

O povo japonês, devastado pela perda de habitações, indústrias e campos de cultivo, anda ainda à procura dos seus familiares desaparecidos e conta os seus mortos. A acrescer a tudo isso, a ameaça nuclear é um perigo real que se abate sobre este país, já castigado no passado com duas bombas atómicas.

Tem sido notada a contenção, o civismo e a cidadania demonstarda pelos habitantes das zonas mais devastadas, que choram a sua desgraça, evidentemente, mas não se esquecem de ajudar o vizinho. No terreno multiplicam-se equipas de voluntários, que, sem nada ganhar, se vão revezando na busca de sobreviventes e resgate de pessoas e haveres no meio da destruição.

Nos supermercados os preços baixaram drasticamente logo que foi possível restabelecer o funcionamento dentro da "normalidade" possível na vida das populações. Os donos de máquinas de venda de bebidas passaram a distribui-las gratuitamente, por via do entendimento de que "todos trabalham para a sobrevivência de todos".

Onde nos outros países haveria vandalismo, ali há solidariedade. Onde haveria pilhagens, ali há generosidade. Qual a diferença? Como se explicam comportamentos em tudo contrários àquilo que é historica e sociologicamente expectável em situações de catástrofe?

Não páro de me espantar com esta elevada postura de cidadania e de me interrogar sobre os seus fundamentos, que contrastam aparentemente com o resto do mundo em condições idênticas.


Jack Cafferty, da CNN no seu artigo "Why there's no looting in Japan?" refere a possibilidade de haver uma relação entre esta demonstração de civismo e prática do Budismo e do Xintoísmo no Japão, decorrente dos valores éticos e morais inerentes à sua interiorização. Como refere Caffferty "values of conformity and consensus are considered virtues in their culture".

Cafferty fala num "vazio de moralidade" que acompanha os sentimentos das pessoas em situação de perdas múltiplas. No Japão, definitivamente, mesmo perdendo quase tudo, (algumas pessoas perderam mesmo tudo, incluindo a sua família e amigos), não se perdeu a moralidade.

(Obrigada ao Francisco Trindade pelo envio do artigo de Jack Cafferty).

5 comentários:

  1. Gostei muito deste post e farei a sua divulgação no meu blogue caso não te importes.
    Beijinhos aos dois

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  2. Certamente que não me vou importar, pelo contrário. Um beijinho e obrigada.

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  3. Really the compasion between the people of Japan is truly amazing. Its time for them to be acknowledged by the rest of the world. And we all need to do our best to help them through this tradgedy.

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  4. Estou muito feliz por ter encontrado este blog, não apenas parte do desastre japonês e belas características dos japoneses, mas também dalšíhistorické documentos. Obrigado.
    Claudia, Praga

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  5. olá, adorei o post, se não te importares, eu estou a fazer um artigo para a revista da minha escola, e decidi abordar o tema do desastre do japão, não te importas que use o teu post como referencia?

    adorei este post

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