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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Angola e a nova oligarquia



A onda de repressão que se abateu em Angola sobre uma manifestação contra o regime de José Eduardo dos Santos não é coisa que me surpreenda.
A polícia carregou sobre os manifestantes, à boa maneira das ditaduras e fez presos e feridos em número indeterminado, pois nestas coisas nunca se sabe ao certo os números verdadeiros, mas foram dezenas. Noticia-se aqui que vão ser objecto de um julgamento sumário e calcula-se qual a pena. Não sei se existe pena de morte em Angola, como quando à maneira estalinista se eliminava fisicamente os opositores ao regime para dissuadir futuras dissidências.


Pouco sei de Angola, mas o pouco que sei atemoriza-me. Por isso mesmo, espero o pior destes julgamentos sumários contra opositores ao regime. Se for como em Cuba, poderão acabar presos durante anos. Se for como na China poderão nunca mais ver a luz do dia.


O regime de Eduardo dos Santos, sua família e núcleos adjacentes formaram uma nova oligarquia de poder e privilégios aberrantes, com recursos e fortunas incalculáveis. Surgem informações em certa imprensa credível de que as festas dessa nova burguesia instalada chegam a custar centenas  de milhares de euros, enquanto a população pobre anda descalça pelas ruas e procura comida nos caixotes do lixo.


A mesma população que sofre de SIDA e outras doenças contagiosas e se abastece de comprimidos avulsos que são objecto de especulação no mercado negro. Isto ao mesmo tempo que as famílias abastadas se empanturram de Möet & Chandon nas festas, e de lagostas nos restaurantes de luxo.


As "misses" deste novo modelo de oligarquia angolana, lindíssimas e sofisticadas morenas, chegam a vir a Lisboa de avião só para vir ao cabeleireiro ou gastar pequenas fortunas em vestidos de luxo nas Amoreiras. Outras madames há, que vêm à capital portuguesa fazer um aborto ou comprar jóias e voltam à tardinha para casa. Os misteres com pretensões a sheiks das Arábias preferem vir cá adquirir uns Rolexes reluzentes ou um carro de super-luxo e mandá-lo de avião para casa!


É escandaloso e aberrante num país onde a maioria é paupérrima; e sobretudo, porque isto tudo é praticado à sombra de um sistema que se instalou há 30 anos como democrático e socialista!


Luanda, neste momento a cidade mais cara do mundo, tem mansões a custar rendas astronómicas e a alimentação chega a ser mais cara do que em Tókio. Não admira pois que o povo ande esfomeado e se revolte.


Sabe-se que entre os manifestantes presos havia estudantes e outros jovens cujas famílias desconhecem para onde eles foram levados.  Neste momento um movimento de intelectuais e professores, alguns deles da universidade, denunciam este abuso de autoridade e temem pela sorte dos prisioneiros. E eu acho que não é para menos.

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