terça-feira, 6 de abril de 2010
Um Homem Singular
A SINGLE MAN (Um Homem Singular)
O título do filme A Single Man, traduzido por “Um Homem Singular”, significa também, numa tradução de uso mais corrente, Um Homem Solteiro, ou sozinho.
Na verdade, George Falconer (Colin Firth) acaba de apanhar o maior desgosto da sua vida com a morte abrupta do seu companheiro. A relação com Jim (Mathew Goode), o homem com quem viveu 16 anos, significou o amor da sua vida, um autêntico casamento. Portanto ele transforma-se do dia para a noite num homem profundamente sozinho.
Contudo, sente-se desde logo a discriminação pelos homossexuais quando George recebe o telefonema de um tio de Jim a comunicar a morte deste num acidente. George responde que irá apanhar o primeiro avião para ir ao funeral, ao que o seu interlocutor contrapõe que “a cerimónia será só para a família”…!
A narrativa decorre nos anos 60. George é um professor inglês de Literatura numa Universidade americana, que tem a coragem de viver com outro homem numa época de grande repressão sexual. A partir da perda do companheiro, a sua vida deixa de fazer qualquer sentido, apesar das tentativas de Charley (Julianne Moore), sua antiga namorada, para reconquistá-lo.
Planeia meticulosamente o suicídio, de modo a que na Universidade tudo continue a decorrer com a normalidade possível dentro e fora das aulas, para que ninguém seja afectado pelo drama que o consome, comportando-se com uma elegância ímpar face a uma existência que se lhe tornou insuportável.
Todos os seus planos do ensaiado suicídio se alteram quando é convidado a passar a noite com um dos seus alunos, intelectualmente estimulante e com uma sexualidade suficientemente ambígua. Apesar de essa situação ser embaraçosa, nem por um momento George perde uma ponta da sua dignidade e pudor face ao jovem que lhe oferece a sua nudez.
O filme é esteticamente belíssimo, tanto na fotografia como nos décors e no guarda-roupa. Do ponto de vista emocional, é tocante pela humanidade e sensibilidade com que vemos os sentimentos dos personagens emergirem, com uma incrível autenticidade, à flor da pele.
Nota-se neste filme uma marca nítida da filosofia heideggeriana quando George explica ao seu aluno num bar, entre whiskies, que a morte é a única certeza que temos e que essa certeza, a de que nascemos sozinhos e sozinhos morreremos, é o elo mais forte que liga todos os seres humanos. Desde o primeiro momento do filme que sentimos essa angústia existencial e ao mesmo tempo essencial do ser humano, marca indelével na sua vida, que serve de fio condutor a toda a narrativa.
O primeiro filme realizado pelo estilista Tom Ford, é adaptado da obra "A Single Man", do escritor norte-americano Christopher Isherwood, uma obra emblemática do movimento homossexual do século XX. Embora o filme não tenha sido premiado com os Óscares que se esperava, nomeadamente o de Melhor Actor, Colin Firth veio a obter esse prémio no Festival de Veneza, pela sua magnífica interpretação.
Ficha técnica:
Um Homem Singular
Título original: A Single Man
De: Tom Ford
Com: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode
Género: Drama
Classificacao: M/16
EUA, 2009, Cores, 101 min.
Eis aqui o trailer:
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Belíssimo filme! Aborda temas muito importantes: homossexualidade, medo, solidão, morte. Fez-me descobrir Colin Firth: já o tinha visto tantas vezes e nunca o tinha "visto". Se calhar, porque até agora não tinha valido a pena. Gostei muito. Mesmo muito.
ResponderEliminarComo já tinha dito noutras paragens, é um filme singular.
ResponderEliminarSingular o homem, singular o filme, singular a história, singular o actor, singular o realizador.
ResponderEliminarTalvez singulares também nós, Elenáro.
Beijo.
Todos somos singulares à nossa própria maneira. :)
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