Armand Zipfel
Desde o fim do século XIX que a aeronáutica era notícia, uma vez que foram tempos de grandes exibições e de grandes proezas. Contudo, os primeiros anos da segunda década do século XX foram, sem dúvida, os anos de afirmação do avião como máquina de valor militar e civil.
Em Portugal assistiu-se pela primeira vez, em 17 de outubro de 1909, às exibições de um avião, pilotado pelo francês, Armand Zipfel, no Hipódromo de Belém.
Em 11 de dezembro de 1909, foi fundada, em Portugal, a primeira instituição dedicada à aviação, o “AERO CLUBE DE PORTUGAL”, que teve um papel decisivo na divulgação da aeronáutica.
Blériot XI
Em 27 de Abril de 1910, teve lugar o primeiro voo digno desse nome. Julien Mamet, pilotando um Blériot XI, descolou do Hipódromo de Belém, descreveu um largo círculo a 50 m de altura, sobrevoou a Casa Pia, bordejou o Tejo e regressou novamente ao Hipódromo.
Em 10 de setembro de 1912, depois da aprendizagem em França, Alberto Sanches de Castro, membro do “AERO CLUBE”, foi o primeiro português a voar em território nacional, no Mouchão da Póvoa de Santa Iria, a bordo de um Voisin Antoinette de 40cv.
A Aviação Militar foi oficialmente constituída em Portugal no ano de 1914, nos ramos Exército e Marinha, com a criação da Escola de Aviação Militar e Aviação Naval, culminando um processo que se vinha desenvolvendo desde 1912, com António José de Almeida, tendo sido do AERO-CLUBE DE PORTUGAL, que saiu a comissão que a formou.
A História da Aviação Nacional está imensamente ligada à Amadora. Após a euforia da proclamação da República, a localidade atravessou uma época de desenvolvimento sociocultural muito importante. Em 1911 recebeu a visita de Brito Camacho, membro do Governo, e em 1912 foi inaugurado o edifício dos Recreios Desportivos, acontecimento de relevo na vida social e cultural amadorense.
A 7 de Julho desse ano, realizou-se o famoso “Concurso de Papagaios”, evento que marcou o início da aventura aeronáutica. Organizado pelos Recreios Desportivos, nos terrenos do Casal do Borel, a prova contou com a participação de destacadas figuras da sociedade de então e do júri fizeram parte dois membros do “AERO-CLUBE DE PORTUGAL” para atestar a seriedade da iniciativa e avaliar provas de altitude, estabilidade, levantamento de pesos, ângulo e tração.
Seriam semelhantes a este?
Em 26 de Janeiro de 1913, um avião, pilotado pelo francês Alexandre Sallés, cruza pela primeira vez os céus da Amadora. Vindo do Hipódromo de Belém aterra nos terrenos do Casal do Borel, partindo, na aterragem, parte considerável do aeroplano, bem como o hélice, perante uma considerável e entusiasmada multidão. Foi reparado, em 8 dias, na fábrica de espartilhos Santos Matos & Cª., pelo que o piloto agradecido batizou o avião de “Amadora” e com ele fez exibições por todo o país até maio de 1914.
Blériot XI
Em 18 de Março de 1917, realizou-se na Amadora o 1.º Festival Aéreo, outro momento alto que trouxe à Amadora mais de 50 mil pessoas (12 vezes mais do que a sua população), e ao qual assistiram o Presidente da República Dr. Bernardino Machado e alguns ministros. Aterraram, nesse dia, o tenente António Caseiro e Sacadura Cabral, que pilotando também um avião “Caudron”, causou um enorme delírio!
Festival de 1917
Em 1919, é criado o Grupo de Esquadrilhas de Aviação “República” (GEAR), que se instalou na Amadora, nos terrenos junto ao campo de futebol dos Recreios, onde funciona actualmente a Academia Militar.
Durante cerca de um quarto de século, foi da freguesia da Amadora que partiram algumas das mais importantes viagens da aviação nacional: 18 de outubro de1920, tentativa de ligação à Ilha da Madeira, de Sarmento Beires e Brito Pais, no “Cavaleiro Negro”;
7 de Abril de 1924, viagem do Pátria a Macau, de Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia,( partiu da Amadora para Vila nova de Milfontes, terra de Brito Pais, de onde descolou para Macau);
O Pátria
27 de março de 1925, voo do “Santa Filomena” à Guiné, com Pinheiro Correia, Sérgio da Silva e Manuel António;
Santa Filomena
5 de setembro de 1928, voo com destino a Moçambique, com escala na Guiné, em São Tomé e em Luanda. Foi realizado por dois aviões tripulados pelos capitães Pais Ramos e Oliveira Viegas, o tenente João Esteves e o Iº-sargento mecânico Manuel António.
1930, voo a Goa de Moreira Cardoso e Sarmento Pimentel, num pequeno De Havilland, batizado de “Marão”.
modelo de De Havilland –Museu do Ar
29 de dezembro de 1930, voo de Carlos Bleck e Humberto Cruz à Guiné e Angola, no “Jorge de Castilho”. O mais extenso realizado, até então, pela Aviação Nacional e primeiro voo com partida e chegada à Amadora, onde aterrou em 21 de Fevereiro de 1931, recebendo da multidão uma calorosa receção.
25 de outubro de 1934, viagem de ida e volta de Humberto da Cruz e António Lobato no “Dilly”, a Timor, terminada em 21 de dezembro de 1934, que foi a mais longa da História, não só da aviação portuguesa, mas da Amadora, 42.670km, tendo sido considerada a mais minuciosamente preparada de todas as que saíram da Amadora.
Após anos de entusiasmo pelo pioneirismo da aviação e de avanços tecnológicos importantes ao nível dos aparelhos, termina finalmente em 1938 a ligação da Amadora à Aviação Nacional. Razões de organização da Aeronáutica Militar, a par com a exiguidade e deficiências da pista de terra batida ali existente, determinaram a extinção do Grupo de Aviação de Informação n.º 1 – como passara a ser designado o GEAR – cujo pessoal e material seriam transferidos para Tancos.
A ligação à cidade da Amadora continua, contudo, na atualidade, pois nela se encontram as instalações do Estado Maior da Força Aérea.
Monumento aos Pioneiros da Aviação, em Alfragide
FONTES:
- Texto e fotos:- Homens e aviões na História da Amadora de M. Lemos Peixoto;
- Enciclopédia-artigos: Pioneiros da Aviação Portuguesa;
- Museu do Ar-on line; História da Aviação-Wikipédia;
- EX-OGMA-blogspot-Os primeiros aviões em Portugal;
- Voa Portugal- O Portal da História da aviação/facebook;
- História de Arte- Fundação Calouste Gulbenkian/ Arquivo Municipal de Lisboa(on line);
- História da Aviação Portuguesa::Aeronáutica (on line).
TITA FAN
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