quinta-feira, 29 de outubro de 2009
ASTÉRIX – 50 anos de poção mágica
“50 a.C. Uma aldeia povoada de irredutíveis gauleses resiste ainda e sempre ao invasor”. Esta frase, assim como “Estes romanos são doidos!”, tornou-se célebre.
50 é também o número de anos que conta hoje o sempre jovem Astérix, o pequeno guerreiro gaulês criado por Albert Uderzo (1927-) e René Goscinny (1926-1977) no 1º número da revista Pilote, em 29 de Outubro de 1959.
No álbum comemorativo “O Aniversário de Astérix e Obélix – o Livro de Ouro”, recentemente publicado (em Portugal pela ASA), Uderzo começa justamente por fazer uma graça situando a história no ano 1 d.C, com os heróis já gastos, desanimados e velhos... Fá-lo à sua custa, coitado, e os gauleses logo retomam o vigor juvenil, certamente animados pela intemporal poção mágica que é a banda desenhada!...
Na tocante introdução que assina, Anne Goscinny, filha do genial argumentista dirige-se ao pequeno gaulês nestes termos: “Em comum, temos uma dívida, Astérix. Um dos teus criadores morreu numa manhã de Novembro de 1977. O meu pai. Tu podias ter desaparecido”. De facto, o seu editor Georges Dargaud foi o primeiro a enterrar o irredutível gaulês juntamente com um dos seus criadores ao declarar, no funeral do argumentista: “Goscinny morreu, Astérix morreu!”
Enganou-se. Uderzo acabou por tomar a decisão de prosseguir sozinho. Sem dúvida, um argumentista do gabarito de Goscinny não se “substitui”; o talento de Uderzo nessa área pode ser discutível mas, em todo o caso, teve a coragem de não deixar “petrificar” o seu herói – como escreveu Anne Goscinny. E o facto é que, apesar de todos os detractores, invejosos e maldizentes, o extraordinário sucesso editorial e pessoal da série não só sobreviveu à morte de Goscinny como se ampliou, juntando-se ao fenómeno o Parque Astérix, inaugurado em 1989 (há 20 anos!), os filmes, os jogos e ainda os inúmeros “produtos derivados”, de colecção ou de merchandising.
De todos estes produtos se tem ocupado o Studio 56. Tem-se também ocupado dos álbuns de Astérix. Está em curso, particularmente, uma “Grande Colecção”: álbuns maiores (com um desenho de lombada que se vai completando à medida que os álbuns se vão acrescentando), que contam com um dedicado trabalho de restauro dos velhos traçados a tinta da china e das letragens, além das cores integralmente refeitas em computador.
Astérix é uma mina, em termos financeiros. Mais de 325 milhões de exemplares vendidos em 27 países não é um número a desconsiderar! Mas é uma mina que tem provocado cobiças e até amargas dissensões familiares, publicamente visíveis desde Dezembro de 2007, opondo Uderzo à sua filha Sylvie.
Finalmente, em 10 de Janeiro do presente ano, à beira dos 82 anos, Albert Uderzo decidiu autorizar a continuação da série para além da sua morte! Os irmãos Frédéric e Thierry Mébarki, seus devotados assistentes, estão certamente na linha da frente para substituir o mestre!...
Bon courage, par Toutatis!
Texto de Luís Diferr
Imagem: A população da aldeia gaulesa de Astérix desenhada por Albert Uderzo.
(Para aumentar clique na imagem)
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