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sábado, 8 de janeiro de 2011

Valente Malangatana!


Malangatana Valente Ngwenya, falecido no dia 5 de Janeiro, conforme referi aqui, teve ontem a sua despedida de Portugal, com uma homenagem no Mosteiro dos Jerónimos, onde compareceram muitas personalidades da vida cultural e política.

Na mesma noite a SIC Notícias exibia um documentário, repetido hoje, com Malangatana na sua casa/atelier em Moçambique, com entrevistas e reportagem sobre a sua obra e a sua infância em Matalana, a sua terra-natal.

Malangatana cantou em dialecto local e contou histórias do seu percurso de vida e das várias profissões que exerceu antes de ter condições para se dedicar em exclusivo às artes plásticas. De entre elas destacou por várias vezes e com visível carinho o facto de ter sido "criado de bebés". Suponho que com isso ele queria dizer o mesmo que os americanos chamam "baby-sitter" e os ingleses "nanny". Além disso foi cozinheiro, barman, latoeiro e apanhador de bolas de ténis.



Malangatana salientou o facto de a sua pintura se inspirar nas histórias tradicionais, aquelas que a sua avó lhe contava e nos contos populares que foi conhecendo. Além de pintor e escultor foi poeta e resistente no tempo do colonialismo, tendo chegado a ser preso pela PIDE. Malangatana representa uma forte presença na vida na cultura moçambicana, mas também em toda a lusofonia.

Uma vez questionado por um antigo patrão, num colóquio, sobre a natureza da sua expressão plástica  sobre se seria "naïf", "surrealista" ou "dadísta", classificações que em 1960 Malangatana ignorava por completo, respondeu simplesmente: "Eh, patrão, minha nome não é surrealista, minha nome é Valente"! 

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