terça-feira, 10 de março de 2009
Cuba, uma questão de modelos
("Maison Xanadu" - Varadero - foto de Luís Diferr)
Há tanta outra coisa que é uma vergonha em Cuba…
A par da falta de representatividade nos órgãos de gestão políticos, as mulheres cubanas vivem em condições abaixo da sua dignidade e até da sua cultura.
O povo cubano é considerado dos mais cultos e instruídos do Mundo. Não sei se isso é verdade, mas é certo que tem havido um forte investimento na Educação e o nível de instrução dos cubanos é elevado.
Apesar de o Estado fornecer às mulheres igualdade de oportunidades no acesso à cultura e ao ensino, efectivamente, a sua liberdade é restrita naquilo que considero elementar e no que respeita aos direitos e liberdades de qualquer cidadão do século XXI.
A par de uma Medicina avançada e dos incentivos às Artes Plásticas, à Música, à Dança e aos Desportos, vemos a falta de atenção dada ao desenvolvimento de outros sectores como a habitação e a conservação do património arquitectónico. Entrar em algumas cidades cubanas dá a sensação de recuar ao passado e ver um cenário do pós-guerra.
Ter um telemóvel, até há pouco tempo era privilégio só de algumas pessoas, por exemplo aquelas que trabalham em turismo; enviar mensagens de e-mail é restrito e condicionado e já houve blogs encerrados. Do correio normal nem é bom falar e da falta de recursos também não.
Já vi a sofreguidão das mulheres cubanas por um produto de cosmética, uma t-shirt, um livro ou uma revista trazidos da Europa. Já as vi mendigarem uns dólares porque os pesos cubanos não valem nada e a sua comida é racionada.
Já vi como uma parte da população tenta viver de expedientes próximos do contrabando para dar um nível de vida um pouco melhor aos filhos; e já vi raparigas com cursos universitários optarem pela prostituição na esperança de que algum turista as traga para a Europa.
Os governantes argumentam sempre com o bloqueio económico por parte dos EUA, que lançaram Cuba na miséria há mais de 40 anos.
Mas como se explicam as restrições ao nível da comunicação, das opções políticas, das liberdades mais elementares de pensar, agir e decidir em conformidade com as aspirações e necessidades de cada um?
Um grande caminho haverá ainda a percorrer no que respeita ao papel das mulheres na sociedade cubana. Mas primeiro há que deixar as pessoas serem cidadãs de pleno direito com tudo o que isso pode implicar de discórdia, discussão e, se necessário for, uma alteração profunda nos modelos de governação.
Espero sinceramente que Barack Obama levante o bloqueio económico e que as relações entre os EUA e Cuba possam finalmente normalizar, pois, a manter-se o actual estado de inimizade, ninguém tem nada a ganhar.
Isto implicaria uma abertura por parte de Raul Castro e de todo um aparelho de Estado, extremamente burocratizado, vontade política para admitir que o regime cubano está obsoleto e que não se justifica tentar perpetuá-lo; sob pena de continuarmos a assistir ao isolamento e ao sacrifício de milhares de pessoas, que pela sua inteligência ou aspirações políticas e pessoais se vêem na contingência da prisão ou da fuga.
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