terça-feira, 17 de março de 2009
Razões Divinas para uma Reforma Antecipada
Pintura: Caravaggio - A Dúvida de S. Tomé
Naquele tempo, Jesus subiu ao monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem. Depois, tomando a palavra, ensinou-os dizendo:
“Em verdade vos digo, bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles…”
Pedro interrompeu:
- Temos que aprender isso de cor?
André disse:
- Temos que copiá-lo para o caderno?
Tiago perguntou:
- Vamos ter teste sobre isso?
Filipe lamentou-se:
- Não trouxe o papiro-diário.
Bartolomeu quis saber:
- Temos de tirar apontamentos?
João levantou a mão:
- Posso ir à casa de banho?
Judas exclamou:
- Para que é que serve isto tudo?
Tomé inquietou-se:
- Há fórmulas? vamos resolver problemas?
Tadeu reclamou:
- Mas porque é que não nos dás a sebenta e… pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada… ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus presentes, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada, tomou a palavra e dirigiu-se a Ele, dizendo:
“Onde está a tua planificação?
Qual é a nomenclatura do teu plano de aula nesta intervenção didáctica mediatizada?
E a avaliação diagnóstica?
E a avaliação institucional?
Quais são as tuas expectativas de sucesso?
Tens para a abordagem da área em forma globalizada, de modo a permitir o acesso à significação dos contextos, tendo em conta a bipolaridade da transmissão?
Quais são as tuas estratégias conducentes à recuperação dos conhecimentos prévios?
Respondem estes aos interesses e necessidades do grupo de modo a assegurar a significatividade do processo de ensino-aprendizagem?
Incluíste actividades integradoras com fundamento epistemológico produtivo?
E os espaços alternativos das problemáticas curriculares gerais?
Propiciaste espaços de encontro para a coordenação de acções transversais e longitudinais que fomentem os vínculos operativos e cooperativos das áreas concomitantes?
Quais são os conteúdos conceptuais, processuais e atitudinais que respondem aos fundamentos lógico, praxeológico e metodológico constituídos pelos núcleos generativos disciplinares, transdisciplinares, interdisciplinares e metadisciplinares?”
Caifás, o pior de todos, disse a Jesus:
“- Quero ver as avaliações do primeiro, segundo e terceiro períodos e reservo-me o direito de, no final, aumentar as notas dos teus discípulos, para que ao Rei não lhe falhem as previsões de um ensino de qualidade e não se lhe estraguem as estatísticas do sucesso. Serás notificado em devido tempo pela via mais adequada. E vê lá se reprovas alguém! Lembra-te que ainda não és titular e não há quadros de nomeação definitiva.”
… E Jesus pediu a reforma antecipada aos trinta e três anos…
(autor desconhecido)
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Excelente.
ResponderEliminarAs queixas de Mateus talvez um pouco longas...
Cara Lelé Batita:
ResponderEliminarFiz ontem referência a este seu post aqui:
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2009/03/uma-delicia.html
Cumprimentos
José Gonsalo
Se até o próprio Jesus se riu daquela maneira! O texto tem mesmo muita graça. Obrigada pelo link. Ficarei em contacto.
ResponderEliminarExcelente, parabéns
ResponderEliminarViva!
ResponderEliminarFiz uma ligação a este seu post. Aqui fica o link:
http://aperoladanet.blogspot.com/2009/03/dois-posts-ver.html
Fico à espreita de mais.
Joaquim Simões
Engraçado? Não tem graça nenhuma! É assustador! Quem é esta gente que governa para distorcer? É angustiante pensar que teremos de suportar mais não sei quantos anos de «eduquês»,que agora corrói todo o edifício educativo. Se não é uma concretização da ficção kafkiana ou de um outro qualquer episódio asfixiante da Twilight Zone... A educação está a transformar-se excessivamente depressa numa versão pesadelo do Second Life. Alguém conseguirá acordar este governo? Alguém lhes saca da mão os óculos da realidade virtual? Arre, aqui em baixo há gente! Arre!!
ResponderEliminar«Merda, sou lúcido!» (A. Campos)
Teresa Bagão