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«Um rei conduzia o seu povo, nómada, famélico, desesperado, para uma ilha verdejante e fértil que conhecia. Para chegar à ilha havia que atravessar a pé enxuto uma língua de areia de muitas milhas, aproveitando a maré baixa. O percurso tinha de ser feito em exactamente uma hora, o tempo que durava o vau. Mas o povo tinha tanta fome que se foi atardando na recolha dos mariscos que abundavam na língua de areia. Bem bradou o rei e ameaçou e fez distribuir varadas e castigos: o povo não despegava de achar mariscos e comê-los logo ali, mesmo crus. Não tardou que a maré viesse impetuosa, à velocidade do galope de um cavalo. Os quinhentos e setenta e sete membros daquela caravana, que formavam todo o povo, pereceram afogados.
E depois? Olhem: chegou o rei sozinho à ilha e aí ficou rei sem povo.»
Mário de Carvalho, Fabulário
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