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sábado, 21 de julho de 2012

Intermission


O Blogue fica temporariamente encerrado para descanso do pessoal. 
Até breve, meus amigos. A todos umas boas férias.

José Hermano Saraiva (1919-2012)


José Hermano Saraiva era um professor e comunicador nato. Figura algo controversa, tida por petulante, desde cedo se habituou a contestar as versões tradicionais da História e a desafiar a autoridade dos seus professores. 
Ministro do Estado Novo a partir de 1968, conheceu e privou com Salazar e Caetano, tendo ousado dar conselhos e tomado decisões que vieram a revelar-se úteis na pasta da Educação. Por exemplo impediu uma vez que a Polícia com os cães investisse contra os estudantes e aumentou em 5 tostões a taxa sobre os maços de cigarros para com esses milhões de contos poder aumentar o salário dos professores primários, à altura extremamente mal pagos, segundo o próprio referia.
José Hermano Saraiva começou por licenciar-se em História e ser professor no Liceu Passos Manuel e mais tarde formou-se em Direito e exerceu advocacia, em cujo escritório os seus filhos continuam a atividade. Mas foi como historiador que ficou mais conhecido; eu diria que era essa a sua grande e mais expressiva vocação. Pelo entusiasmo com que falava, a História de Portugal, com ele, parecia reviver e voltávamos no tempo aos episódios mais picarescos e inusitados.
A facilidade de comunicação de Saraiva fez dele um dos mais importantes divulgadores da História em televisão, o que permitiu a muitas pessoas conhecerem fragmentos do passado português que, de outra forma, jamais conheceriam.
Com dificuldade em assumir-se de direita, considerou contudo Salazar "um santo" e Marcelo um tanto ingénuo. Repudiava igualmente a ideia das esquerdas por ser, dizia ele, um homem "contra a revolução". 
Enfim, esta figura controversa, mas inquestionavelmente popular, fechou ontem os olhos, aos 92 anos, após centenas de programas de televisão e dezenas de livros editados.
Por tudo isso e por ser uma personalidade incontornável da Cultura portuguesa, a Pérola de Cultura presta-lhe aqui homenagem, desejando que descanse em paz.  

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mortes por HIV diminuem


De vez em quando lá há uma notícia animadora. Segundo a ONU o número de mortes por SIDA diminuiu em 24% desde 2005.
"Os 2,2 milhões de vítimas mortais de 2005 passaram para 1,7 milhões com 2011. No que respeita aos tratamentos, as notícias são, igualmente, animadoras. No espaço de um ano, entre 2010 e 2011, o número de pessoas com acesso aos procedimentos de tratamento passou de 6,6 milhões para 8 milhões, o que corresponde a um aumento de 20%."
Isto é o que diz o relatório da UNAIDS, o organismo das Nações Unidas dedicado à doença. 
(Notícia daqui)


Resta saber quantos casos de pessoas infetadas com HIV existem ainda por reportar por esse mundo fora. É que sobre o desconhecido as estatísticas não podem funcionar... e entretanto essas pessoas vão contagiando os seus parceiros, os bebés, etc.
Parece podermos concluir que esta diminuição de mortes por SIDA se deve à possibilidade de que mais pessoas tenham acesso aos tratamentos, mas não parece existir uma diminuição dos comportamentos de risco. Pelo menos a julgar pelas informações das autoridades de saúde, que parecem identificar maior número de pessoas infetadas por ISTs, como sífilis, gonorreia e clamídia, que recrudescem nomeadamente em Portugal e na população juvenil.

Um Matisse recuperado


Trata-se do quadro "Odalisque aux pantalons rouges" de Henri Matisse, desaparecido há uma década.
Notícia aqui

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Tall Ships Race 2012 em Lisboa

Creoula

Chega hoje a Lisboa uma importante regata com os mais emblemáticos veleiros europeus, entre os quais se contam alguns portugueses, como o Sagres, o Creoula, o Santa Maria Manuela e a caravela Vera Cruz; outros dos mais importantes são o Juan Sebastian de Elcano, o Fryderyk Chopin e o novo veleiro alemão Alexander von Humboldt II.
Esta primeira etapa iniciou-se em St. Malo, na França; a seguir a Lisboa, os navios rumam a Cádiz e depois a La Coruña, em Espanha e finalmente a Dublin, na Irlanda, onde termina a regata.


Alexander von Humboldt II

Notícia para ler aqui.

"Demasiado grave" por Mário Carneiro

"Fazer política não pode ser sinónimo de desprezar ou sinónimo de maltratar ou sinónimo de ignorar as pessoas. Se assim não for, o exercício da política transforma-se num expoente de perversidade e de iniquidade. 
Fazer política sob o comando de uma folha de Excel é fácil, contudo, é profundamente estúpido e perigoso: salvam-se os números, mas destroem-se as pessoas.
Desgraçadamente, para grande parte dos portugueses, é sob este paradigma político que vivemos."
Ler aqui o artigo completo.

(Pintura cujo autor não foi possível identificar)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Happy birthday, Madiba!



Nelson Mandela faz 94 anos. Recordemo-lo também aqui e aqui.

O MEC meteu os pés pelas mãos


As recentes medidas do MEC são de um perfeito desgoverno. Não há maneira de pôr em ordem uma casa nestes moldes. Mesmo depois de todos os países onde as experiências de agrupar escolas e criar turmas grandes já terem recuado, o MEC persiste nestes erros. A consequência direta destas medidas é o despedimento de milhares de docentes, a que apareceram estranhas (mas expectáveis) comunicações de horário zero.
Eu gosto de chamar os bois pelos nomes, deve ter-me ficado esta mania dos tempos de sindicalista: a isto chama-se despedimento em massa. E não venha o Sr. Ministro dizer que não é, porque ninguém acredita. 
No meu Grupo Disciplinar houve duas colegas a quem já foram dados os patins, ambas na casa dos quarenta anos e com 18 a 20 e tal anos de serviço, cada uma com dois filhos para acabar de criar. Uma talvez seja "repescada", a outra não.
Já se me acabou há muito tempo a paciência para tanta incompetência junta. Começou  em 2006 com a arrogância prepotente de Maria de Lurdes Rodrigues, prosseguiu com o sorriso pateta de Isabel Alçada e continua (acreditem que tenho mesmo pena de escrever isto), com Nuno Crato. Estaremos presos de alguma maldição?
Deixo aqui um texto que vale a pena ser lido, sobretudo pelas pessoas não ligadas ao ensino. 
Um Caso Inédito de Engenharia Profissional: Os Docentes
Paulo Guinote *
Há poucos dias terminou o prazo para que as direcções dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas indicassem os docentes que consideram não terem componente lectiva a partir de Setembro.
Esta indicação aconteceu num contexto diferente em relação a anos anteriores, tanto devido à reorganização da estrutura curricular como por causa de outras mudanças relacionadas com a gestão escolar. Em complemento, surgiu a indicação formal de responsabilização disciplinar por indicações incorrectas e a recomendação informal para que, na dúvida, indicassem todos os docentes em que tal possibilidade existisse. Que depois, a meio de Agosto poderiam retirar os docentes para os quais fosse possível encontrar componente lectiva, na sequência da evolução das matrículas. Isto significa que a quantidade de professores indicada para mobilidade interna foi, em muitas situações, bastante sobredimensionada.
O processo que está em decurso de empurrão de muitos milhares de docentes para uma dança de cadeiras sem cadeiras é do foro do obsceno e eu nem costumo colorir muito a adjectivação. E tanto maior é a obscenidade quanto se sabe ser uma dança inútil e desnecessária. Que apenas visa assustar as pessoas e prepará-las para eventuais medidas a implementar nos próximos meses relacionadas com a mobilidade especial ou a aposentação antecipada.
Os números relativos aos horários-zero são certamente muito acima das piores perspectivas, sendo também difíceis de calcular em relação aos contratados que deixarão de ter emprego em Setembro. São vários os agrupamentos e escolas em que 30, 40, 50 docentes receberam indicação para concorrer, sendo alguns grupos disciplinares particularmente dizimados. O que é ridículo a vários níveis. Desde logo porque – em especial porque os horários para contratados vão diminuir radicalmente – não é credível que existam tantos docentes sem horário na rede pública de ensino, mesmo com as medidas tomadas por este Governo. Por outro porque, se em quase todo o lado há (alegadamente) professores a mais, não existirão vagas para este tipo de mobilidade e os professores voltarão em Setembro para as escolas de origem, depois de um processo a roçar o kafkiano em plena pausa lectiva de Verão.
Percebe-se que está a ser feita uma experiência inédita e com contornos vergonhosos de engenharia profissional, sem respeito alguma pelas pessoas e famílias dos envolvidos, colocados numa situação de vulnerabilidade e fragilidade, em grande parte só para satisfazer o ego de alguns teóricos do Estado Gordo e do ir-além-da-troika.
Também em relação aos professores contratados há anos a insensibilidade é total, bem como a aparente falta de previsão dos efeitos secundários do lançamento de pelo menos uns 10-15.000 trabalhadores qualificados para o desemprego ou sub-emprego, atingindo quase tantos milhares de famílias e agravando uma situação de ruptura social, indecorosa quando comparada com a forma leve e descontraída como continuam a mover-se a maioria dos interesses instalados na órbita do Orçamento de Estado.
Infelizmente não existem entre nós mecanismos eficazes de responsabilização dos políticos por medidas erradas tomadas após repetidos avisos sobre as suas péssimas consequências. É mais certo ver um péssimo ministro acabar como comendador ou administrador de um grande grupo empresarial do que encontrá-lo num tribunal a responder pelos seus actos lesivos para o interesse nacional.  Até porque as instituições formais para defesa da legalidade e dos interesses dos cidadãos são pasto para os jogos políticos, sendo os seus ocupantes de topo escolhidos por aqueles cujos excessos devem controlar.
Repito: o que se está a passar com a definição de horários-zero neste final de ano lectivo é algo vergonhoso e obsceno, um exercício espúrio, moral e eticamente inaceitável, de engenharia profissional em que um MEC sem capacidades de planeamento anda a brincar com a vida profissional, pessoal e familiar, daqueles que deveria saber mobilizar para uma melhoria da Educação, não para o objectivo mesquinho da Educação possível com o preço mais baixo.
* – Professor do Ensino Básico, ainda com horário.

terça-feira, 17 de julho de 2012

"O Infante Portugal" de José de Matos-Cruz no CNBDI

Ilustração: (c) Daniel Maia

Já falei aqui e aqui desta obra e da mostra de ilustrações a ela associada, em Cascais. 
Agora o 3º livro da trilogia de José de Matos-Cruz dedicada ao Infante Portugal, "O Infante Portugal e as sombras mutantes", será objeto de um lançamento oficial no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora no dia 19, pelas 19 horas. Trata-se de uma obra de ficção, profusamente ilustrada por cerca de três dezenas de artistas portugueses do mundo da Banda Desenhada.

Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem
Av. do Brasil, nº 52-A
2700-134 Amadora
T: 214369057 Fax: 214962353

O Dinheiro


O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça, o maldito,
Tem tanto chiste, o ladrão!
O falar, fala de um modo...
Todo ele, aquele todo...
E elas acham-no tão guapo!
Velhinha ou moça que veja,
Por mais esquiva que seja,
Tlim!
Papo.
E a cegueira da justiça
Como ele a tira num ai!
Sem lhe tocar com a pinça;
E só dizer-lhe: «Aí vai...»
Operação melindrosa,
Que não é lá qualquer coisa;
Catarata, tome conta!
Pois não faz mais do que isto,
Diz-me um juiz que o tem visto:
Tlim!
Pronta.
Nessas espécies de exames
Que a gente faz em rapaz,
São milagres aos enxames
O que aquele demo faz!
Sem saber nem patavina
De gramática latina,
Quer-se um rapaz dali fora?
Vai ele com tais falinhas,
Tais gaifonas, tais coisinhas...
Tlim!
Ora...
Aquela fisionomia
É lábia que o demo tem!
Mas numa secretaria
Aí é que é vê-lo bem!
Quando ele de grande gala,
Entra o ministro na sala,
Aproveita a ocasião:
«Conhece este amigo antigo?»
— Oh, meu tão antigo amigo!
(Tlim!)
Pois não!
 João de Deus, Campo de Flores'
(Enviado por Gabi e Carmela) 

Grandes veleiros visitam Lisboa em Julho


Grande Veleiros visitam Lisboa em Julho
"Foi da cidade francesa Sain-Malo que partiram os mais de 40 grandes veleiros da regata “The Tall Ships Races 2012”. As embarcações estão já a caminho de Lisboa onde vão permanecer de 19 a 22 de Julho. O evento conta ainda com concertos, um desfile, workshops e outras atividades de entrada gratuita.
A regata, que conta com cerca de 50 veleiros inscritos, traz a águas lusas veleiros de todo o mundo, assim como os seus tripulantes. Marcam presença no evento cerca de 3.000 jovens tripulantes de diversas nacionalidades, entre os quais 220 jovens portugueses.


Para além deste número estão ainda os elementos profissionais dos veleiros com bandeira nacional Sagres, Creoula, Vera Cruz e Santa Maria Manuela. Também no Navio Escola Sagres vão estar alguns jovens cadetes da Marinha Portuguesa.
Entre 19 e 22 de Julho cerca de um milhão de visitantes percorrerão o recinto de animação entre Santa Apolónia e a Praça do Comércio. Com entrada livre, o público tem a oportunidade de visitar os Grandes Veleiros, assistir a concertos e espetáculos, assim como participar em conferências e workshops sobre o Mar e sobre a cidade de Lisboa.


Destaque para o desfile das tripulações na Rua Augusta, a 20 de Julho (sexta-feira) e dos Grandes Veleiros, no dia 22 de Julho (domingo) pelas 14h00 no Rio Tejo."
Notícia completa aqui

sábado, 14 de julho de 2012

150 anos de Gustav Klimt










Pinturas de Gustav Klimt e homenagem do Google

Retrato feito por Egon Schiele (1890–1918)

Gustav Klimt
Nascimento14 de Julho de 1862
BaumgartenViena
Morte6 de fevereiro de 1918 (55 anos)
Viena

A destruição da Escola pública (e não só)



As reformas do governo são essencialmente financeiras, não pedagógicas. 
O desemprego docente será imprevisível e há nas escolas uma enorme desorientação.
O colega Paulo Guinote foi certeiro e objetivo nas suas críticas ao governo, as quais subscrevo.
No final do programa 84% dos ouvintes deu nota negativa às políticas do Ministério da Educação.

Exposição de pintura de Olinda Gil (2)





Pinturas de Olinda Gil / Fotos Pérola de Cultura


A Pérola de Cultura fez questão de estar presente na inauguração desta exposição, assim como alguns amigos do Umbigo. Os temas são predominantemente africanos, a marcar as memórias de infância da artista. Desejamos os maiores sucessos à Olinda Gil na sua vertente de pintora.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Evocando Maria de Lourdes Pintasilgo



Foi Maria de Lourdes Pintasilgo que ratificou a Lei que criou o Serviço Nacional de Saúde tal como hoje o conhecemos (Lei n.º 56/79, de 15 de Setembro), instituindo cuidados médicos universais e gratuitos.

Exposição "O Infante Portugal" em Cascais

Ilustrações: Daniel Maia

A série de ficção "O Infante Portugal" de José de Matos-Cruz já vai no seu 3º volume; desta vez o  livro "O Infante Portugal e as sombras mutantes" (Edição Apenas Livros) contou com a participação de três dezenas de autores de Banda Desenhada e Ilustração; a capa, contracapa e muitas das ilustrações do livro são de Daniel Maia. Têm também presença muito marcante neste livro os desenhadores Susana Resende e Daniel Henriques. 

Ilustrações: esq. Pedro Massano; dir. Luís Diferr


Os trabalhos que constam deste livro estão expostas no Centro Cultural de Cascais. 
Vale a pena visitar e ver o vídeo de José de Matos-Cruz. A mostra ficará patente ao público até 26 de agosto. (Av. Rei Humberto II de Itália, de terça a domingo das 10 às 18 horas.)


Fotos: Pérola de Cultura

terça-feira, 10 de julho de 2012

Bosão de Higgs


 A recém descoberta "partícula de Deus" é assim uma espécie de "um nada que é tudo"... como a definiria Fernando Pessoa se a esta "revolução" pudesse assitir!


(Cartoon via A Educação do Meu Umbigo)

"O Infante Portugal e as sombras mutantes"

Inauguração da mostra Entre.Visões, respeitante ao 3º livro da série "O Infante Portugal", de autoria de José de Matos-Cruz, hoje, no Centro Cultural de Cascais, às 19 horas. 
Esta obra contou com a participação de 31 ilustradores e autores de Banda Desenhada. Eis alguns deles:
- Daniel Maia (autor da capa e contracapa e de muitas das ilustrações do livro)
- Daniel Henriques
- Susana Resende (autora de muitas ilustrações do livro)
- Renato Abreu
- Pedro Massano
- Luís Diferr
- José Garcês
- Zé Manel
- Eugénio Silva
- Baptista Mendes
- Teotónio Agostinho
- João Amaral
- João David
- J. Mascarenhas
- Catherine Labey
- Sara Franco
- Isabel Aboim
- Fernando Filipe
- Fernando Vilhena de Mendonça
- Cação Biscaia
- Augusto Trigo
- José Ruy


"O Infante Portugal" visto por Luís Diferr

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Lendas de Wenceslau de Moraes por José Ruy (5)

Lenda japonesa "Inguwa" *




Desenhos inéditos de (c) José Ruy, 2000 (todos os direitos reservados)
Wenceslau de MoraesSerões no Japão

"É dramática, um pouco tétrica até, mas quanto a mim, define bem a alma japonesa, a aceitação do karma, do destino e das penas sofridas por pecados praticados em vidas anteriores. É a lenda mais profunda e triste que li nos escritos de Wenceslau de Moraes. É a minha preferida."  
José Ruy

Novas obras de Caravaggio

Retrato de Caravaggio por Ottavio Leoni, cerca de 1621

Foram descobertas por uma equipa de especialistas 100 novas obras obras de Caravaggio no Castelo Sforza em Milão, avaliadas em 700 milhões de euros.
O verdadeiro nome de Caravaggio era Michelangelo Merisi (1571-1610) e foi aluno de Simone Pertezano.


Ler artigo aqui.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Licenciaturas fast-food

Desenho de Pedro Domingues, meu ex-aluno.


Já devo ter alguma idade, pois continuo a indignar-me com certos facilitismos, para não lhe chamar baldas e falta de vergonha. Sou de uma era pré-Bolonha e a minha licenciatura foi feita com trabalho a sério, mesmo daquele pré-Internet, sem copianços nem fraudes. Era queimar pestana, após ano, a doer, atrás dos calhamaços, e, muitas vezes vendo a primavera e o verão lá fora, do lado de dentro da vidraça da imponente Biblioteca da Faculdade de Letras. 
Tenho a honra de ter frequentado uma Faculdade de gente séria e de ter feito uma licenciatura "limpinha", à custa de leitura, discussão, escrita e muitas noites em branco. 
Marcou-me pela positiva. Ficou-me o jeito e o gosto. Ainda hoje gosto de passar noites inteiras a escrever e a pensar. Sozinha com o meu candeeiro, como há 30 e tal anos. A mesa não é a mesma e troquei a velha máquina de escrever por um portátil. Já não encho o chão de folhas inutilizadas, pois esta coisa permite-me emendar as gralhas sem estragar o documento, como acontecia nessa época. 
Licenciei-me de cabeça cheia e alma lavada. Fui muito feliz na Faculdade e recordo cada passo daqueles quatro anos como se fosse ontem. 
Oito anos mais tarde, já a trabalhar como professora do Secundário, resolvi fazer outro curso superior, mais quatro anos, desta vez em Língua e Cultura Italiana. 
Acumulei portanto dois diplomas, o que me equivaleu a oito anos de estudo aplicado e muitas cadeiras feitas, a começar em Filosofia Antiga, com 18 anos e a acabar em Tradução, aos 35.
Pelo meio, Lógica, Antropologia, Estética, Ética, Epistemologia, Psicanálise, Ontologia e mais não sei quantas Histórias da Filosofia, Filosofia do Conhecimento, das Ideias e da Cultura, da Linguagem...
Mais tarde doses maciças de Gramática, de Literatura, de História e Cultura Italianas, eu sei lá, no total dos dois cursos, umas boas dezenas de disciplinas, todas anuais.
Pelo meio das aulas e do estudo havia as dissertações, as discussões, os testes e os trabalhos, cujo ponto crítico era a defesa oral; escrever nunca me custou. Lembro-me mais das náuseas matinais do que propriamente de ter medo de encarar o professor, mas frequentemente o suor aflorava na palma das mãos quando ia ao quadro apresentar os meus trabalhos virada para a turma. 
Mesmo sendo já professora quando estudei Italiano, o facto de ali ser aluna, fazia toda a diferença. E a tensão era proporcional à responsabilidade e ao empenhamento.
Orgulho-me dos meus estudos e não os trocaria por nada. Prezo muito as Instituições de prestígio que frequentei e posso dizer que honro os meus diplomas.
Talvez por isso, vejo com dificuldade a mixórdia de cursos superiores que hoje se concedem a troco de equivalências (ou pior do que isso). Os casos de Sócrates ou Relvas devem ser apenas a ponta do icebergue de muitos casos de cursos comprados. 
Não sei se a Universidade em questão é ou não uma casa respeitável, mas todo o ruído à volta destes casos deixa-me francamente mal impressionada. 
Se por uma trágica reviravolta do destino, um dia perder a vergonha, vou lá bater à porta. Com muitos anos de serviço e já tendo feito uma enorme diversidade de tarefas na minha experiência profissional, pode ser que saia de lá com um doutoramento pret-à-porter.
Nessa altura estarei pronta para ingressar numa carreira política.

The Shard rasgando os céus da Europa

In "Fugas"-Público


The Shard parece daquelas construções imponentes da China ou dos Emiratos Árabes Unidos. Mas não, desta vez o desafio está em Londres, próximo da Tower Bridge.
A obra foi imaginada pelo arquiteto Renzo Piano, autor do muito contestado (na época) Centre Pompidou em Paris.
Há 12 anos que Piano imaginou este edifício, a partir de um gurdanapo, quando estava à mesa de um restaurante em Berlim.
Ele pretende que esta torre se torne num ex-libris de Londres, tal como aconteceu com o Empire State Building em New York.
The Shard tem escritórios de empresas, apartamentos, Hotéis e vários pisos de miradouros. Dispões de 44 elevadores para servir os 95 pisos, que se elevam a 310 metros de altura.
Apesar de os mais conservadores terem reagido mal a este arranha-céus, ele foi inaugurado a tempo dos Jogos Olímpicos, que começam no dia 27 de julho. 
Alguns defendem que ele compromete a vista para a St. Paul Cathedral ou que está demasiado próximo da Tower Bridge. Mas o certo é que a skyline de Londres não mais será a mesma.


Ver notícia aqui.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Wittgenstein e os bufões

 "Wittgenstein diz que a linguagem mascara o pensamento, aqui disfarça o vazio. Aprendizes de pensamento único de escola partidária, gente de frases feitas reproduzidas à exaustão, sem a coerência ou a memória que implique a vergonha que vai do que disseram ontem ao que fazem hoje. Gente esponjosa e bafienta que conspurca tudo o que toca. Todos iguais, em circuito fechado, ninguém daria pela troca do nome do boneco. Esta gente com os seus programas de infelicidade. Bufões. Depois deles não virá o caos."
Miguel Cardoso, professor de Filosofia
Texto completo no Blogue De Rerum Natura.
(Um agradecimento à Luísa, pelo envio do link.) 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Lendas de Wenceslau de Moraes por José Ruy (4)

Lenda O Crime de Kadzutoyo* 






Desenhos inéditos de (c) José Ruy, 2000
(todos os direitos reservados)
Wenceslau de MoraesSerões no Japão