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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A Ilusão das redes sociais


"Os utilizadores de sítios como o Facebook ou o Orkut orgulham-se de ter centenas de amigos mas uma investigação concluiu que o círculo de relacionamento destas pessoas é igual ao daqueles que não estão presentes nas redes sociais.

Segundo um estudo da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, o cérebro humano só é capaz de administrar um máximo de 150 amigos nas redes de relacionamento da internet.
O antropólogo Robin Dunbar sublinha que este número é idêntico ao que já havia sido apurado antes de existirem as redes sociais.

Este professor de Antropologia desenvolveu, nos anos 90, a teoria "Número de Dunbar" segundo a qual o tamanho do neocortex humano (a zona do cérebro que é utilizada para o pensamento e a linguagem), limita a capacidade de administrar os círculos sociais a 150 pessoas.

Em entrevista ao jornal "The Times", Dunbar afirmou que "é interessante ver que uma pessoa pode ter 1,5 mil amigos, mas quando se olha para o tráfego nesses sites percebe-se que essa pessoa mantém o mesmo círculo íntimo de cerca de 150 pessoas que observamos no mundo real".

"As pessoas orgulham-se de ter centenas de amigos mas a verdade é que os seus círculos são iguais aos dos outros", sublinhou."


Expresso, Isabel Lopes, 25 de Jan de 2010

Para uma pessoa que não seja aposentada nem desempregada, é impossível ter tempo para alimentar uma infinidade de relações de amizade, quer reais, quer virtuais.

Se, por uma lado, a Net permite estabelecer contactos com pessoas com as quais jamais viríamos a ter alguma relação pelos meios convencionais, por outro, é inegável que se perdeu o verdadeiro sentido da palavra "amigo".

A banalização do termo "amigo" fez com que se deixasse de entendê-lo como aquele a quem se ama, com quem se conversa, em quem se confia. O cúmplice ou confidente com quem se mantém conversas e partilha experiências.

Antigamente fazia-se a distinção entre "amigos" e "conhecidos". Nas redes sociais chegou-se à situação caricata de sermos amigos de desconhecidos!

Não quero que confundam este meu discurso com as posturas radicais do Miguel Sousa Tavares, que odeia Blogues e todos os mecanismos de comunicação em rede. Não é disso que se trata, mas quando me dizem que um amigo de um amigo meu tem mil e tal amigos no Facebook, só me dá vontade de rir...! Como não é deputado nem estrela dos media, deve ser coleccionador de pessoas!

De facto, das cerca de 70 pessoas e instituições que figuram na minha lista de amigos, só uma pequena parte são de facto amigos. Muitos há que não faço a mínima ideia quem são e cujos convites aceitei por cortesia, para não ser indelicada, já que são amigos de alguns amigos meus, esses sim reais.

Há uma semana alguém me perguntava num jantar social: "Tens quinta no Facebook?", ao que respondi que não tinha quinta, nem quintal, nem aquário, pois nem para arrumar a casa tinha tempo, provocando a gargalhada geral perante tão jurássica e prosaica resposta...

Eu incapaz me confesso para gerir e alimentar tanta amizade.

Entretanto, deixo-vos este hino intemporal à Amizade com "A" grande.
E, em qualquer caso, a este Blogue, como dizia o grande Zeca, "seja bem-vindo quem vier por bem!"


5 comentários:

  1. Não teria dito melhor. Concordo plenamente.

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  2. Pois eu estou como tu, Lelé, sem tempo para quintas virtuais e afins!
    Alimento o blogue e já sabe deus!
    Beijocas

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  3. Aristóteles, há cerca de 2500 anos, chamou a atenção para o facto de, sendo um verdadeiro amigo uma espécie de outro eu, não ser possível ter muitos amigos.

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  4. Carlos

    Absolutamente!

    Os amigos de verdade são "soul mates"!

    Obrigada.

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  5. Anabela

    É curioso o teu deus ter letra pequena... :-)))

    Beijos.

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