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segunda-feira, 4 de julho de 2011

A manutenção desta ADD cheira muito a esturro



O Luís Costa revela aqui algum mal-estar e perplexidade, que neste momento, imagino, passa pela mente de muitos dos professores que votaram PSD e que aplaudiram a escolha de Nuno Crato para a pasta da Educação.

Perplexidade, dúvida, desapontamento e alguma tristeza vêm sendo os sentimentos que me tomam desde há alguns dias, à medida que me apercebo de que algumas das bandeiras em que os professores acreditaram, estão, uma após outra, a tombar por terra.

A avaliação de desempenho docente, a famigerada ADD (no modelo em vigor de inspiração lurdina, com make-up isabelino), é uma delas. Apregoado como "monstruosidade kafkiana" pelo novo executivo como coisa para derrubar, é afinal para manter, tal e qual como está e por tempo indeterminado. Tal como o próprio titular da pasta da educação ontem afirmou no Bombarral, ela "não é o problema central da educação" e " há muitos problemas e mais importantes"!

Até aqui, estou de acordo, a avaliação dos professores não é o problema central da educação. Mas o senhor ministro não deveria ignorar o que significa ser obrigado a adoptar um procedimento que, além de ser escorregadio, é inútil e tem de ser entregue a breve prazo (para os professores contratados já foi). 

Reconhecido pelos actuais governantes como inadequado, a única atitude decente a adoptar seria anular no imediato todos os seus efeitos. E sim, senhor ministro, pensar com tempo e cabeça noutros procedimentos avaliativos mais adequados, já que estes, manifestamente não servem.

Eu tinha anunciado a suspensão das actividades neste Blogue há dias. Tinha a firme intenção de iniciar a resolução da minha avaliação, mas só de começar a olhar para aquelas fichas dá-me uma sensação de inutilidade e de estúpida perda de tempo e de energia.

Este modelo, cheio de grelhas e descritores altamente subjectivos é uma verdadeira aberração. Gera tensões nas escolas, competição entre colegas, conflitos de interesses e as incompatibilidades são mais que muitas nas diferentes áreas disciplinares entre avaliadores e avaliados. É, por fim, um modelo injusto e espúrio, a começar pelas quotas e a acabar no intolerável secretismo de todo o processo.

Todas as razões e mais algumas para ser anulado. Porque não é?

Ainda há uns dias o Octávio perguntava "qual o rabo" que estava a manter este modelo, do qual, estou certa, a maioria dos docentes estava a contar ver-se livre, até em virtude de a Assembleia da República já o ter formalmente chumbado antes das eleições e por iniciativa do partido que agora lidera o poder.

Só me ocorre pensar que de facto, deve haver algum "rabo preso", algum acordo do PSD com o PS que desconhecemos, alguma troca de favores do tipo "não mexam nisto por enquanto e nós apoiamos aquilo"...

Estarei enganada? O que acham? É verosímil este volte-face sem aparente motivo?
Cheira a esturro que se farta. E eu às vezes tenho faro de cão!

2 comentários:

  1. Pois não sei que te diga... a não ser que estou contente por continuares aqui... eheheh...
    Beijocas!
    Anabela Magalhães

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  2. Eu estou com a moral um pouco para o rasteiro ao chão (é mesmo coisa de cão!). Mas mesmo assim, é bom sentir-te aqui por perto, pois sei que me entendes...
    Beijo. ;-)

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