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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Parabéns Agustina!


Agustina Bessa-Luís, pseudónimo literário de Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa, faz hoje 90 anos. Nasceu no norte a 15 de Outubro de 1922 de uma família de tradições rurais e com 10 anos mudou-se para o Porto para estudar e mais tarde para Coimbra durante cinco anos. Estreou-se como romancista com a obra "Mundo Fechado" e em 1954 publicou aquela que ainda hoje é a sua obra mais emblemática "A Sibila", que já vai na sua 25ª edição.
Agustina é considerada uma escritora neo-romântica influenciada pelo estilo de Camilo Castelo-Branco. Além de ter escrito também peças de teatro e guiões para televisão, Agustina viu ainda adaptados a cinema alguns dos seus livros pela mão do grande cineasta centenário Manoel de Oliveira. Foi ainda diretora do jornal "O Primeiro de Janeiro" no Porto e do Teatro D. Maria II em Lisboa.
"Também fez parte da Alta Autoridade para a Comunicação Social e da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras).
Agustina-Bessa Luís foi distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres atribuído pelo governo francês (1989).
Assinou mais de 50 obras, desde romances, contos, peças de teatro, crónicas de viagem, livros infantis e biografias. Com 81 anos, conquistou, em 2004, o prestigiado Prémio Camões, por “traduzir a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excecionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”, de acordo com o júri. Hoje, assinala-se o aniversário de Agustina-Bessa Luís."
(Daqui)
Da minha parte aqui fica a homenagem a esta grande escritora, a preferida da minha avó Matilde. Tudo o que era de Agustina ela devorava, e sempre com redobrado gosto; recordá-la-ei para sempre com enorme saudade; fui eu que lhe ofereci "A Sibila", o livro que iniciou esta grande admiração. (Não só nas origens rurais como até fisicamente era parecida com Agustina...)

1 comentário:

  1. No dia do aniversário foi fundado o Círculo Literário Agustina Bessa-Luís e distribuido um livrinho com alguns textos da escritora. Aqui vão dois:
    1 - O Que é Escrever
    «Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso (não de livraria, mas de indignação social profunda) é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração. Mas porque a poética precisão de um acto humano não corresponde totalmente à sua evidência. Ama-se a palavra, usa-se a escrita, despertam-se as coisas do silêncio em que foram criadas. Depois de tudo, escrever é um pouco corrigir a fortuna, que é cega, com um júbilo da Natureza, que é precavida.»
    (Contemplação Carinhosa da Angústia)
    2- O País não precisa de quem diga o que está errado;
    Precisa de quem saiba o que está certo.
    «Os observadores estrangeiros maravilham-se de que Portugal resista à crise política e económica com tal poder de adaptação. Há nos Portugueses uma sinceridade para com o imediato que desconcerta o panorama que transcende o imediato. O infinito é o que eu situo - dizem. E assim vivem. Protegidos talvez por essa condição de afecto pelas coisas, pelos seus próprios delitos, que não consideram dramáticos, só ao jeito das necessidades. De resto — quem se apresenta a salvar-nos que não esteja suspeitamente indignado? Os que muito se formalizam muito escondem; os que acusam demasiado privam-se de ser leais consigo próprios. O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo.»
    (Dicionário Imperfeito)

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