quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Andamos todos de garras afiadas?
Ainda há poucos dias uma colega na sala de professores me dizia que as pessoas andam agressivas e disparam por tudo e por nada. Hoje tive ocasião, infelizmente, de sentir isso na pele.
De garras afiadas, uma senhora com idade para ser minha mãe destratou-me em público, sem pudor algum e com bastante agressividade. Pensei, no fim de tudo e para com os meus botões, que certamente o seu poder económico era inversamente proporcional à sua boa educação e cultura de cidadania.
Senhora certamente habituada a mandar em subalternos a quem fala de alto, deixou transparecer em voz alta e para duas outras pessoas que estavam na fila, o seu desagrado por eu estar a demorar alguns minutos na caixa multibanco, onde, sem qualquer prazer, tive de fazer cinco operações: duas para consultar saldos, outra para consultar NIB, uma para pagar a mensalidade do telemóvel (luxo de que ainda não prescindi por ter família), e outra para fazer uma transferência. Ao todo, cerca de 5 minutos. Uma eternidade, para quem, visivelmente, não está habituada a esperar uns minutos numa fila.
- "Está a ver papeis".
- "Está a fazer a escrita do mês".
- "Ai, valha-me Deus, parece impossível!"
Fui escutando calada, a ver se não me enganava nos algarismos do NIB, na quantia a transferir, no nº do telemóvel. Calada, incomodada, terminei as cinco operações inadiáveis que tinha de fazer, guardei os cartões e fechei a carteira. A dita senhora era a quarta pessoa da fila. A segunda e a terceira esperavam atrás de mim civilizadamente e em silêncio aqueles cinco longuíssimos minutos.
Olhei a senhora de frente e perguntei se tinha alguma coisa para me dizer. Disparou que era uma grande falta de educação da minha parte fazer aquelas operações todas. Devia fazer duas e retirar-me para o lado, dar a vez às pessoas e depois voltar e fazer as restantes quando já não estivesse lá mais ninguém. As outras duas pessoas parecem ter ficado tão estupefactas quanto eu.
- "Perdão???" reagi com surpresa.
A senhora repetiu a mesma frase e eu, ainda incrédula respondi se não seria falta de educação dela, a senhora emitir comentários nas minhas costas enquanto eu estava a fazer o que precisava. Afinal de contas, eu tinha tanto direito a usar o multibanco como qualquer outra pessoa.
- "Mas a escrita faz-se em casa. E conversa acabada, não lhe dou o direito de continuar!"
- "Mas eu não estive a fazer a escrita, apenas umas operações que não podia adiar. E porque deveria dar-lhe a vez?"
- "Acabou, já lhe disse, acabou a conversa. Acabou!!!", vociferou já a gritar.
Então baixou-me a minha condição de povo e respondi à senhora que não a conhecia de lado nenhum e que ela não sabia com quem estava a falar. E dei meia volta afastando-me.
Sabem o que mais aconteceu?
A senhora ficou subitamente mansinha e, acorbardada, respondeu-me "Boa noite".
Eu, que já ia a descer a rua, fiquei furiosa e repliquei:
- "Vá para o diabo que a carregue, minha senhora!"
Aquela senhora não tinha aspeto de quem anda a contar euros e a ver se tira daqui para ali para não ficar com as contas a descoberto. Coisa que eu me vejo, no segundo semestre deste ano, compelida a fazer.
Não tinha o direito de me condenar e chamar mal-educada. Não sei porque tinha tanta pressa e tanta agressividade. Acabei por perder a paciência e falar tão alto quanto ela, o que parece tê-la feito descer à terra e perceber que não estava a dar um fora à sua criada, ao seu jardineiro ou ao seu chauffeur. Eu não costumo dizer estas coisas. Mas que há pessoas que as merecem, há!
Fiquei preocupada e a pensar na agressividade latente que os cidadãos andam a carregar consigo, num quotidiano cada vez mais difícil.
Vamos lá a ver se pelo Natal não vamos para aí andar à estalada uns aos outros na via pública.
Se calhar não era bem ao cidadão do lado que nos apetecia dar um par de estaladas...
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É certo que a falta de paciência está latente e o aumento da agressividade também... veremos onde isso nos vai levar... rsrsrsrs...
ResponderEliminarÂnimo, Lelé!
Beijinho grande!
Depois de mais um pacote de "boas novas" hoje, a tendência é para piorar.
EliminarMas é um erro gastar munições para alvos errados, não é?
Beijo, amiga.