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sábado, 1 de dezembro de 2012

Conjurados e exconjurados


Os tempos vão mesmo beras. E há sintomas e sinais de destruição de uma nação profundamente doente e cujas chagas não cessam de se aprofundar. Hoje não venho referir a tristeza e o desconforto dos bolsos vazios de muitos portugueses. Disso nem é bom falar. 
Mas não posso deixar de falar do retrocesso que constitui a progressiva tentativa de abolir as nossas memórias históricas, como datas de comemorações importantes para a nossa identidade nacional. 
Fazer passar ao esquecimento dias como o 5 de outubro ou o 1º de dezembro são uma afronta a quem preza minimamente a cultura e a História de um país e de um povo. 
Homenagear aqueles que, com bravura, lutaram pela independência nacional em 1640, era o que se costumava fazer a 1 de dezembro, assinalando o dia como feriado, pelo seu significado simbólico. 
Haverá algo mais importante para a identidade de um país do que a sua independência? Parece-me básico. No entanto, ao que se diz, este será o último 1º de dezembro como feriado nacional.
O mesmo se anunciou a 5 de outubro. Pode passar a não se falar mais sequer daqueles que derrubaram o regime monárquico em 1910 para instaurar uma forma de governo com ideais republicanos e democráticos, com vista ao desenvolvimento do país em moldes mais justos e igualitários.
Manter vivas estas duas datas na memória dos portugueses, seria o mínimo do respeito pelas efemérides em causa na História de Portugal, se para tal houvesse brio e vergonha.
Por este caminho, dentro de poucas gerações, já mais ninguém saberá o que foram a restauração da independência ou a implementação da República e passarão rapidamente a ficar envoltas nas brumas da memória.

4 comentários:

  1. Estou plenamente de acordo e sinto igualmente tristeza por se estar a perder tanto...
    Já me sentia triste quando perguntavam a alguém pela razão do feriado e as pessoas não sabiam. Agora cada vez mais serão os que não sabiam, não sabem e nem querem saber.

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    1. É um sério risco, pois se muitos já não sabiam, assim, ainda vai ser pior.

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  2. Vistas bem as coisas, talvez os nossos clarividentes governantes, esbirros e secretários tenham razão: o dia 1 de Dezembro deve ser um dia de trabalho.
    Afinal, os conjurados de 1640 foram trabalhar naquele dia! E não foi moleza - como diriam os brasileiros! Se tivessem feito gazeta, talvez hoje falássemos espanhol.
    O Secretário Miguel de Vasconcelos também foi trabalhar. Infelizmente para ele, o dia não lhe correu bem!...
    O mesmo raciocínio se aplica ao 5 de Outubro ou ao 25 de Abril: é preciso trabalhar para varrer a porcaria! Já quanto ao Natal, parece que a Santa Sé descobriu que, afinal, o burro e a vaca não se apresentaram ao serviço no dia em que o menino nasceu; como resultado, baniu-os do presépio que não serve para lorpas relapsos ao trabalho. Aquele foi um dia, aliás, em que a Senhora Maria também trabalhou.
    E que dizer dos camelos, que vieram de tão longe com faustosos reis repimpados no lombo, atulhados de mirra e outras pesadas prendas?
    Não, conclui-se assim que os nossos 1º e 2º homens do governo são pessoas com uma profunda e requintada cultura histórica e patriótica! Só falta o Otelo lembrar-se de se pôr também ele a trabalhar!...

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    1. Livra, não, esse não, que hoje em dia está assim para o doido. Que se deixe estar, a gozar a sua reforma, em regime de bigamia publicamente assumida. De cada vez que fala diz disparate.

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