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domingo, 13 de dezembro de 2009

A vida de Haminetu Haidar pode estar por um fio




Há 29 dias em greve da fome, tomando apenas água com açúcar, a saúde da militante sarauhi parece estar a entrar numa fase de danos irreversíveis, que podem custar-lhe a vida.

Presa a 13 de Novembro no aeroporto no de El Aaiun, capital do Sahara Ocidental, quando descia do avião proveniente das Canárias, encontra-se em Lanzarote, onde tem recebido algumas personalidades que fizeram questão de cumprimentá-la e manifestar-lhe o seu apoio, como José Saramago, Miguel Portas, João Ferreira (do PCP), Duarte Cordeiro, secretário-geral da JS e Deputado à Assembleia da República, Pedro Vaz, vice-presidente da JS e Pedro Delgado Alves, vice-presidente da ECOSY – Young European Socialists, que levaram uma carta da Deputada Socialista Europeia Ana Gomes. Também António Guterres pediu a intervenção das Nações Unidas neste caso.

Aqui ao lado, na Espanha, personalidades da vida artística e intelectuais como Pilar Bardem, Pedro Almodóvar, Juan Diego Botto, Javier Bardem, Penélope Cruz, Alberto San Juan, Ignacio Ramonet, Carlos Taibo e Fernando Sánchez Drago apelaram para a que o Rei Juan Carlos intervenha para salvar a vida da activista sarauhi.

Haidar escreveu uma carta aos filhos a dizer que os ama muito, que mais parece uma despedida. Os médicos que a acompanham restringiram as visitas em virtude da sua extrema fragilidade.

A Amnistia Internacional já apelou para o governo de Marrocos, aparentemente sem sucesso.


Quem é Haminetu Haidar

"Em 1987, com 21 anos de idade, Aminetu Haidar foi um dos 700 manifestantes detidos por participar numa manifestação pacífica em que se reclamava o referendo de autodeterminação. A activista foi dada como “desaparecida”, não tendo sido apresentada a tribunal nem confirmada como presa, permanecendo durante quatro anos em centros secretos de detenção onde, juntamente com outras 17 mulheres saharauis, foi sujeita a diversas formas de tortura. Após ter sido libertada, em 2005, a policía marroquina deteve-a e espancou-a após a sua participação numa manifestação pacífica. Foi libertada 7 meses depois, graças à pressão internacional de organizações como a Amnistia Internacional e o Parlamento Europeu.
Desde então, Aminetu Haidar tem percorrido o mundo denunciando a ocupação militar marroquina e defendendo o direito do seu povo à autodeterminação.

Aminetu nasceu em 1967 em El Aaiún, Sahara Ocidental. É mãe de dois filhos e tem um bacharelato em literatura moderna. Foi galardoada com o Prémio de Direitos Humanos Robert F. Kennedy 2008, o 2007 Silver Rose Award (Áustria), e o Prémio de Direitos Humanos 2006 Juan María Bandrés (Espanha). Foi nomeada pelo Parlamento Europeu para o Prémio de Direitos Humanos Andrei Sakarov. A Amnistia Internacional (EUA) apresentou a sua candidatura ao Prémio Fondo Ginetta Sagan, tendo sido igualmente nomeada para o Prémio Nobel da Paz."


Fonte: Associação de Amizade Portugal – Sahara Ocidental


Imagens: Haminetu Haidar: antes e depois da greve da fome e com José Saramago.

Post actualizado às 20:25 do dia 14 de Dezembro:

"O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Miguel Angel Moratinos, aconselhou a activista sarauí Aminatu Haidar a abandonar a greve de fome que mantém desde 16 de Novembro e a prosseguir de outra forma a luta pela sua causa “justa e legítima”.

Ler a notícia completa no Público.

2 comentários:

  1. Lelé
    Desculpa entrar por aqui, para te dizer obrigado.
    Por este post, bem se vê que o tempo não cura tudo. Há vinte e tal anos que conheci um príncipe sarauí e o problema ainda se reflecte nesta senhora.
    Como dizia um reclame da swatch, que é a melhor definição de tempo que conheço: O tempo é o que a gente faz com ele."
    Boa blogagem e sempre que tenha algo a partilhar, para ti lharei...

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  2. Miguel
    Não tens o que me agradecer.
    És sempre bem-vindo.
    Esta é também a tua casa.
    Quanto ao tempo, "esse maganão", às vezes dá-nos mais do que aquilo em que acreditamos.
    E atrás da névoa virá o Sol.
    Um abraço.

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