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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Fala do Homem nascido



Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém

Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci

Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr

Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta rumo ao norte

meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada

Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham

Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu

Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar

com licença com licença
com rumo à estrela polar

(Enviado por Leonidia Marinho)

2 comentários:

  1. "...Quero eu e a natureza
    Que a natureza sou eu..."
    Uma poética carta-epistolar__ de onde veio; para onde vai__"...rumo à estrela Polar..."
    Gostei muito.
    Bjkas alegres,
    Calu

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  2. Um blog que estava a ir tão bem... e de repente, isto! :-)))

    Abreijos.

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