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domingo, 24 de fevereiro de 2013

4º aniversário da Pérola de Cultura


Ilustração: (c) Ziba Karbassi

Não fosse o Sol estar presente para alegrar esta manhã fria de inverno, nem me teria lembrado que hoje é dia 24 de fevereiro e que, precisamente há 4 anos, decidi criar este espaço de partilha e prazer. 
Ter-me lembrado deste aniversário fez-me por momentos voltar a estas páginas, das quais, por via de muitos afazeres e alguns constrangimentos impostos pelo maravilhoso mundo da Internet, me tenho mantido arredada.
Não houve jantar com os amigos que tão gentilmente colaboraram, nem bolo de aniversário como habitualmente, mas a crise tem-nos deixado a todos num tal estado de torpor e desânimo que não admira que não haja nem espírito nem euros para a festa.
Não quero porém deixar passar esta data sem vos dar a todos um abraço com muito carinho e gratidão: aos que lêem, aos que comentam, mas especialmente àqueles que durante quatro anos fizeram deste Blogue um conjunto de páginas dignas, de divulgação da Cultura, das Artes ou das Ciências, sempre com bom gosto e, sobretudo, bastante autenticidade no que escreveram ou desenharam. 
Bem hajam pelas vossas colaborações e até sempre. Vemo-nos por aí.
Por hoje fica um brinde à vossa saúde, em noite de Lua cheia!
Com amor,

Lelé Batita

Obrigada Luís Diferr, pela simpática dedicatória "4 anos de Pérolas rolantes, contra ventos e Miguéis".

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"O roubo do presente" por José Gil


"Nunca uma situação se desenhou assim para o povo português: não ter futuro, não ter perspetivas de vida social, cultural, económica, e não ter passado porque nem as competências nem a experiência adquiridas contam já para construir uma vida. Se perdemos o tempo da formação e o da esperança foi porque fomos desapossados do nosso presente. Temos apenas, em nós e diante de nós, um buraco negro.
O «empobrecimento» significa não ter aonde construir um fio de vida, porque se nos tirou o solo do presente que sustenta a existência. O passado de nada serve e o futuro entupiu.
O poder destrói o presente individual e coletivo de duas maneiras: sobrecarregando o sujeito de trabalho, de tarefas inadiáveis, preenchendo totalmente o tempo diário com obrigações laborais; ou retirando-lhe todo o trabalho, a capacidade de iniciativa, a possibilidade de investir, empreender, criar. Esmagando-o com horários de trabalho sobre-humanos ou reduzindo a zero o seu trabalho.
O Governo utiliza as duas maneiras com a sua política de austeridade obsessiva: por exemplo, mata os professores com horas suplementares, imperativos burocráticos excessivos e incessantes: stresse, depressões, patologias border-line enchem os gabinetes dos psiquiatras que os acolhem. É o massacre dos professores. Em exemplo contrário, com os aumentos de impostos, do desemprego, das falências, a política do Governo rouba o presente de trabalho (e de vida) aos portugueses (sobretudo jovens).
O presente não é uma dimensão abstrata do tempo, mas o que permite a consistência do movimento no fluir da vida. O que permite o encontro e a intensificação das forças vivas do passado e do futuro - para que possam irradiar no presente em múltiplas direções. Tiraram-nos os meios desse encontro, desapossaram-nos do que torna possível a afirmação da nossa presença no presente do espaço público.
Atualmente, as pessoas escondem-se, exilam-se, desaparecem enquanto seres sociais. O empobrecimento sistemático da sociedade está a produzir uma estranha atomização da população: não é já o «cada um por si», porque nada existe no horizonte do «por si». A sociabilidade esboroa-se aceleradamente, as famílias dispersam-se, fecham-se em si, e para o português o «outro» deixou de povoar os seus sonhos - porque a textura de que são feitos os sonhos está a esfarrapar-se. Não há tempo (real e mental) para o convívio. A solidariedade efetiva não chega para retecer o laço social perdido. O Governo não só está a desmantelar o Estado social, como está a destruir a sociedade civil.
Um fenómeno, propriamente terrível, está a formar-se: enquanto o buraco negro do presente engole vidas e se quebram os laços que nos ligam às coisas e aos seres, estes continuam lá, os prédios, os carros, as instituições, a sociedade. Apenas as correntes de vida que a eles nos uniam se romperam. Não pertenço já a esse mundo que permanece, mas sem uma parte de mim. O português foi expulso do seu próprio espaço continuando, paradoxalmente, a ocupá-lo. Como um zombie: deixei de ter substância, vida, estou no limite das minhas forças - em vias de me transformar num ser espetral. Sou dois: o que cumpre as ordens automaticamente e o que busca ainda uma réstia de vida para os seus, para os filhos, para si.
Sem presente, os portugueses estão a tornar-se os fantasmas de si mesmos, à procura de reaver a pura vida biológica ameaçada, de que se ausentou toda a dimensão espiritual. É a maior humilhação, a fantomatização em massa do povo português. Este Governo transforma-nos em espantalhos, humilha-nos, paralisa-nos, desapropria-nos do nosso poder de ação. É este que devemos, antes de tudo, recuperar, se queremos conquistar a nossa potência própria e o nosso país."
José Gil, filósofo, in Visão

Sobre o entoar da canção "Grândola vila morena" que agora vem ressurgindo (primeiro num órgão de soberania como a Assembleia da República e depois junto do governante Miguel Relvas), eis a interpretação de José Gil na TSF.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Valter Hugo Mãe sobre os professores


Os professores 
 "Achei por muito tempo que ia ser professor. Tinha pensado em livros a vida inteira, era-me imperiosa a dedicação a aprender e não guardava dúvidas acerca da importância de ensinar. Lembrava-me de alguns professores como se fossem família ou amores proibidos. Tive uma professora tão bonita e simpática que me serviu de padrão de felicidade absoluta ao menos entre os meus treze e os quinze anos de idade. A escola, como mundo completo, podia ser esse lugar perfeito
... Ver mais de liberdade intelectual, de liberdade superior, onde cada indivíduo se vota a encontrar o seu mais genuíno, honesto, caminho. Os professores são quem ainda pode, por delicado e precioso ofício, tornar-se o caminho das pedras na porcaria de mundo em que o mundo se tem vindo a tornar. Nunca tive exatamente de ensinar ninguém. Orientei uns cursos breves, a muito custo, e tento explicar umas clarividências ao cão que tenho há umas semanas. Sinto-me sempre mais afetivo do que efetivo na passagem do testemunho. Quero muito que o Freud, o meu cão, entenda que estabeleço regras para que tenhamos uma vida melhor, mas não suporto a tristeza dele quando lhe ralho ou o fecho meia hora na marquise. Sei perfeitamente que não tenho pedagogia, não estudei didática, não sou senão um tipo intuitivo e atabalhoado. Mas sei, e disso não tenho dúvida, que há quem saiba transmitir conhecimentos e que transmitir conhecimentos é como criar de novo aquele que os recebe. Os alunos nascem diante dos professores, uma e outra vez. Surgem de dentro de si mesmos a partir do entusiasmo e das palavras dos professores que os transformam em melhores versões. Quantas vezes me senti outro depois de uma aula brilhante. Punha-me a caminho de casa como se tivesse crescido um palmo inteiro durante cinquenta minutos. Como se fosse muito mais gente. Cheio de um orgulho comovido por haver tantos assuntos incríveis para se discutir e por merecer que alguém os discutisse comigo. Houve um dia, numa aula de história do sétimo ano, em que falámos das estátuas da Roma antiga. Respondi à professora, uma gorduchinha toda contente e que me deixava contente também, que eram os olhos que induziam a sensação de vida às figuras de pedra. A senhora regozijou. Disse que eu estava muito certo. Iluminei-me todo, não por ter sido o mais rápido a descortinar aquela solução, mas porque tínhamos visto imagens das estátuas mais deslumbrantes do mundo e eu estava esmagado de beleza. Quando me elogiou a resposta, a minha professora contente apenas me premiou a maravilha que era, na verdade, a capacidade de induzir maravilha que ela própria tinha. Estávamos, naquela sala de aula, ao menos nós os dois, felizes. Profundamente felizes. Talvez estas coisas só tenham uma importância nostálgica do tempo da meninice, mas é verdade que quando estive em Florença me doíam os olhos diante das estátuas que vira em reproduções no sétimo ano da escola. E o meu coração galopava como se estivesse a cumprir uma sedução antiga, um amor que começara muito antigamente, se não inteiramente criado por uma professora, sem dúvida que potenciado e acarinhado por uma professora. Todo o amor que nos oferecem ou potenciam é a mais preciosa dádiva possível. Dá -me isto agora porque me ando a convencer de que temos um governo que odeia o seu próprio povo. E porque me parece que perseguir e tomar os
professores como má gente é destruir a nossa própria casa. Os professores são extensões óbvias dos pais, dos encarregados pela educação de algum miúdo, e massacrá-los é como pedir que não sejam capazes de cuidar da maravilha que é a meninice dos nossos miúdos. É como pedir que abdiquem de melhorar os nossos miúdos, que é pior do que nos arrancarem telhas da casa, é pior do que perder a casa, é pior do que comer apenas sopa todos os dias. Estragar os nossos miúdos é o fim do mundo. Estragar os professores, e as escolas, que são fundamentais para melhorarem os nossos miúdos, é o fim do mundo. Nas escolas reside a esperança toda de que, um dia, o mundo seja um condomínio de gente bem formada, apaziguada com a sua condição mortal mas esforçada para se transcender no alcance da felicidade. E a felicidade, disso já sabemos todos, não é individual. É obrigatoriamente uma conquista para um coletivo. Porque sozinhos por natureza andam os destituídos de afeto. As escolas não podem ser transformadas em lugares de guerra. Os professores não podem ser reduzidos a burocratas e não são elásticos. Não é indiferente ensinar vinte ou trinta pessoas ao mesmo tempo. Os alunos não podem abdicar da maravilha nem do entusiasmo do conhecimento. E um país que forma os seus cidadãos e depois os exporta sem piedade e por qualquer preço é um país que enlouqueceu. Um país que não se ocupa com a delicada tarefa de educar, não serve para nada. Está a suicidar-se. Odeia e odeia-se."
Texto de Valter Hugo Mãe 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bento XVI volta a ser Joseph Ratzinger

Este é um Blogue crítico, reflexivo,  descomprometido e irreverente. Muitas vezes a roçar o ateísmo. 
O que não significa que todos os que aqui escrevem sejam como eu. Há um respeito pelos sentimentos de fé dos meus amigos e colaboradores.
Porém, não esconderei a satisfação que me deu saber que o atual Papa apresentou a sua demissão do cargo de Sumo Pontífice da Igreja Católica. 
Nessa mesma Igreja fui educada e dela me afastei, provavelmente de forma irreversível, desde que comecei a pensar nas barbaridades e incongruências praticadas em nome da fé cristã.

Joseph Ratzinger, o Papa bento XVI
Desde as cruzadas aos autos-de-fé, passando pelas atrocidades cometidas contra homens de Ciência e crimes de incesto nas próprias famílias dos Papas (como os famigerados Bórgia, por exemplo), uma avalanche de atos repulsivos buliram para sempre com a minha consciência de cristã (católica na infância, com comunhão, crisma e tudo) e deixei de me sentir uma das ovelhas dessa imensa comunidade no mundo.
O mesmo penso em relação a todos os fundamentalismos religiosos que usam o nome de Deus, quer se chame Alá, Jeová ou Nosso Senhor, para lesar o próximo e atacar os direitos humanos e a liberdade de pensamento e expressão, excluir minorias ou ditar de cátedra que isto é bom e Deus aceita, aquilo é mau e que Deus repudia. O que é normal e o que é anormal, o que deve e o que não deve ser feito. 

"Devemos ser todos irmãos em Cristo", repetem os Papas. 
Se calhar é em nome de uma duvidosa tolerância que se convida todos os tipos de líderes de Estado para a festa da "coroação", mesmo que sejam autores de atrocidades (como os ditadores Mugabe ou Kadhafi). Mas não somos todos irmãos? Não devemos perdoar e dar a outra face?
Porquê então a ausência do Dalai Lama, também ele chefe de Estado e líder religioso?

Em tempos idos não éramos assim "tão" irmãos de Giordano Bruno e Galileu Galilei, quando torturámos, espancámos e queimámos vivo o primeiro e arruinámos a carreira, queimámos os livros, mostrámos os instrumentos de tortura e condenámos a prisão domiciliária perpétua o segundo, pois não? 

Também não queremos ser irmãos de pessoas que por "azar" se apaixonam por outras que nasceram com o sexo semelhante ao nosso, pois é contra-natura e Deus vai achar repulsivo. 
Deus também não vai gostar que nos deitemos com o nosso namorado antes do casamento, pois, se calhar, quem sabe, após a experiência, já não queiramos casar com aquele mas sim procurar outro com quem as coisas funcionem melhor. Sim, porque isto do corpo também tem as suas empatias. Mas não, sexo é pecado se não for com o exclusivo propósito da procriação. E tudo o que é pecado é sujo e feio e, como tal, Deus não gosta.

Como uma das prerrogativas do Papa é (ou era) ser infalível, nenhum dos seus ditames pode ser questionado, porquanto todas as encíclicas assinadas pela sua mão, passam a ter o mesmo valor das Sagradas Escrituras, que supostamente foram ditadas pelo próprio Deus e da palavra divina ninguém pode duvidar. Se o Sumo Pontífice da Igreja Católica é infalível e até lhe chamam o Santo Padre, se é Santo não se pode enganar e é como se fosse Deus na Terra. Sabe o que faz e diz, e o que diz é sagrado verbo. O que escreve é de cera forma também uma "sagrada escritura", já que ganha força de lei. Para não ser questionada e para dela ninguém poder duvidar assume-se como dogma.

Perdão, mas não funciono com dogmatismos e para mim não há homens infalíveis e nem santos. Nem Papas, nem Ayatollahs, nem gurus de nenhuma espécie.

Diálogo e abertura na Igreja, precisa-se urgentemente. Reconhecer erros do passado, também não faz mal a ninguém, mas mais importante do que isso é pensar no presente e projetar-se no futuro e saber que Igreja queremos ter e para quê.  

Nunca escondi a minha antipatia por Joseph Ratzinger, desde a primeira hora. Sabia que ele fazia parte da ala mais conservadora e retrógrada dos Cardeais do Vaticano e tinha responsabilidades na excomunhão de católicos progressistas, como por exemplo, Leonardo Boff e outras pessoas ligadas a interpretações teológicas mais liberais. 
A minha má impressão sobre aquele que muitos viram como um grande pensador ou mesmo filósofo alemão, poliglota, culto, reflexivo e moderno, confirmou-se quando soube das suas ligações à Juventude Hitleriana e, last but not least, a imperdoável omissão sobre o conhecimento dos factos ligados aos crimes de pedofilia nas fileiras da Igreja, cujos dossiers ignorou propositadamente, só tendo vindo a admitir a sua existência anos mais tarde.

Depois disso, só ocasionalmente ouvi falar dele, pois propositadamente, decidi não perder tempo com a sua pessoa, as suas viagens, as suas campanhas anti-preservativo e outros dislates afins.
Não gostei nunca das suas falas mansas que cheiram a falso, pois manso é que ele não é e não deve ser tão cordeiro como quer fazer parecer. 

Ratzinger evidencia algumas fragilidades, o que é normal para a sua idade e condição física. E neste momento revelou lucidez e sentido de oportunidade, e aqui tenho de lhe tirar o chapéu, ao apresentar a demissão e terminar as suas funções na vida pública, antes de nos sujeitar ao espetáculo degradante a que assistimos com João Paulo II nos últimos anos do seu pontificado. 
É a primeira vez desde há séculos que um Papa sai de funções a não ser pela mão pesada da morte.

"Já não me sinto com forças para continuar a governar barca de S. Pedro"Aqui o intolerante, preconceituoso e rígido Ratzinger portou-se mais como um homem de Estado (o Vaticano é isso mesmo e não só a sede da Igreja Católica Apostólica Romana) do que como Papa, o que atesta a sua formação alemã e pragmática. A mesma faceta demonstrou ao aderir ao Twitter e começar a enviar mensagens a mais de um milhão e meio de seguidores. Qual Cavaco Silva!
Faz bem em sair de cena pela porta grande, antes de começar a ter desmaios, quedas e a babar-se ou adormecer durante os discursos. Aufwiedersehen Joseph; e obrigada por nos poupares!

Muitos crentes viram no raio que supostamente caiu sobre o teto da Basílica de S. Pedro algum tempo depois um sinal do céu. Parecia "Deus a manifestar-se". 
Pode ser, mas a manifestar o quê? Raiva, júbilo, alívio? 
Seria o equivalente do terramoto de hoje de manhã, após as experiências nucleares realizadas por aqueles loucos megalómanos na Coreia do Norte?
Os deuses não são distraídos como se possa pensar! E os artistas da fotografia também não...

Ver aqui a imagem do raio sobre a Basílica de S. Pedro em Roma.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Eis a explicação



Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:


Colbert: - 
Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço...
Mazarino: - 
Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado... é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: - 
Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - 
Criando outros.
Colbert: - 
Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: - 
Sim, é impossível.
Colbert: - 
E sobre os ricos?
Mazarino: - 
Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - 
Então como faremos?
Mazarino: - 
Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Aniversário de Almeida Garrett

"Almeida Garrett e a Cidade Invicta", (c) José Ruy

PREITO

É lei do tempo, Senhora,
Que ninguém domine agora
E todos queiram reinar.
Quanto vale nesta hora
Um vassalo bem sujeito,
Leal de homenage e preito
E fácil de governar?

Pois o tal sou eu, Senhora:
E aqui juro e firmo agora
Que a um despótico reinar
Me rendo todo nesta hora,
Que a liberdade sujeito...
Não a reis! - outro é meu preito:
Anjos me hão-de governar.

“Folhas Caídas” Almeida Garrett,
Vinhetas do álbum em BD de José Ruy 
“ALMEIDA GARRETT E A CIDADE INVICTA”
"Almeida Garrett e a Cidade Invicta", (c) José Ruy

A 4 de fevereiro de 1799 nasce no Porto, João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett. Escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português, foi o grande impulsionador do teatro em Portugal. Propôs a edificação do Teatro Nacional e a criação do Conservatório. Em 1816 inscreveu-se na Faculdade de Leis e tomou contacto com os ideais liberais. Em 1843 começou a publicar as “Viagens na Minha Terra”. Foi o homem que deu à língua portuguesa o preceito de modernidade.

Cortesia de Tita Fan