(Cartoon cujo autor não foi possível identificar)
Fátima Campos Ferreira dizia, embevecida e em direto na RTP1, que os católicos presentes na Praça de S. Pedro regurgitavam quando, após a saída do fumo branco da chaminé da Capela Sistina, um cardeal anunciou à janela "Habemus Papam".
Poucas horas mais tarde a SIC Notícias, difundia que os homossexuais católicos emitiram uma comunicado a dar conta do seu "desalento pela escolha do cardeal Bergoglio para Papa".
Este jesuíta considera a homossexualidade e o casamento gay como "um plano de Satanás para enganar os filhos de Deus" e a "destruição do plano de Deus".
A esta seguiram-se dezenas de notícias nas redes sociais a dar conta do passado do cardeal Bergoglio, associando-o ao general Videla, que fez milhares de vítimas na Argentina durante a ditadura militar.
Enquanto isso, uma parte das pessoas, sobretudo as católicas, rejubilavam com esta nomeação, enchendo-se de alegria e esperança por a Igreja Católica ter pela primeira vez um Papa da América Latina, vendo nisso uma esperança de mudança e progresso.
Outras houve que se encantaram com a escolha do nome Francisco, associando-o, de imediato e na sua boa-fé, a S. Francisco de Assis, o religioso que renunciou à riqueza e se despojou de todos os bens materiais para se unir aos pobres e aos animais, vivendo em comunhão com a Natureza.
Com maior probabilidade o cardeal escolheu, na minha opinião, o nome igual a S. Francisco Xavier, o co-fundador da Companhia de Jesus, à qual pertence.
Por acaso, este Papa nasceu a 17 de dezembro como eu, e também como eu, se licenciou em Filosofia. Por aí, poderia ser-me, à priori, uma figura simpática. Mas bastaram poucas horas para que por todo o lado se pusessem a descoberto notícias que, a serem confirmadas, mais uma vez vêm demonstrar que o Vaticano não tem remédio, é sempre mais do mesmo, a "evolução na continuidade", como dizia o Professor Marcello Caetano.
Este cardeal tinha ficado em segundo lugar na eleição que escolheu Joseph Ratzinger para Papa. Agora, com a resignação daquele, este subiu a primeiro lugar. Apenas a dança das cadeiras, nada mais. O aparelho retrógrado do Estado mais rico e mais tradicionalista do mundo no seu melhor.
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