Mostrar mensagens com a etiqueta Atentado à dignidade. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Atentado à dignidade. Mostrar todas as mensagens
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Indignação
Indignaram-me as condecorações de Maria de Lurdes Rodrigues e Nuno Crato, antigos ministros de Educação, pelo presidente cessante. Para mim, Cavaco termina o mandato com mais esta nódoa: a de agraciar com medalhas de honra por bons serviços prestados ao país duas das pessoas que mais mal conseguiram fazer à Escola pública e aos professores.
Há quem tente hoje em dia relativizar os "males" que MLR impôs aos docentes e à escola comparando-os com os de Nuno Crato, eventualmente ainda piores. Mas, não nos esqueçamos de que, por muito mau que Nuno Crato tenha sido, isso não pode de modo algum isentar Maria de Lurdes Rodrigues de todos os males que fez à escola pública e sobretudo aos professores. Acrescento: nunca tinham existido tantos suicídios de professores como no tempo negro que essa senhora nos fez passar. Nunca me poderei esquecer disso, nem do seu ar de freira, de discurso auto-vitimizador, do sarcasmo, do desprezo e da grosseria com que os seus secretários de estado zurziram publica e sistematicamente a classe docente, começando pela infame campanha de descredibilização da sua imagem junto da opinião pública e dos media.
O pior modelo de avaliação de desempenho docente alguma vez imposto foi o da vigência de MLR. A ideia dos professores titulares e do respetivo e absurdo concurso, idem. Foi ela quem quis estratificar os professores numa cadeia hierárquica dentro da escola, comparando-os a generais e soldados, como na tropa, e como se a escola fosse um quartel. Foi ela quem instituiu o modelo de gestão concentrando poderes numa só pessoa, como se da administração de uma empresa se tratasse. Foi ela que começou por fechar escolas. Isabel Alçada continuou. Foi ela quem começou a falar em agrupamentos. Isabel Alçada continuou. Foi ela que começou por tentar esvaziar, em suma, toda a democraticidade interna das escolas. Quando chega Nuno Crato encontra já o terreno todo minado. Transforma os agrupamentos em mega-agrupamentos, aumenta o número de alunos por turma, congela para sempre as progressões na carreira, que as suas antecessoras tinham iniciado, e lança no desemprego milhares de professores.
Manobras escusas como a requalificação, reintegração ou rescisão "amigável" não são mais do que formas de despedir pessoas, reduzindo ao mínimo os quadros e passando todos a "contratados sem termo fixo".
Enfim, poderia continuar aqui a desfiar um rosário de males que estas pessoas vieram impondo ao ensino público e aos professores, sempre em nome de supostas "melhorias", aumento da qualidade na docência, diminuição do abandono escolar ou outras patranhas do género.
Não sabe Cavaco quantas doenças profissionais estas pessoas causaram aos professores, desde depressões até suicídios, como nunca antes se tinham registado?
Não sabe Cavaco que foi a partir do tremendo desrespeito com que Lurdes Rodrigues e seus acólitos trataram os docentes que aumentaram do forma exponencial agressões de alunos e pais a professores, de uma forma nunca vista neste país?
Não sabe Cavaco que, mais do que nunca houve uma avaliação absurda e até inconstitucional, (como se veio a provar, sobre professores contratados, por exemplo), assim como despedimentos, erros concursais, atropelos e processos mais do que turvos na contratação de docentes, como nunca dantes se tinha visto?
Não sabe Cavaco que foi durante a vigência de Lurdes e Crato, os seus medalhados, que mais professores tiveram de abandonar as suas famílias e as suas casas, para irem dar aulas a 200, 300 ou 400 km da sua residência?
Não sabe Cavaco quantos casais Crato e Rodrigues ajudaram a separar ou divorciar, ou quantas crianças retiraram do colo das suas mães?
Não sabe porventura Cavaco que durante a vigência de Crato e Rodrigues a indisciplina nas Escolas atingiu números e gravidade nunca dantes vistos em Portugal?
Quantas pessoas Crato e Rodrigues obrigaram a ter de pagar para trabalhar, colocados de modo a que tivessem de pagar duas rendas, fazer face a consumos de gasolina e portagens impossíveis de aguentar?
Não sabe Cavaco que muitos professores, não tendo emprego no sistema público, tiveram de entregar-se nas mãos de máfias de alguns colégios privados, onde são objeto de quase escravatura, desde abusos nos horários, até situações de assédio moral e chantagens de todo o tipo?
Não há dúvidas sobre os méritos que estes dois medalhados tiveram na vida das escolas e dos professores.
Cavaco termina o seu mandato da pior maneira possível: legitimando e prestando honrarias à incompetência e à maldade.
Parabéns ao Cavaco! Estas condecorações são bem o retrato de quem as atribuiu.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Professoras indignadas com livro infantil que as compara a vacas


Docentes criticam piada que surge em fase de ataques de alunos à sua autoridade
"Uma anedota destinada a crianças que compara o professor a uma vaca está a causar mal-estar junto da classe e até já levou docentes a queixarem-se à editora Civilização, responsável pelo livro infantil onde foi publicada (ver imagem). Os professores entendem que a piada surge na pior altura, precisamente quando sucedem casos de ataques de alunos à sua autoridade.
A editora já anunciou que vai retirar a anedota do livro 365 Piadas Novas, indicado para crianças a partir dos sete anos. "Recebemos duas ou três cartas de professores e como estamos a fazer uma nova impressão decidimos retirar essa anedota. Por isso, na nova edição já não aparece", adiantou ao DN a directora editorial da Civilização, Simona Cattabiani.
No entanto, este é um episódio que os professores dizem ser lamentável. "Da nossa parte só posso manifestar repúdio por essa piada", refere João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional da Educação (FNE). Já o professor Ramiro Marques, que foi o primeiro a denunciar publicamente o caso no seu blogue ProfBlog, vê a publicação da anedota como "uma falha de supervisão da editora". Apesar de desvalorizar o incidente, o professor admite que "a situação tem a sua gravidade". Até porque "há muitos alunos que chamam vacas às professoras. E esse é que é o problema", sublinha Ramiro Marques.
A intenção do autor é algo que os docentes querem ver esclarecido. O líder do Movimento Mobilização e Unidade dos Professores (MUP), Ílidio Trindade, defende que "é preciso saber se é pura invenção ou se o autor pretende ironicamente demonstrar o que será a forma como são vistos os professores pela sociedade". De qualquer modo, Ílidio Trindade entende que esta anedota "é uma vergonha".
Para Ramiro Marques, a anedota é levada ainda mais a sério devido às circunstâncias. "Veio numa altura má, porque os professores lidam com injúrias todos os dias e não conseguem travá-las. Os alunos desrespeitam-nos e os pais depois ainda os defendem", explica. O docente acrescenta que se o livro tivesse saído há seis anos ninguém ia levar a mal.
O autor do blogue conta que foram colegas da escola que lhe mostraram o livro com a anedota. Na sua opinião, este tipo de situações só acontece porque, em tempos, responsáveis, como secretários de Estado e directores regionais da Educação, puseram em causa a imagem dos professores. E claro que isto se reflecte no bem-estar e na motivação dos professores, alerta Ramiro Marques.
Quanto ao impacto que esta anedota pode ter nas crianças, o psicólogo Jorge Gravanita diz que cabe aos pais desvalorizar a situação. "É uma piada de mau gosto, mas os pais devem explicar o seu sentido", esclarece.
O livro está na 4.ª edição, o que significa que "já vendeu bastante", adianta Simona Cattabiani, da Civilização, que garante: "Não pensámos que pudesse ser ofensivo. A pensar assim todas as anedotas podiam ser entendidas como ofensivas.""
DN Portugal, por ANA BELA FERREIRA, 14 de Maio de 2010
Não tentemos branquear a coisa. O conteúdo é injurioso e de um enorme mau gosto, além de encerrar um profundo desrespeito pelos docentes, mais particularmente pelas mulheres, que constituem a maioria dos professores deste país.
Constato pelos muitos comentários deixados nos blogues de professores e também no Facebook que são as professoras a sentir muitíssimo mais este insulto como algo que as afecta na sua condição de docentes e cidadãs, do que aos seus colegas homens. Até certo ponto é compreensível, pois nenhum colega homem sabe o que é que uma mulher sente se for chamada de vaca.
Mas, a relativizarmos a importância deste episódio, estamos a aceitar tacitamente que se pode faltar ao respeito à figura da professora, o que infelizmente a sociedade parece já ter assumido como normal e corriqueiro.
Caros colegas: vocês são pais, filhos, irmãos e maridos de mulheres.
Experimentem imaginar o que sentiriam se um dia destes uma das mulheres da vossa vida entrasse em casa e vos confrontasse com o facto de ter sido insultada por um aluno ou aluna nos referidos termos...
O que fariam? Diriam para desconsiderar, que "era apenas uma anedota inocente"?
Deixamos passar coisas como esta, que são sementes de ervas daninhas na falta de ética, hoje numa editora, amanhã noutro contexto, e depois queixamo-nos que já não temos mão na má educação e falta de respeito dos alunos e dos pais?
Espero que a Editora cumpra o que promete acima e retire mesmo a infeliz "anedota" na próxima edição do livro. Porém, até lá, os exemplares que ainda se encontram à venda continuarão a espalhar a lamentável ideologia de tratar as professoras como vacas.
E não me venham com a história de que a vaca até é um animal amistoso e simpático, como a coruja ou qualquer outro, porque toda a gente sabe o que é que em Portugal significa chamar vaca a uma mulher! Ora façam-me o favor de não nos tomarem por tolinhas ou ingénuas!
Publico aqui o e-mail enviado pela colega professora e blogger Olinda Gil, que concorda comigo:
Colegas
Enviei o seguinte mail à editora Civilização que nos insulta num livro de anedotas para crianças.
Espero que se indignem e mandem muitos mais mails a esta editora para que não continuem a gozar connosco.
info@civilizacao.pt
Ex.mos Senhores
Esqueceram-se de que os professores são as pessoas que mais compram livros neste país e que fazem com que os outros os comprem.
Uma editora que se chama "Civilização" e que trata assim os professores de um país não pode continuar a ser digna da minha preferência.
Num país onde a falta de autoridade dos professores é cada vez maior, em vez de termos as editoras do nosso lado no combate à iliteracia e desenvolvendo a civilização do povo, assistimos a este lamentável enxovalho.
Nunca mais comprarei livros da vossa editora e vou divulgar por todos os meus contactos este mail, para que saibam da minha indignação.
A professora
Olinda Gil
Actualização: O Forum EDUCAR já reagiu a esta publicação com um artigo, aqui: "Como é possível que se chegasse a isto?"
Têm-me chegado em grande número protestos de colegas professoras via e-mail, dando conta da indignação e também cópias de mensagens enviadas à Editora Civilização.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Enxovalho infame

Tomei conhecimento disto pelo ProfBlog.
Levei dois dias a tentar encontrar uma possível atenuante que acalmasse a minha raiva. Não resultou e ainda serviu para fermentar.
Aviso a navegação que por aqui costuma andar que estou a ficar assim um bocadinho para o cansadote de fazer questão de manter um Blogue politicamente correcto.
Hoje atirei com as fotos do jovem Ratzinger nas fileiras da juventude Hitleriana. Apeteceu-me fazer o contraponto com tamanhas doses de santidade e subserviência do Estado português.
Agora atiro com este vómito produzido nas entranhas do mau gosto e da falta de vergonha. Chama-se CIVILIZAÇÃO EDITORA, compara a figura de uma professora a uma vaca. Do meu ponto de vista merece um processo por difamação e atentado ao bom nome e à dignidade profissional de toda uma classe docente.
Há cerca de um ano insurgi-me contra o facto de Emídio Rangel ter apelidado os professores de HOOLIGANS, espalhei o protesto pela Blogosfera e enviei-o para o SPGL. O homem acabou condenado em tribunal. Agora vou fazer a mesmíssima coisa.
No mínimo deve ser feita uma petição on-line para suspender a venda deste livro infantil.
Podem fechar-me o Blogue, mas nem assim calarão a minha indignação!
Subscrever:
Mensagens (Atom)