quinta-feira, 22 de julho de 2010
Maria Bethânia canta na missa do aniversário de Amália
Amália faria ontem 90 anos. Na Basílica da Estrela foi celebrada uma missa comemorativa com cerca de duzentas pessoas, onde esteve presente Maria Bethânia, amante confessa de Camões e Pessoa, que cantou duas canções religiosas.
Maria Bethânia deu hoje um recital na Casa Fernando Pessoa e canta ao serão no Estoril Cool Jazz Fest.
Este último vídeo foi enviado pela Carmela, com desejos de boas férias, os quais estendo a todos os leitores deste Blogue.
Concerto com máquina de escrever
O percussionista vienense Martin Breinschmid interpreta ao vivo em Ludwigshafen a sua versão de 'The Typewriter' acompanhado pela Strauß Festival Orchestra. Fabuloso!
Enviado por GABI
Casa em Hong-Kong: a magia do espaço
"O arquiteto chinês Gary Chang tem bons motivos para pensar em soluções que utilizem pouco espaço com muita eficiência. Ele mora em Hong Kong, um dos maiores centros urbanos do país mais populoso do mundo.
Por ali, a ordem é aproveitar cada mínimo espaço. Por isso mesmo, as casas costumam ser minúsculas. Enquanto morava com a família, Gary vivia num apartamento de duas divisões: os pais ficavam num quarto, as irmãs noutro e ele, no corredor, que também fazia as vezes de sala.
Hoje, ele vive num apartamento com 24 divisões! (...)
O lar de Gary Chang tem pouco mais de 30m². O seu grande segredo foi fazer paredes móveis que possuem rodinhas e se deslocam por trilhos instalados no teto. “A casa move-se para mim”, diz Chang.
Além de ocupar pouco espaço, a ideia também contribui com o meio ambiente graças aos espelhos instalados no teto que, não só disfarçam os trilhos e dão a impressão de que o ambiente é maior, como aproveitam melhor a luz natural que entra pela única janela.
Um filtro alaranjado nas venezianas também intensifica o efeito da luz que vem de fora e torna o local mais aconchegante. “Quase nunca preciso acender as luzes”, conta.
A genialidade de Gary Chang foi descoberta pelo programa World’s Greenest Homes, que, como o nome já diz, vai atrás dos inventores das casas mais verdes do mundo."
(Recebido por e-mail)
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Filme Contraluz
A ver, em estreia em Portugal a partir de 22 de Julho, com Joaquim de Almeida.
Um filme espectacular sobre as perdas e os reencontros a que as ironias desta vida nos sujeitam. Excelente na coerência do argumento, na construção da narrativa, nas interpretações, na direcção de actores.
Premonitoriamente, Fernando Fragata dedica-o a António Feio, que acabaria por falecer uma semana após a sua estreia.
(Para ver os trailers, clique aqui e depois no centro desta imagem, que lhe aparece em grande formato.)
(Post actualizado em 17 de Agosto)
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Rosário Gama citando Bertold Brecht
"Citando Bertold Brecht:
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
“Todos os dias os ministros dizem ao povo Como é difícil governar. Sem os ministros O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.”
O problema é quando o trigo quer crescer para cima e as intempéries e as ervas daninhas não o deixam… E o trigo faz falta para o pão!!! E o pão mata a fome!!!
Ao longo dos últimos anos, têm sido variadas as “intempéries”que geraram instabilidade nas escolas, (não deixando o trigo crescer…) desde a criação dos primeiros agrupamentos, às alterações dos planos curriculares, ao estatuto disciplinar do aluno, às alterações ao estatuto da carreira docente (divisão da carreira docente, modelo de avaliação do desempenho dos docentes), só para sublinhar as que mais impacto causaram…
Para que as “sementes” possam germinar sem obstáculos e consequentemente para que as Escolas tenham condições para garantir a qualidade, são necessários tranquilidade, rigor e exigência como forma de garantir o ambiente propício à eficácia nos processos ensino-aprendizagem. As Escolas não se compadecem com alterações permanentes ao nível da sua organização e ausência total de um olhar mais atento ao sucesso real dos alunos, que passa pela reorganização curricular, novos programas, uma cuidada e exigente formação inicial de Professores, um devolver da autoridade aos mesmos de forma a garantir um ambiente propício ao trabalho dentro da sala de aula, uma co-responsabilização dos Pais/Encarregados de Educação pelo cumprimento das regras escolares por parte dos seus educandos, uma aferição com a introdução de exames nacionais no fim de cada ciclo e, no ano terminal do Secundário (12º ano) a todas as disciplinas da Formação Geral e Específica.
Desde o dia 14 de Junho de 2010, data em que foi publicada em Diário da República a Resolução 44/2010 do Conselho de Ministros, abateram-se novas “intempéries” sobre as Escolas quer no que se refere ao número mágico de alunos (21) limite para que não sejam encerradas as Escolas do 1º Ciclo, quer no que se refere à criação dos “Mega-Agrupamentos” designados nesta Resolução como “Unidades de Gestão”.
O fecho das Escolas, com toda a implicação que tem no contínuo desertificar das zonas interiores, pode justificar-se se os alunos não tiverem equipamentos adequados à sua formação/educação mas, houve muitas freguesias que apetrecharam as suas Escolas investindo em equipamentos e criando condições idênticas às das Escolas para onde se deslocam agora os alunos. Ora esta medida tem que ser tomada em conjunto com as autarquias e, o facto de ter menos de 21 alunos, não deve ser determinante para o encerramento da Escola desde que a mesma reúna condições para realizar um trabalho sério e com qualidade. É preciso ter em atenção quão traumatizante é para os alunos, ainda crianças, saírem do seu meio familiar para um ambiente estranho e aí permanecerem durante todo o dia.
Por outro lado, a constituição dos Mega-Agrupamentos feita de forma apressada e tendo exclusivamente em conta a localização geográfica, revela o carácter economicista desta medida, o que, a ser posta em prática, se traduzirá numa inequívoca deterioração da qualidade da escola pública, através da desvalorização das questões pedagógicas, dificultando a promoção das aprendizagens, instituindo a direcção à distância, o que cria condições para mais indisciplina e, em resultado disso, mais insucesso e abandono escolar, bem como da indisciplina. Assistimos, pois, a uma quantificação pedagógica em detrimento evidente da qualidade. A gestão de proximidade é fundamental para a resolução de problemas de natureza pedagógica e disciplinar, os alunos mais novos (aqueles cujas Escolas vão ser “engolidas” pelas Escolas Secundárias) necessitam de uma presença permanente do Director/ Presidente, a quem reconheçam autoridade e a quem obedeçam em caso de perturbação. O abandono escolar não se resolve com o fusão das Escolas em “Unidades de Gestão”, designação que mais se adequa a unidades empresariais, que de modo nenhum queremos confundir com espaços de aprendizagem e formação.
Num documento enviado à Senhora Ministra da Educação, um grupo de Directores do distrito de Coimbra afirma não compreender que:
“- Se tenha avançado com a mudança do modelo de gestão e administração das escolas que foi polémico, para, passado um ano, se pôr tudo em causa, invocando a necessidade de implementação dos novos agrupamentos, que estavam já previstos;
- Não sejam respeitados os projectos para 4 anos elaborados pelos órgãos de direcção e que começam agora a dar os seus frutos;
- Se avance com as fusões nesta altura do ano, em que as escolas estão preocupadas com as avaliações dos seus alunos e já têm muito trabalho feito na preparação do próximo ano lectivo com base nos seus projectos educativos;
- Se lance um novo modelo antes de se definirem as regras a que estes têm que obedecer, deixando as escolas num vazio legislativo;
-O Ministério não respeite o trabalho dos seus colaboradores e que ignore que estes trabalham intensamente para que as suas escolas e alunos tenham sucesso;
-A qualidade de ensino e as questões pedagógicas sejam preteridas a favor de medidas administrativas desenhadas nos gabinetes sem um verdadeiro conhecimento da realidade”.
Subscrevi na íntegra este documento e afirmo, com toda a convicção que o Ministério da Educação ainda está a tempo de repor a serenidade nas Escolas.
Termino como comecei, com uma citação de um poema de Brecht adequado aos tempos que vivemos: “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem"."
Maria do Rosário Gama
Directora da Escola Secundária Infanta Dª Maria (Coimbra
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
“Todos os dias os ministros dizem ao povo Como é difícil governar. Sem os ministros O trigo cresceria para baixo em vez de crescer para cima.”
O problema é quando o trigo quer crescer para cima e as intempéries e as ervas daninhas não o deixam… E o trigo faz falta para o pão!!! E o pão mata a fome!!!
Ao longo dos últimos anos, têm sido variadas as “intempéries”que geraram instabilidade nas escolas, (não deixando o trigo crescer…) desde a criação dos primeiros agrupamentos, às alterações dos planos curriculares, ao estatuto disciplinar do aluno, às alterações ao estatuto da carreira docente (divisão da carreira docente, modelo de avaliação do desempenho dos docentes), só para sublinhar as que mais impacto causaram…
Para que as “sementes” possam germinar sem obstáculos e consequentemente para que as Escolas tenham condições para garantir a qualidade, são necessários tranquilidade, rigor e exigência como forma de garantir o ambiente propício à eficácia nos processos ensino-aprendizagem. As Escolas não se compadecem com alterações permanentes ao nível da sua organização e ausência total de um olhar mais atento ao sucesso real dos alunos, que passa pela reorganização curricular, novos programas, uma cuidada e exigente formação inicial de Professores, um devolver da autoridade aos mesmos de forma a garantir um ambiente propício ao trabalho dentro da sala de aula, uma co-responsabilização dos Pais/Encarregados de Educação pelo cumprimento das regras escolares por parte dos seus educandos, uma aferição com a introdução de exames nacionais no fim de cada ciclo e, no ano terminal do Secundário (12º ano) a todas as disciplinas da Formação Geral e Específica.
Desde o dia 14 de Junho de 2010, data em que foi publicada em Diário da República a Resolução 44/2010 do Conselho de Ministros, abateram-se novas “intempéries” sobre as Escolas quer no que se refere ao número mágico de alunos (21) limite para que não sejam encerradas as Escolas do 1º Ciclo, quer no que se refere à criação dos “Mega-Agrupamentos” designados nesta Resolução como “Unidades de Gestão”.
O fecho das Escolas, com toda a implicação que tem no contínuo desertificar das zonas interiores, pode justificar-se se os alunos não tiverem equipamentos adequados à sua formação/educação mas, houve muitas freguesias que apetrecharam as suas Escolas investindo em equipamentos e criando condições idênticas às das Escolas para onde se deslocam agora os alunos. Ora esta medida tem que ser tomada em conjunto com as autarquias e, o facto de ter menos de 21 alunos, não deve ser determinante para o encerramento da Escola desde que a mesma reúna condições para realizar um trabalho sério e com qualidade. É preciso ter em atenção quão traumatizante é para os alunos, ainda crianças, saírem do seu meio familiar para um ambiente estranho e aí permanecerem durante todo o dia.
Por outro lado, a constituição dos Mega-Agrupamentos feita de forma apressada e tendo exclusivamente em conta a localização geográfica, revela o carácter economicista desta medida, o que, a ser posta em prática, se traduzirá numa inequívoca deterioração da qualidade da escola pública, através da desvalorização das questões pedagógicas, dificultando a promoção das aprendizagens, instituindo a direcção à distância, o que cria condições para mais indisciplina e, em resultado disso, mais insucesso e abandono escolar, bem como da indisciplina. Assistimos, pois, a uma quantificação pedagógica em detrimento evidente da qualidade. A gestão de proximidade é fundamental para a resolução de problemas de natureza pedagógica e disciplinar, os alunos mais novos (aqueles cujas Escolas vão ser “engolidas” pelas Escolas Secundárias) necessitam de uma presença permanente do Director/ Presidente, a quem reconheçam autoridade e a quem obedeçam em caso de perturbação. O abandono escolar não se resolve com o fusão das Escolas em “Unidades de Gestão”, designação que mais se adequa a unidades empresariais, que de modo nenhum queremos confundir com espaços de aprendizagem e formação.
Num documento enviado à Senhora Ministra da Educação, um grupo de Directores do distrito de Coimbra afirma não compreender que:
“- Se tenha avançado com a mudança do modelo de gestão e administração das escolas que foi polémico, para, passado um ano, se pôr tudo em causa, invocando a necessidade de implementação dos novos agrupamentos, que estavam já previstos;
- Não sejam respeitados os projectos para 4 anos elaborados pelos órgãos de direcção e que começam agora a dar os seus frutos;
- Se avance com as fusões nesta altura do ano, em que as escolas estão preocupadas com as avaliações dos seus alunos e já têm muito trabalho feito na preparação do próximo ano lectivo com base nos seus projectos educativos;
- Se lance um novo modelo antes de se definirem as regras a que estes têm que obedecer, deixando as escolas num vazio legislativo;
-O Ministério não respeite o trabalho dos seus colaboradores e que ignore que estes trabalham intensamente para que as suas escolas e alunos tenham sucesso;
-A qualidade de ensino e as questões pedagógicas sejam preteridas a favor de medidas administrativas desenhadas nos gabinetes sem um verdadeiro conhecimento da realidade”.
Subscrevi na íntegra este documento e afirmo, com toda a convicção que o Ministério da Educação ainda está a tempo de repor a serenidade nas Escolas.
Termino como comecei, com uma citação de um poema de Brecht adequado aos tempos que vivemos: “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem"."
Maria do Rosário Gama
Directora da Escola Secundária Infanta Dª Maria (Coimbra
Rosário Gama no Plano Inclinado - vídeo completo
Vale a pena ouvir a Professora Rosário Gama, Directora da Escola Secundária Infanta D. Maria de Coimbra, sobre alguns dos problemas mais emergentes que se colocam às escolas.
Fiz referência a este programa aqui mais abaixo, o que suscitou alguns comentários, bastante pertinentes, de leitores habituais deste Blogue.
domingo, 18 de julho de 2010
Dia Internacional Nelson Mandela
"Nelson Mandela é uma personalidade excepcional que encarna os valores mais nobres da humanidade e também das Nações Unidas."
A afirmação é o do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pelo Dia Internacional Nelson Mandela, que se assinala pela primeira vez hoje, dia 18.
A ONU comemora o evento no dia em que o líder sul-africano festeja 92 anos de idade, depois de ter sobrevivido a dez mil dias (quase 30 anos) na prisão e ter lutado toda a sua vida pela liberdade, contra a opressão e pelo fim do apartheid.
Nelson Mandela foi o primeiro chefe de Estado negro na África do Sul e recebeu o prémio Nobel da Paz pela sua luta e persistência incondicionais em prol da Paz e pelos direitos humanos.
Parabéns, Madiba!
Rosário Gama no Plano Inclinado
Disse calmamente o que lhe vai na alma, como é habitual nesta senhora, colega professora e Directora da Escola Secundária Infanta D. Maria em Coimbra.
Contrariamente ao (também habitual) pessimismo e mesmo, porque não dizê-lo, azedume de Medina Carreira, Rosário Gama respondeu à pergunta de Mário Crespo sobre se a Escola Pública poderia ser excelente: "Sim, se a tutela nos deixasse!"
Sem medos ou gaguez, falou do desfasamento dos programas, da estranheza perante a supressão dos exames nalgumas disciplinas como a Filosofia, mas fundamentalmente, colocou a tónica na preocupante novidade dos agrupamentos de escolas, sem critério e sem consulta, com tudo o que isso vai acarretar de dificuldades de gestão, distanciamento pedagógico e físico de professores e alunos, que terão de se deslocar de umas escolas para as outras, com todo o acréscimo de tempo, dinheiro e meios gastos.
Rosário Gama referiu ainda o encerramento de muitas centenas de escolas, o que se relaciona com a constituição destes agrupamentos, e chamou a atenção para o problema da Avaliação de Desempenho Docente, que vai voltar em moldes idênticos aos do modelo anterior, uma vez que continua a ser feita inter-pares, o que merece ampla discussão.
Por fim recomendou que num outro programa se tratasse do Estatuto do Aluno.
sábado, 17 de julho de 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
"Portugal" - sessão de autógrafos de Luís Diferr na Fnac Colombo
Chama-se Portugal, e é o quinto volume criado em torno de Loïs, um herói do século XVII que foi das últimas personagens imaginadas pelo recentemente falecido Jacques Martin, autor das famosas aventuras de Alix.
Com desenhos do português Luís Diferr, a ideia para a criação deste livro remonta a 2002, quando Jacques Martin veio a Portugal, para participar no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
Trata-se de um verdadeiro documento histórico de grande rigor documental e com ilustrações que permitem obter uma reconstituição visual com dimensão realista.
A descobrir amanhã à tarde no Fórum FNAC do Centro Comercial Colombo (Lisboa) a partir das 18:30.
As Viagens de Lois - Portugal
de Jacques Martin e Luís Diferr
16.07 Sexta-feira 18H30 Fnac Colombo
Fala do Homem nascido
Venho da terra assombrada
do ventre de minha mãe
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci
Trago boca pra comer
e olhos pra desejar
tenho pressa de viver
que a vida é água a correr
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder
minha barca aparelhada
solta rumo ao norte
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham
nem forças que me molestem
correntes que me detenham
Quero eu e a natureza
que a natureza sou eu
e as forças da natureza
nunca ninguém as venceu
Com licença com licença
que a barca se fez ao mar
não há poder que me vença
mesmo morto hei-de passar
com licença com licença
com rumo à estrela polar
(Enviado por Leonidia Marinho)
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Igreja Anglicana vai ordenar mulheres Bispos
Para quando o Vaticano a tomar idêntica decisão? Provavelmente nunca.
A ala mais conservadora da Igreja anglicana já ameaçou mudar-se para a Igreja de Roma.
Leia mais aqui.
A ala mais conservadora da Igreja anglicana já ameaçou mudar-se para a Igreja de Roma.
Leia mais aqui.
Mais alguns dos meus Mestres
terça-feira, 13 de julho de 2010
Ajuda a salvar o Tâmega!
«A Barragem de Fridão no rio Tâmega é a maior ameaça ao desenvolvimento sustentável da região nas suas vertentes ambiental, social, económica e à segurança da cidade de Amarante.
A QUERCUS - Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Associação Cívica Pró-Tâmega têm o grato prazer de o convidar a tomar parte no Jantar «SALVAR O TÂMEGA!», a ter lugar pelas 20H00 do dia 16 de Julho de 2010 (sexta-feira) no Salão de Banquetes do edifício TOP, na cidade de Amarante.
Este evento tem como objectivos dar conhecimento das iniciativas cívicas levadas a efeito com vista a salvar o Tâmega e à angariação de fundos para apresentação de um recurso judicial de impugnação da Declaração de Impacte Ambiental (DIA) da Barragem de Fridão.
A morada é: Rua Agostinho Gonçalves de Abreu - Edíficio TOP - Amarante.
As coordenadas para GPS são: 41 . 17 . 09 . N // 8 . 05 . 18 . W
As inscrições deverão ser feitas para o e-mail: quercus.vila.real.viseu@gmail.com
O jantar terá um custo por refeição de 15 € dos quais 5 € reverterão a favor da causa
e o pagamento poderá ser feito com transferência para o NIB 0035 0906 0007 8058530 83 - Caixa Geral de Depósitos (QUERCUS -Núcleo de Vila Real e Viseu)
Para efeito de marcação de presença neste encontro, os contactos preferenciais disponíveis são:
João Branco (964534761) - QUERCUS - Vila Real
Eng.º Luís van Zeller (914791651) - Pró-Tâmega - Amarante
Fernando Gomes 961873539 - Junta de Freguesia - Mondim de Basto»
Enviado por Anabela Magalhães, também autora da foto
Ganhar balanço para a 2ª fase de exames
domingo, 11 de julho de 2010
Até que enfim, um pouco de bom senso?
REDUÇÃO DAS TAREFAS ADMINISTRATIVAS
Artigo 6-A Redução das tarefas administrativas
«1 — A marcação e realização das reuniões previstas no n.º 2 do artigo 2.º do presente despacho e da alínea c) do n.º 3 do artigo 82.º do ECD deve, para o reforço da sua eficácia, eficiência e garantia do necessário tempo para o trabalho dos docentes a nível individual, ser precedida:
a) Da ponderação da efectiva necessidade da sua realização e da possibilidade de atingir os mesmos objectivos através de outros meios, desde que não se trate de matérias que careçam legalmente de deliberação do órgão em causa;
b) De uma planificação prévia da reunião, estabelecendo as horas de início e do fim e com ordens de trabalho exequíveis dentro desse período;
c) Da atribuição aos seus membros trabalho que possa ser previamente realizado e que permita agilizar o funcionamento dessas reuniões;
d) Do estabelecimento de um sistema de rigoroso controlo na gestão do tempo de forma a cumprir a planificação.
2 — Os órgãos dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, e bem assim as respectivas estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, devem:
a) Evitar a exigência ao pessoal docente de documentos que não estejam legal ou regulamentarmente previstos;
b) Contribuir para que os documentos exigidos aos docentes ou produzidos na escola tenham uma extensão o mais reduzida possível;
c) Assegurar que a escola só se envolve em projectos que se articulem com o respectivo projecto educativo.»
Despacho 11120-B/2010 sobre a organização do ano lectivo
O que é preciso é ver quantas Direcções vão cumprir e se isto vai ser entendido como apenas recomendável ou a título indicativo, como se ouve muitas vezes dizer!
Sempre que vejo a frase "Cabe às Direcções Executivas" tudo pode acontecer! Sempre que a tutela faz este jogo de lava-mãos, livra-se do peso da culpa se as coisas derem para o torto. É que isto da autonomia convém às vezes, mas noutras nem tanto.
Bom senso? Um rasgo de lucidez?
Não sei, seria bom que eu ainda acreditasse em histórias da carochinha.
Vamos ver quem irá fazer caso desta recomendação de aparente bom senso e diminuição da burocracia, assim como dos excessos de carga horária...
Pode ler-se o comentário do Paulo Guinote, com mais optimismo e humor que eu, aqui.
Ilustração: Albrecht Dürer, A Coruja
Artigo 6-A Redução das tarefas administrativas
«1 — A marcação e realização das reuniões previstas no n.º 2 do artigo 2.º do presente despacho e da alínea c) do n.º 3 do artigo 82.º do ECD deve, para o reforço da sua eficácia, eficiência e garantia do necessário tempo para o trabalho dos docentes a nível individual, ser precedida:
a) Da ponderação da efectiva necessidade da sua realização e da possibilidade de atingir os mesmos objectivos através de outros meios, desde que não se trate de matérias que careçam legalmente de deliberação do órgão em causa;
b) De uma planificação prévia da reunião, estabelecendo as horas de início e do fim e com ordens de trabalho exequíveis dentro desse período;
c) Da atribuição aos seus membros trabalho que possa ser previamente realizado e que permita agilizar o funcionamento dessas reuniões;
d) Do estabelecimento de um sistema de rigoroso controlo na gestão do tempo de forma a cumprir a planificação.
2 — Os órgãos dos agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas, e bem assim as respectivas estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, devem:
a) Evitar a exigência ao pessoal docente de documentos que não estejam legal ou regulamentarmente previstos;
b) Contribuir para que os documentos exigidos aos docentes ou produzidos na escola tenham uma extensão o mais reduzida possível;
c) Assegurar que a escola só se envolve em projectos que se articulem com o respectivo projecto educativo.»
Despacho 11120-B/2010 sobre a organização do ano lectivo
O que é preciso é ver quantas Direcções vão cumprir e se isto vai ser entendido como apenas recomendável ou a título indicativo, como se ouve muitas vezes dizer!
Sempre que vejo a frase "Cabe às Direcções Executivas" tudo pode acontecer! Sempre que a tutela faz este jogo de lava-mãos, livra-se do peso da culpa se as coisas derem para o torto. É que isto da autonomia convém às vezes, mas noutras nem tanto.
Bom senso? Um rasgo de lucidez?
Não sei, seria bom que eu ainda acreditasse em histórias da carochinha.
Vamos ver quem irá fazer caso desta recomendação de aparente bom senso e diminuição da burocracia, assim como dos excessos de carga horária...
Pode ler-se o comentário do Paulo Guinote, com mais optimismo e humor que eu, aqui.
Ilustração: Albrecht Dürer, A Coruja
Alguns dos meus Mestres
A pedido, e para que não acusem este Blogue de falta da dimensão pedagógica, aqui ficam então os nomes dos culpados:
- Sócrates, Platão, Aristóteles
- Hypatia, Friedrich Nietszche, Sigmund Freud
- Hannah Arendt, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir
Faltam aqui alguns nomes importantes para mim, nomeadamente, de épocas históricas intermédias. Para que não pensem que passei a borracha em cima das Idade Média e Moderna, outros filósofos serão objecto de outro mosaico, a elaborar num outro dia.
Quando não estiver em slow motion, colocarei aqui algumas citações dos respectivos autores.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Obediência cega ou desobediência civil?
"A desobediência civil deve ser considerada, de per si e num quadro de normalidade democrática, inaceitável, porque põe em causa os fundamentos essenciais de qualquer estado de direito. Todavia, a obediência cega pode minar, de forma muito mais corrosiva, todos esses pilares, ainda que tal atitude se inscreva totalmente nas margens da legalidade e, portanto, não seja considerada condenável.
Quem obedece cegamente sente-se sempre protegido, porque não pode ser criminalmente responsabilizado — “limita-se a cumprir ordens” —, embora tenha consciência de que, da sua assinatura resultará o prejuízo, a parcialidade, a desigualdade de direitos e de desenvolvimento, a conivência com um poder político desnorteado, que faz e desfaz quotidianamente, sem dó nem pudor, sem qualquer respeito por tudo quanto defendeu e aprovou no passado recente. Obedecer cegamente — ou obedecer simplesmente, se assim preferirem — será, neste contexto, moralmente aceitável? Justificar os nossos actos com a obediência a que estamos obrigados, quando temos consciência que deles resulta o prejuízo da população que estamos a servir, será uma atitude louvável ou condenável? Temos ou temos, enquanto cidadãos e pessoas, o dever moral de desobedecer, nestas circunstâncias? Alguns dirão que não, pois tal atitude violentaria brutalmente a sua consciência. A esses eu respondo de forma simples: se não concordam com as medidas que estão a subscrever e as consideram nocivas para a comunidade que servem, mas não querem desobedecer, então demitam-se, porque é essa a única reserva moral que vos resta! Demitam-se! Recorrer aos tribunais é, na actual conjuntura, o mesmo que obedecer, mas de consciência socialmente lavada! E não venham dizer que a demissão é inócua, porque logo serão substituídos por outros que obedecerão mais prontamente. Não venham dizer que permanecer no cargo é a melhor forma de minorar os danos causados. Por favor, não venham a terreiro com esse tipo de argumentos!
Só existem dois caminhos para quem discorda das mais recentes medidas arbitrárias, autoritárias e centralistas deste desgoverno (encerramento de escolas e criação dos mega-agrupamentos): o caminho da demissão e o da desobediência civil. O primeiro iliba-nos da conivência, mas apenas resolve parte do problema. O segundo é tido como um caminho desordeiro, mas resolve o problema imediata e cabalmente, ainda que com determinados riscos pessoais. Nada na vida é perfeito. Contudo, cabe a cada um de nós saber dar-lhe o significado que ela merece."
Luís Costa
In Da Nação, 8 de Julho de 2010
Concursos 2010-11 - Texto da APEDE
CONCURSOS 2010-11 - UMA PÁGINA NEGRA DO SINDICALISMO DOCENTE - TEXTO DA APEDE
A APEDE acaba de publicar um post com uma tomada de posição sobre a consideração da ADD no concurso para 2010/11.
É uma posição clara e inequívoca de repúdio pela postura leviana das direcções sindicais no decurso do processo negocial, nomeadamente da FENPROF, no que respeita a esta situação concreta. Está em causa a vida e o futuro de milhares de professores, assunto muito sério que deveria ter merecido outro cuidado, atenção e empenho na sua resolução. A APEDE expressa a sua revolta e indignação pois sempre alertou para este problema e para as graves consequências que poderia provocar. Naturalmente, agradeço-vos que divulguem, da forma que melhora entenderem, esta posição da APEDE. Obrigado.
Abraço
Ricardo Silva
Para ler clique aqui.
Matilde para sempre
"Escrevo à mão... gosto de fazer letra. Gosto de desenhar a letra.
A letra tem uma beleza como a palavra tem uma música.
Um dia na escola da Calçada do Combro fiz uma sessão na Biblioteca. Brincávamos com as palavras. Eu perguntava quais eram as palavras mais bonitas. E uma aluna, magrinha, com umas olheiras até aqui, voltou-se para mim e disse:
"A palavra mais linda é "vosselência""!
(Entrevista de Matide Rosa Araújo ao Expresso)
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Dalai Lama fez 75 anos
Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso, (o seu nome de baptismo é ལྷ་མོ་དོན་འགྲུབ་ na língua do Tibete) é conhecido mundialmente como o XIV Dalai Lama, líder tibetano. Acaba de cumprir 75 anos, que foram comemorados em Dharamsala, onde vive exilado há 51 anos, por causa da anexação do seu território natal pela República Popular da China.
O Dalai Lama já visitou Portugal várias vezes, onde realizou conferências e teve vários contactos com a comunidade budista portuguesa, assim como com apoiantes da causa tibetana e activistas pelos direitos humanos.
O líder tibetano chegou a ser recebido por Jorge Sampaio quando este era Presidente da República, mas na última visita, já sob outros ventos políticos, nenhum representante do estado português quis recebê-lo em virtude de receios de um possível ensombramento das relações com a China.
Apesar de ter sido agraciado com o Prémio Nobel da Paz em 1989, foi considerado, aquando da sua visita aos EUA, onde foi recebido pelo Presidente Obama, "um perigoso terrrorista" pelo governo chinês!
Tive a felicidade de assistir em presença e com bastante proximidade às duas conferências do Dalai Lama. Ele é uma pessoa de uma simplicidade extraordinária, que não faz alarde da sua (imensa) sabedoria, antes se assume como um simples monge, que faz a sua caminhada entre os homens deste mundo, procurando sempre aprender mais, e faz questão de se ir actualizando e renovando as suas convicções em função dos novos desafios que o tempo lhe coloca.
Não quis deixar de assinalar aqui o seu anivrsário: 75 anos é uma idade significativa e eu manifesto publicamente o meu desejo de que este homem simples e bom possa preservar a sua saúde e a sua extraordinária clarividência, para bem da humanidade.
A Visão publica uma série de fotos da uma das suas passagens por Portugal.
Quem desejar enviar uma mensagem pessoal de parabéns ao Dalai Lama pode fazê-lo aqui.
Quem tiver a curiosidade de aceder ao site oficial do escritório do Dalai Lama, pode fazê-lo aqui.
Sobre o livro de Maria de Lurdes Rodrigues
SANTANA CASTILHO
"No livro que acaba de lançar, Maria de Lurdes Rodrigues cita Max Weber para justificar a sua acção política, movida, diz ela, pela “ética das convicções”. Atentem, generosas leitoras e leitores, ao naco de prosa que a ex-ministra escolhe para caracterizar quem tem vocação para a política (no caso, ela própria):
“… Só quem está certo de não desanimar quando … o mundo se mostra demasiado estúpido ou demasiado abjecto para o que … tem a oferecer … tem vocação para a política …” (in “A Escola Pública Pode Fazer A Diferença”, p. 18)
Freud ensinou-nos que nenhuma palavra ou pensamento acontecem por acidente. Uma coisa são os erros comuns, outra, os actos falhados. É falhado o acto que leva Maria de Lurdes Rodrigues a citar, assim, Weber, para justificar a sua acção política. E fez tudo o que fez, confessou-nos no circo do lançamento, com grande alegria, qual pirómana que se baba de prazer ante as cinzas da escola pública que deixou.
Eis as entranhas de uma coisa que não é pessoa, que não tem alma, e que não aguenta mais que 18 páginas para dizer, de modo obsceno, o que pensa dos que esmagou com sofrimento.
O livro é híbrido e frio, como a autora. É um relatório factual e burocrático sobre as suas tenebrosas medidas de política educativa. A excepção a este registo está na introdução, um arremedo ensaísta de alguém que chegou a ministra sem nunca ter percebido o que é uma escola e para que serve um sistema de ensino. Permitam-me duas notas factuais a este propósito e a mero título ilustrativo:
1. A autora introduz, como grande tema de debate sobre políticas educativas, o nível de conhecimentos adquiridos na escola. Interroga-nos assim: “… Os adultos que fizeram a quarta classe da instrução primária no tempo dos nossos avós sabiam mais do que os jovens que hoje concluem o 9º ano? …” (obra citada, p. 11). A questão é intelectualmente pouco honesta. Porque compara 4 anos de escolaridade com 9. Porque é formulada por alguém que contribuiu definitivamente para que não se possam hoje comparar resultados escolares, coisa que, apesar das dificuldades, se podia fazer na época a que alude.
2. A ex-ministra diz que não fez uma reforma da educação, que tão-só concebeu e aplicou medidas. Se é surpreendente o conceito (“reforma” foi palavra-chave citada até à exaustão na vigência do Governo que integrou), entra em delírio surrealista quando escreve (p.15): “… Não se pode considerar que o conjunto das medidas configurem uma reforma da educação, porque de facto não foi introduzida uma mudança nos princípios de funcionamento do sistema educativo, ou uma mudança na sua estrutura e organização …”. Não mudou princípios de funcionamento do sistema educativo, nem mudou a sua estrutura e organização? E os estúpidos somos nós? Enxergue-se e tenha decoro.
Segue-se o Diário da República narrado aos papalvos por 20 euros e 19 cêntimos. Registam-se apoios, listam-se colaboradoras e colaboradores e referem-se reuniões. Nenhuma dúvida, nenhum apreço pelo contraditório que lhe foi oposto, muito menos qualquer riqueza dialéctica. Um deserto, numa imensa auto-estrada de propaganda.
Ao longo dos últimos 5 anos, fundamentei nesta coluna de opinião a oposição a cada uma das 24 medidas que o livro distingue, pelo que tão-só recordo as mais emblemáticas das que a autora refere: a aberração pedagógica e social, que nacionalizou crianças e legitimou a escravização dos pais, baptizada como “escola a tempo inteiro”; o logro do ensino profissional (Maria de Lurdes fala de 28.000 alunos em 2005, para dizer que os quadruplicou em 2009. Mas conta mal. No ano- lectivo de 2004-05 tinha 92.102 alunos no conjunto dos cursos que ofereciam formação profissional); a demagogia de prolongar para 12 anos o ensino obrigatório (na Europa a 27 só 5 países foram por aí) sub-repticiamente sustentada pela grosseira manipulação estatística que lhe permite afirmar que no ensino secundário temos um professor para cada 8,4 alunos (p.90), pasmem quantos conhecem a realidade; a insistência no criminoso abandono de milhares de crianças com necessidades educativas especiais, por via da decantada aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade; a engenharia financeira e administrativa (depois veremos onde nos conduzirá), que está a transferir para a propriedade de uma empresa privada, por enquanto detida pelo Estado, todo o património edificado; e, “the last, but not the least”, a fraude pedagógica imensa que dá pelo nome de Novas Oportunidades, forma de diplomar a ignorância na hora, gerando injustiça e semeando ilusões.
Na cerimónia do lançamento do livro que acabo, sumariamente, de analisar, Sobrinho Simões, um cientista de grande gabarito e um homem de muitos méritos, referiu-o como “o mais sólido”que leu até hoje. Quem dedicou a vida a combater o cancro com o rigor da ciência, não podia, estou seguro, afirmar o que afirmou, se tivesse analisado a produção técnica e legislativa que sustenta a racionalidade do livro que elogiou. Mas a vida actual é assim. Muitos sucumbem, adaptando-se a esta sociedade doente. Continuo felizmente de saúde. Por isso choro quando vejo cair os melhores.
Crónica do «Público»
"No livro que acaba de lançar, Maria de Lurdes Rodrigues cita Max Weber para justificar a sua acção política, movida, diz ela, pela “ética das convicções”. Atentem, generosas leitoras e leitores, ao naco de prosa que a ex-ministra escolhe para caracterizar quem tem vocação para a política (no caso, ela própria):
“… Só quem está certo de não desanimar quando … o mundo se mostra demasiado estúpido ou demasiado abjecto para o que … tem a oferecer … tem vocação para a política …” (in “A Escola Pública Pode Fazer A Diferença”, p. 18)
Freud ensinou-nos que nenhuma palavra ou pensamento acontecem por acidente. Uma coisa são os erros comuns, outra, os actos falhados. É falhado o acto que leva Maria de Lurdes Rodrigues a citar, assim, Weber, para justificar a sua acção política. E fez tudo o que fez, confessou-nos no circo do lançamento, com grande alegria, qual pirómana que se baba de prazer ante as cinzas da escola pública que deixou.
Eis as entranhas de uma coisa que não é pessoa, que não tem alma, e que não aguenta mais que 18 páginas para dizer, de modo obsceno, o que pensa dos que esmagou com sofrimento.
O livro é híbrido e frio, como a autora. É um relatório factual e burocrático sobre as suas tenebrosas medidas de política educativa. A excepção a este registo está na introdução, um arremedo ensaísta de alguém que chegou a ministra sem nunca ter percebido o que é uma escola e para que serve um sistema de ensino. Permitam-me duas notas factuais a este propósito e a mero título ilustrativo:
1. A autora introduz, como grande tema de debate sobre políticas educativas, o nível de conhecimentos adquiridos na escola. Interroga-nos assim: “… Os adultos que fizeram a quarta classe da instrução primária no tempo dos nossos avós sabiam mais do que os jovens que hoje concluem o 9º ano? …” (obra citada, p. 11). A questão é intelectualmente pouco honesta. Porque compara 4 anos de escolaridade com 9. Porque é formulada por alguém que contribuiu definitivamente para que não se possam hoje comparar resultados escolares, coisa que, apesar das dificuldades, se podia fazer na época a que alude.
2. A ex-ministra diz que não fez uma reforma da educação, que tão-só concebeu e aplicou medidas. Se é surpreendente o conceito (“reforma” foi palavra-chave citada até à exaustão na vigência do Governo que integrou), entra em delírio surrealista quando escreve (p.15): “… Não se pode considerar que o conjunto das medidas configurem uma reforma da educação, porque de facto não foi introduzida uma mudança nos princípios de funcionamento do sistema educativo, ou uma mudança na sua estrutura e organização …”. Não mudou princípios de funcionamento do sistema educativo, nem mudou a sua estrutura e organização? E os estúpidos somos nós? Enxergue-se e tenha decoro.
Segue-se o Diário da República narrado aos papalvos por 20 euros e 19 cêntimos. Registam-se apoios, listam-se colaboradoras e colaboradores e referem-se reuniões. Nenhuma dúvida, nenhum apreço pelo contraditório que lhe foi oposto, muito menos qualquer riqueza dialéctica. Um deserto, numa imensa auto-estrada de propaganda.
Ao longo dos últimos 5 anos, fundamentei nesta coluna de opinião a oposição a cada uma das 24 medidas que o livro distingue, pelo que tão-só recordo as mais emblemáticas das que a autora refere: a aberração pedagógica e social, que nacionalizou crianças e legitimou a escravização dos pais, baptizada como “escola a tempo inteiro”; o logro do ensino profissional (Maria de Lurdes fala de 28.000 alunos em 2005, para dizer que os quadruplicou em 2009. Mas conta mal. No ano- lectivo de 2004-05 tinha 92.102 alunos no conjunto dos cursos que ofereciam formação profissional); a demagogia de prolongar para 12 anos o ensino obrigatório (na Europa a 27 só 5 países foram por aí) sub-repticiamente sustentada pela grosseira manipulação estatística que lhe permite afirmar que no ensino secundário temos um professor para cada 8,4 alunos (p.90), pasmem quantos conhecem a realidade; a insistência no criminoso abandono de milhares de crianças com necessidades educativas especiais, por via da decantada aplicação da Classificação Internacional de Funcionalidade; a engenharia financeira e administrativa (depois veremos onde nos conduzirá), que está a transferir para a propriedade de uma empresa privada, por enquanto detida pelo Estado, todo o património edificado; e, “the last, but not the least”, a fraude pedagógica imensa que dá pelo nome de Novas Oportunidades, forma de diplomar a ignorância na hora, gerando injustiça e semeando ilusões.
Na cerimónia do lançamento do livro que acabo, sumariamente, de analisar, Sobrinho Simões, um cientista de grande gabarito e um homem de muitos méritos, referiu-o como “o mais sólido”que leu até hoje. Quem dedicou a vida a combater o cancro com o rigor da ciência, não podia, estou seguro, afirmar o que afirmou, se tivesse analisado a produção técnica e legislativa que sustenta a racionalidade do livro que elogiou. Mas a vida actual é assim. Muitos sucumbem, adaptando-se a esta sociedade doente. Continuo felizmente de saúde. Por isso choro quando vejo cair os melhores.
Crónica do «Público»
Dedicatória a Matilde
De que noite demorada
Ou que breve manhã
Vieste tu feiticeira
De nuvens deslumbrada
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu feiticeira
Aninhar-te ao meu lado
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu feiticeira
segredar-me ao ouvido
De que fontes de que águas
de que chão de que horizontes
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que Norte de que vida
De que desertos de morte
Vieste tu feitceira
Inundar-me de vida
Para Matilde, (que até o seu nome me emprestou) pelas letras e sonhos com que povoou a minha meninice.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Morreu Matilde Rosa Araújo
A professora e escritora Matilde Rosa Araújo, despediu-se hoje, aos 89 anos.
Defensora dos direitos das crianças, teve uma importante intervenção na delegação portuguesa da UNICEF.
Dos seus livros infantis destacam-se: O Livro da Tila, O Sol e o Menino dos Pés Frios, História de Uma Flor, O Palhaço Verde, Balada das Vinte Meninas, As Botas do Meu Pai, A Velha do Bosque, O Passarinho de Maio, O Gato Dourado, O Reino das Sete Pontas entre outros.
Notícia na TSF.
domingo, 4 de julho de 2010
A Titi acerta contas
“A hora de acertar contas” é o título do artigo que a revista VISÃO publica no seu último número (904, de 1 de Julho) e cuja leitura se aconselha vivamente a todos os professores, ou familiares conscientes de professores, ávidos de emoções fortes. O tema é o livro da insigne Maria de Lurdes Rodrigues (Milú), a ex-ministra que, não contente em ter zurzido os professores e a educação durante 4 anos e sete meses, “o mais longo e estável mandato no sector, após o 25 de Abril” (estável?!!?!), volta agora à carga, alicerçada no seu conhecimento dos factos e na sua opulência intelectual, que todos sabemos ter sido devidamente enquadrada por dois sólidos Secretários de Estado, quais contrafortes de um monumento gótico que se elevou a alturas sublimes e insondáveis para o comum mortal e das quais vislumbrou novos horizontes e oportunidades e rapinou “dados demolidores”.
A praxis esclarecida daquele triunvirato com cabeça pensadora é agora definitivamente imortalizada em letra de imprensa, felizmente numa época em que a reciclagem do papel vai ganhando terreno, o que não impedirá um ou outro exemplar de subsistir, em recônditas prateleiras de livros e também na Biblioteca Nacional, com o ISBN que a misericórdia lhe atribuiu, para que um leitor desprevenido tropece nas suas sílabas e se indigne talvez ou que um investigador futuro do tragicómico início do século XXI o venha a devorar como se de um prato de galantina se tratasse.
O retrato que Milú pinta da classe dos professores permanece consistente e belo e faz dela, como os grandes artistas de vanguarda, um arauto incompreendido (a não ser pelo nosso Primeiro Ministro, os dois referidos Secretários de Estado e o truculento ministro Santos Silva, que, por sinal, também lançou um livro certamente esclarecedor); não restam dúvidas, os professores são uma cambada de lorpas, absentistas e gabirus relapsos que, “a partir dos 40 anos de idade e dez de serviço” tinham o horário da componente lectiva “reduzido de 20 ou 22 horas semanais para 12 ou 14, podendo chegar às quatro horas (…)”, causando ao Estado um prejuízo mensal de 30 + 17 milhões de euros . Mas que bandidos! “Menos de 1% tinham um horário [completo]” e esses eram seguramente totós.
Outras situações escandalosas havia: “professores que não davam aulas há 20 anos progrediam e chegavam ao topo”; mas ninguém vem esclarecer que esses eram Presidentes do Conselho Executivo, os mesmos que foram premiados – pela mesma reforma espúria que pretensamente valorizava o mérito e que instituiu os Titulares – com o novo cargo de Directores, que implica um substancial acréscimo de salário.
Tudo isso são muitos milhões e ainda bem que Milú apareceu para pôr cobro à situação; a mulher revelou-se um valente xerife de Nottingham, mesmo com o Rei presente no país!
Claro que nesta sangria ninguém parece preocupar-se – vivemos momentos exaltantes de PECs e de medidas de contenção e rigor que rapinam os miseráveis do costume e corroem conquistas que tanto suor, sacrifício e sangue custaram na estrada do Capitalismo – dizia eu, ninguém nas alturas parece preocupar-se com as famosas e polpudas reformas como as que Milú provavelmente vai usufruir (professora do ISCTE, ex-ministra, presidente da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e o que mais veremos), e às quais a agora feliz autora juntará os lautos proventos em direitos de autor.
Cedo ou tarde, será hora de acertar contas! E Milú, a visionária esclarecida, ficará para a História como a queirosiana Titi Maria do Patrocínio que tratou os professores como um Raposinho a quem suspeitosamente advertia:
- “Nada de relaxações! Nada de relaxações!”
Texto de Luís Diferr
Imagens: (c)EçaIlustrações
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Slow motion
A editora deste Blogue está assim.
E a equipa de colaboradores eventuais está assim.
De modo que não temos outro remédio senão fazer a pausa que se impõe, tentar arranjar forças para elaborar os relatórios, tomar as deliberações, fazer os balanços, arquivar os documentos e corrigir as provas da segunda fase de exames.
E depois, se conseguirmos sobreviver, tentar reencontrar a Natureza.
Até breve, aqui ou noutro lado.
E a equipa de colaboradores eventuais está assim.
De modo que não temos outro remédio senão fazer a pausa que se impõe, tentar arranjar forças para elaborar os relatórios, tomar as deliberações, fazer os balanços, arquivar os documentos e corrigir as provas da segunda fase de exames.
E depois, se conseguirmos sobreviver, tentar reencontrar a Natureza.
Até breve, aqui ou noutro lado.
Ontem foi o Dia Mundial da Arquitectura
Mesmo com um dia de atraso, não quero deixar de assinalar aqui esta data com algumas obras que considero emblemáticas da arquitectura contemporânea.
Admiro a arquitectura como uma arte maior, que tem nas suas fileiras grandes homens, alguns dos quais com obras só possíveis em verdadeiros génios.
De Oscar Niemayer, (sobre o qual já aqui escrevi), até Santiago Calatrava, passando por Frank Ghery e Frank Lloyd Wright, hesito sobre quem mais admiro. Pela audácia dos projectos, pelo arrojo da construção, pela estética inovadora.
Já para não admitir que fico embasbacada perante as novas construções dos Emiratos Árabes Unidos!
E ainda não fui a Shanghai...
Festival Delta Tejo
"A 4ª edição do Festival Delta Tejo arranca no dia 2 de Julho, e, até ao dia 4, vai abalar o Alto da Ajuda com os ritmos quentes dos países produtores de café.
Nneka, Carlinhos Brown e Buraka Som Sistema são presenças já confirmadas no palco maior - o Palco Delta - do Festival mais lisboeta do Verão."
Mais informação aqui.
Nneka, Carlinhos Brown e Buraka Som Sistema são presenças já confirmadas no palco maior - o Palco Delta - do Festival mais lisboeta do Verão."
Mais informação aqui.
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