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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Quem foi o Padre Himalaya


Admirável humanista, percursor no aproveitamento da energia solar e da ecologia, foi autor de inúmeros inventos, entre eles um processo de fazer chover.
Manuel António Gomes “Himalaya”, nasceu em 1868, em Santiago de Cendufe, concelho de Arcos de Valdevez.
Muito inteligente e curioso, aos 14 anos foi para o Seminário de Braga para poder continuar os seus estudos. Por ser muito alto foi alcunhado de Himalaya, nome que resolveu adotar.
Leu todas as obras fundamentais na bem apetrechada biblioteca do seminário.
Terminou o curso teológico em 1890. Depois de ordenado padre e durante 5 anos (1892-1897), exerceu a docência, escreveu artigos, viajou pelo centro e sul do país, foi à Alemanha e passou a dedicar-se ao estudo das ciências, da botânica médica e da agricultura em geral.
A fim de aprofundar os seus conhecimentos científicos, partiu para Paris, em 1898, onde se inscreveu no Collège de France. Assistiu às aulas do físico Berthelot e de outros ilustres professores ao mesmo tempo que trabalhava na construção da sua primeira máquina solar, para obtenção de altas temperaturas através da captação das radiações solares.


Nos primeiros anos da sua estada em Paris, Padre Himalaya receou que a sua aparência jovem lhe tirasse credibilidade, pelo que solicitou autorização pontifícia para deixar crescer a barba.
Obtém, em França, a patente de um protótipo de forno solar, batizado de “Pyrheliophoro” ( pyr=fogo; hélios=sol; phoro=eu trago - traduzido à letra: «eu trago o fogo do sol».
Em Junho de 1900, numa pequena aldeia dos Pirenéus Orientais, Sorède, experimentou uma nova máquina, melhorada, com a qual atingiu a temperatura de 1100 graus centígrados.
Para divulgar o seu invento, decidiu participar na Exposição Mundial de 1904 a decorrer em ST.Louis, - EUA, onde apresentou um aparelho ainda mais perfeito.


Este Pyrheliophoro, pela sua imponência (80m2 de superfície refletora), exerceu grande impacto na multidão. A demonstração teve um enorme êxito, as temperaturas geradas foram da ordem dos 3000/4000 graus, derretendo todos os materiais colocados sob o foco de luz.
Foi premiado com o Grand Prize da Louisiana Purchase Exposition e recebeu ainda duas medalhas de ouro e uma de prata. A revista “Scientific American” publicou um artigo do seu correspondente o que credibilizou o invento junto da comunidade técnico-científica.


Os EUA, interessados no seu trabalho para fins militares, convidaram-no a naturalizar-se americano o que Padre Himalaya rejeitou, pois não era sua intenção abdicar da nacionalidade nem utilizar as suas descobertas para fins bélicos.
Padre Himalaya montou, na sua casa de Washington, um laboratório onde começou a fabricar a “ A Pólvora Sem Fumo” a que deu o nome “Himalayte”. Explosivo três vezes mais forte do que a dinamite, foi patenteado em 1907. Foi muito utilizado no desbravamento de terrenos.
Em 1908, o Padre Himalaya aderiu à “ Academia de Ciências de Portugal”, onde proferiu numerosas conferências, participou em vários congressos, apresentando projetos inovadores.
Em 1922, regressado dos EUA, na sua casa da Damaia “Palácio dos Condes da Lousã, deixou progressivamente a intervenção social ativa e entrou num período de recolhimento, voltando a dedicar-se à medicina naturopata e à benfeitoria aos mais desfavorecidos.
Deu Missa na velha mas bonita Capelinha de Nossa Senhora da Lapa, na Falagueira, Amadora.
As viagens, os inventos (patenteados em França, Inglaterra e EUA), a investigação e a filantropia levaram-no à ruína pelo que vendeu o palácio e a quinta da Damaia.


Em 1932, já doente, ainda exerceu funções de capelão em Viana do Castelo no “Asilo de Velhos e Entrevados da Caridade”, onde faleceu em dezembro de 1933.
Em novembro desse ano fora nomeado Presidente de Honra do Instituto Histórico do Minho.
O documentário histórico “A Utopia do Padre Himalaya”, produção da Lx Filmes e da RTP, com base no livro do professor Doutor Jacinto Rodrigues, a dinâmica da Associação Sociocultural Padre Himalaya-em Cendufe, e da Associação Les Amis du Padre Himalaya, que existe há anos em Sorède, deram nos últimos anos uma maior visibilidade a este cientista visionário.
Em Sorède, que já tem uma praça com o seu nome, vai ser realizado um protótipo fidedigno do forno do Padre Himalaya, que será concluído no primeiro trimestre de 2014.


Fontes literárias:
“Amadora História Arte e Cultura” de José Joaquim M. Hormigo ;
“A Ermida da Falagueira-Efemérides do seu Historial” de A. Martinho Simões;
Sítios da internet consultados:
Padre Himalaya-Homem de Ciência:naturlink.sapo.pt (artigo baseado no livro do Prof. Doutor Jacinto Rodrigues «A Conspiração Solar do Padre Himalaya-Esboço biográfico dum português pioneiro da Ecologia»); Associação Sociocultural Padre Himalaya, Cendufe;  Les Amis du Padre Himalaya-Sorède;
Padre Himalaya/www.cienciaviva.pt;

Tita Fan

Formação Cívica: recomendações do CNE


A educação para a cidadania deve continuar a ser assumida como
contributo para a construção da cidadania nacional.
A educação para a cidadania deve valorizar diferentes expressões de
cidadania, considerando também o intercâmbio inter e multicultural e
o diálogo inter -religioso.
A educação para a cidadania deve ser entendida, na escola, como problematização de diferentes cidadanias (nacional, europeia, cosmopolita,
cocultural, participativa, ativa, cognitiva…).
Deve ser evitada, na organização curricular e em todas as atividades
e práticas educativas, a separação entre a construção da excelência
escolar em sentido restrito, a democracia na escola e a promoção das
cidadanias.
A nova disciplina de Formação Cívica (cf. Decreto -Lei n.º 50/2011
de 8 de abril) deve ser assumida como uma dimensão fundamental no
ensino secundário, em adequada articulação com os processos que visam
os melhores níveis de sucesso académico dos alunos.
No ensino básico, deve ser revalorizada a educação para a cidadania
democrática no âmbito da Formação Cívica, resgatando -a do enclausuramento excessivo relativo à gestão quotidiana dos problemas que
decorrem das funções da direção de turma.
A educação e aprendizagem da cidadania, tanto no ensino básico, como
no ensino secundário, devem ser desenvolvidas, sobretudo, pela participação dos alunos e professores em atividades e projetos concretos.
A educação para a cidadania deve, sempre que possível, mobilizar
igualmente a colaboração de pais e encarregados de educação.
As orientações do Ministério da Educação e Ciência e os responsáveis
dos órgãos de administração e gestão dos agrupamentos de escolas e
escolas não agrupadas devem criar e suscitar as condições adequadas à
valorização e ao desenvolvimento da educação para a cidadania.
Para além dos professores, os coordenadores de departamentos curriculares, diretores de turma e demais responsáveis pelas estruturas de
coordenação educativa e supervisão pedagógica devem ter um papel
particularmente interventivo e articulado na educação para a cidadania.
O projeto educativo de agrupamento de escolas ou de escola não
agrupada deve expressar com clareza as orientações gerais em termos
de valores e educação para a cidadania, as quais serão traduzidas, de
forma coerente, no regulamento interno, nos projetos curriculares e no
plano de atividades.
No âmbito de atividades específicas de educação para a cidadania
deve haver oportunidade para problematizar os fatores indutores de
situações de risco e de vulnerabilidade social, que colidam com os
direitos humanos.
A educação para a cidadania deve basear -se em metodologias racionais
e participativas que apelem aos conhecimentos científicos, técnicos e
humanísticos, e que promovam o espírito crítico, o desenvolvimento
moral e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes.
 Ler o documento completo aqui.

Enviado por O Que Não Sabe Pensar

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A obra criativa de Freud


A ampla bibliografia de Freud é composta por vinte e quatro livros (dois dos quais em colaboração, um com Josef Breuer e outro com William Bullit), por cento e vinte e três artigos e cerca de quinze mil cartas.
Foram realizadas duas edições completas da obra de Freud em alemão, uma durante a sua vida – Gesammelte Schriften, e outra depois da sua morte – Gesammelte Werke (GW) publicadas, primeiro em Londres, depois em Frankfurt. As obras Gesammelte Werke tornaram-se universalmente, a edição de referência. Esta obra foi completada por outros dois volumes (um índice e um volume de suplementos) realizado por Angela Richards e Ilse Grunbrich-Simitis.
A edição inglesa realizada por James Strachey sob o título Standard Edition of the Complete Phychological Works of Sigmund Freud (SE) é a única edição crítica da obra de Freud sendo, por isso, que constitui uma obra de referência no mundo inteiro.
Convém salientar, que nenhum dos textos de Freud anteriores ao ano de 1886 foi integrado nas diversas obras completas. Durante  este período pré-psicanalítico (de 1877 a 1886) Freud publicou vinte e um artigos sobre diversos temas, que em 1973 foram recenseados por Roger Dufresne.
Becas

domingo, 29 de janeiro de 2012

Homenagem aos professores da Escola Pública



Não comento nada, a não ser que achei comovente, mas... não foi feito por cá! :-(

Sobre o ensino da relojoaria em Portugal


A célebre casa dos 24 tinha registada uma “Corporação de Relojoaria”, onde era feita a aprendizagem segundo a tradição medieval.
A primeira escola institucional de relojoaria, que se conhece, funcionou adstrita à Real Fábrica dos Relógios, fundada na 2ª metade do século XVIII, uma iniciativa do Marquês de Pombal. Mestres franceses orientaram operários e aprendizes até a Real Fábrica falir.
Durante o final do século XIX funcionou uma oficina na penitenciária. Contudo, nos meados do século XIX, já a Real Casa Pia de Lisboa pagava a grandes mestres para que recebessem alguns aprendizes em regime de externato.
A partir de 1894, passa a existir uma oficina num palacete situado no nº 113 da rua de São João da Mata, alugado pela Casa Pia.
O ensino foi, depois, transferido para o Mosteiro dos Jerónimos, sendo diretor técnico da escola, Augusto Justiniano de Araújo.
O ensino prosseguiu durante meio século, embora com intermitências. Já no século XX, com a reforma do ensino de 1948, o governo contrata o mestre suíço Walter Sutter para dar início a um ensino profissional.

BIBL:DICIONÁRIO DE RELOJOARIA DE FERNANDO CORREIA OLIVEIRA

Tita Fan

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Memória do holocausto


On January 27, 1945, on Saturday, at around 9 a.m. the first Russian soldier from a reconnaissance unit of the 100th Infantry Division appeared on the grounds of the prisoners' infirmary in Monowitz. The entire division arrived half an hour later. The same day a military doctor arrived and began to organize assistance.
In the afternoon soldiers of the Red Army entered the vicinity of the Auschwitz main camp and Birkenau. Near the main camp they met resistance from retreating German units. 231 Red Army soldiers died in close combat for the liberation of Auschwitz, Birkenau and Monowitz. Two of them died in front of the gates of Auschwitz main camp. One of them was Lieutenant Gilmudin Badryjewicz Baszirow. 
The first Red Army troops arrived in Birkenau and Auschwitz at around 3 p.m. and were joyfully greeted by the liberated prisoners. After the removal of mines from the surrounding area, soldiers of the 60th Army of the 1st Ukrainian Front marched into the camp and brought freedom to the prisoners who were still alive. On the grounds of the main camp were 48 corpses and in Birkenau over 600 corpses of male and female prisoners who were shot or died in the last few days.
At the time of the Red Army's arrival there were 7,000 sick and exhausted prisoners in the Auschwitz, Birkenau and Monowitz camps.
Auschwitz Memorial / Muzeum Auschwitz

Para que a memória deste horror  nunca se apague e a História nunca consinta a repetição de semelhante barbárie.  

Aniversário de Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart


Encontro da Associação de Professores de Filosofia

Clique para ampliar

"Filosofia e Fins do Mundo"
Coimbra, 25 de Fevereiro de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Pinturas de Francine Van Hove





Pode saber mais desta artista aqui.

Tempestade solar produz aurora boreal espetacular




Na região de Tromso, no norte da Noruega, pôde ser visto este espetáculo deslumbrante, na noite de 22 de Janeiro, durante a tempestade solar. É um fenómeno comum em locais próximos do Ártico.
"(...) A aurora boreal é um fenómeno ótico que resulta do impacto entre as partículas de vento solar e a poeira espacial que se encontra na Via Láctea com a alta atmosfera da Terra, canalizadas pelo campo magnético terrestre, sendo, por norma, visível nas regiões polares."
Artigo completo aqui.

Ainda sobre o fim da Formação Cívica


«Numa carta enviada ontem ao ministro da Educação e Ciência, o Provedor de Justiça frisa que o cumprimento do estipulado na Declaração das Nações Unidas e na Carta do Conselho da Europa “não se compadece” com a prevista eliminação daquela disciplina.
O Provedor lembra, a propósito, que nestes instrumentos internacionais se determina, por um lado, que a educação para os direitos humanos é uma responsabilidade dos Estados e, por outro, que o acesso a esta constitui um “direito da pessoa”. »
Leia aqui o artigo completo.

Resta saber, perante este parecer, o que se irá fazer. Apesar de o artigo dizer que "o ministro Nuno Crato se manifestou sensível ao argumento", certamente, uma vez a decisão tomada, continuará a haver uma atitude de "surdez" do executivo em relação a tudo o que interfira nas políticas de contenção de gastos.  Esta posição vem juntar-se à dos Diretores de Escolas da região do Alentejo, que referi aqui abaixo. Estamos apenas a quatro dias do prazo para a discussão pública da revisão curricular. A tomar posição, há que fazê-lo agora!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O amor ao próximo

 

“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus, 22, 39).
-.Quem é o meu próximo? Aquele que pertence ao mesmo grupo familiar, local, social, económico, nacional, étnico, cultural, linguístico, político ou religioso? Aquele que pertence à mesma espécie, ao mesmo planeta ou à mesma galáxia? Ou o meu próximo é aquele de quem me sentir próximo, ao ponto de o não sentir separado de mim nem a mim separado dele? O meu próximo tem então de ter duas pernas e dois braços ou pode ter quatro patas, muitas, nenhuma, caule, tronco, folhas, flores e frutos? Tem de ter cabelos e pele quase nua ou pode ter pêlos, penas, couraça, escamas e casca? Tem de viver sobre a terra ou pode rastejar dentro dela e voar e brilhar nos céus? Tem de ter uma vida individual ou pode ser a própria terra, as areias, as rochas, os minérios, as águas, os ventos, o fogo e as energias que em tudo isso habitam? Tem de falar a minha linguagem ou pode miar, ladrar, zumbir, uivar, cacarejar, grunhir, mugir, relinchar, rugir, trinar, grasnar, trovejar, soprar, relampejar, chover ou florir, frutificar, repousar e mover-se em silêncio? Tem de ter forma e ser visível ou pode não ter forma e ser invisível? Tem de ter vida consciente e senciente? Tem de ter vida? Tem de ser algum ser ou coisa ou pode ser tudo? A empatia, o sentir em si o outro como o mesmo, a compaixão, têm limites? Temos limites? Conhecemos a fronteira do que somos? Ou só o medo nos limita? O medo de tudo o que há. O medo do infinito e da vasta multidão que somos.


(Professor de Filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa, querido colega e amigo) 

Os professores no Japão

"No Japão, o único profissional que não precisa de curvar-se diante do imperador é o professor, pois segundo os japoneses, numa terra em que não há professores não pode haver imperadores."


(foto e texto de autoria desconhecida)

Esperança

 
(Imagem cuja autoria não foi possível identificar)

Tenho esperança? Não tenho.
Tenho esperança? Não tenho.
Tenho vontade de a ter?
Não sei. Ignoro a que venho,
Quero dormir e esquecer.
Se houvesse um bálsamo da alma,
Que a fizesse sossegar,
Cair numa qualquer calma
Em que, sem sequer pensar,

Pudesse ser toda a vida,
Pensar todo o pensamento -
Então [...]

Fernando Pessoa, 11-12-1933

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Matthieu Ricard sobre a felicidade



Matthieu Ricard é francês, filho de filósofo, doutorado em Biologia e monge budista. Por esta ordem. Segundo as pesquisas efetuadas no seu cérebro por uma equipa de neurocientistas, ele pode ser o homem mais feliz à face da Terra. O segredo: nunca estar num "bad mood"!
Quando for grande quero ser assim.





Para quem não tiver muita paciência para tentar perceber este linguajar, assim num inglês afrancesado, deixo aqui as linhas gerais da entrevista traduzidas:
Para Matthieu Ricard a compaixão e o amor incondicionais vão ativar certas ondas cerebrais produzidas no córtex que podem ser detetadas pela neurobiologia. 
O amor altruísta é o sentimento mais positivo e produz o mais construtivo estado de espírito de todos, enquanto que o egoismo é o mais miserável. 
Mathieu Ricard nunca está num "bad mood", apesar de sentir por vezes indignação (o que é diferente de raiva), por exemplo perante um massacre. Nesse caso, poderá usá-la como motivação para resolver uma situação de injustiça insustentável: "é uma questão de brio dizermos por vezes 'isto não pode ser!' e buscarmos um remédio à altura."
 O que impede a felicidade são estados de espírito de raiva, ciúme, inveja, arrogância ou desespero.
A meditação fornece recursos para lidar com os altos e baixos das circunstâncias, em vez de ficar vulnerável a elas, mantendo a mesma abertura e a mesma resiliência perante os acontecimentos agradáveis e desagradáveis do mundo exterior. Isto não significa indiferença, apenas nos deixamos afetar menos pelas coisas, já que temos a liberdade de olhá-las de um modo mais realista e construtivo, para si e para os outros. 
Alguns artistas falam da dor, da preocupação e da depressão como fontes para a criatividade. Matthieu Ricard refere que já foram feitos estudos sobre a criatividade e a grande maioria dos artistas consta de pessoas comuns, normais, que não andam a cortar as orelhas. Mesmo nos que sofrem depressões cíclicas, os estudos mostram que as suas melhores obras são produzidas fora desses períodos.
Salienta-se nesta entrevista o papel positivo do exercício da meditação, que começa por uma postura física de coluna direita, a respiração controlada e a atenção concentrada. Não tem de ser um exercício aborrecido que se faz de pernas cruzadas, queimando incenso ou debaixo de uma árvore. Para meditar não é preciso ser-se um Yogi, apenas concentrar-se e respirar em harmonia com a Natureza.
Já tive o privilégio de estar na presença de Matthieu Ricard várias vezes em Lisboa e posso confirmar que a sua personalidade faz jus à proximidade que tem com o Dalai Lama (ele é um dos seus porta-vozes e tradutores oficiais). Este monge, que afinal é também um homem de Ciência, não só possui uma enorme humildade e simplicidade, mas também, alia à sabedoria, sobretudo, humanidade e doçura.

Na barra lateral deste Blogue consta desde a primeira hora, como livro recomendado, a obra "O Monge e o Filósofo", um diálogo muito instrutivo entre Matthieu Ricard e o seu pai, o filósofo francês Jean-François Revel, entretanto já falecido. É uma leitura que vale a pena, pelo confronto construtivo de pontos de vista sobre o mundo, entre um ateu e um monge budista.

O tempo...


‎"Não force a arte, não force a vida, nem o amor, nem a morte. Deixe que tudo suceda como um fruto maduro que se abre e lança no solo as sementes fecundas."

Agostinho da Silva

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Homero e a Criatividade


Homero foi o primeiro grande poeta grego cuja obra chegou até nós, viveu no século VIII a.C.  e consagrou o género épico com as obras Ilíada e Odisséia.
“A poesia é mais durável que a vida” - Odisseia, VIII, 578
Antes do início do pensamento filosófico, as obras de Homero tendem a aproximar os deuses dos homens, num movimento de racionalização do divino.
De onde vem a poesia?
“A sabedoria dos poetas vem das Musas”Íliada, II, 484
Vem das musas, dos Deuses
- Qual é o objetivo da Poesia?
Espalhar a alegria, a fruição e o encanto entre os humanos.
 - Qual o efeito da poesia nos seres humanos?
A poesia é como um feitiço, um encantamento. Para Homero a poesia não é vista como uma arte autónoma, mas como um privilégio que vem dos deuses. Para Homero os poetas tinham uma tarefa divina.
Becas

O artigo sobre Homero publicado no blogue Pérola de Cultura partiu de uma investigação conjunta apresentada no Seminário - Questões de Estética na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa em Fevereiro de 2011 - A origem da Criatividade - da Antiguidade à Contemporaneidade. Tratou-se de uma apresentação conjunta de Isabel Castro Lopes (Becas) e Teresa Lousa. A co-autoria não foi explicitada no blogue porque nele utilizamos nomes fictícios.

O pionierismo na aviação portuguesa e a Amadora

Armand Zipfel

Desde o fim do século XIX que a aeronáutica era notícia, uma vez que foram tempos de grandes exibições e de grandes proezas. Contudo, os primeiros anos da segunda década do século XX foram, sem dúvida, os anos de afirmação do avião como máquina de valor militar e civil.
Em Portugal assistiu-se pela primeira vez, em 17 de outubro de 1909, às exibições de um avião, pilotado pelo francês, Armand Zipfel, no Hipódromo de Belém.




Em 11 de dezembro de 1909, foi fundada, em Portugal, a primeira instituição dedicada à aviação, o “AERO CLUBE DE PORTUGAL”, que teve um papel decisivo na divulgação da aeronáutica.

Blériot XI

Em 27 de Abril de 1910, teve lugar o primeiro voo digno desse nome. Julien Mamet, pilotando um Blériot XI, descolou do Hipódromo de Belém, descreveu um largo círculo a 50 m de altura, sobrevoou a Casa Pia, bordejou o Tejo e regressou novamente ao Hipódromo.


Em 10 de setembro de 1912, depois da aprendizagem em França, Alberto Sanches de Castro, membro do “AERO CLUBE”, foi o primeiro português a voar em território nacional, no Mouchão da Póvoa de Santa Iria, a bordo de um Voisin Antoinette de 40cv.


A Aviação Militar foi oficialmente constituída em Portugal no ano de 1914, nos ramos Exército e Marinha, com a criação da Escola de Aviação Militar e Aviação Naval, culminando um processo que se vinha desenvolvendo desde 1912, com António José de Almeida, tendo sido do AERO-CLUBE DE PORTUGAL, que saiu a comissão que a formou.


A História da Aviação Nacional está imensamente ligada à Amadora. Após a euforia da proclamação da República, a localidade atravessou uma época de desenvolvimento sociocultural muito importante. Em 1911 recebeu a visita de Brito Camacho, membro do Governo, e em 1912 foi inaugurado o edifício dos Recreios Desportivos, acontecimento de relevo na vida social e cultural amadorense.


A 7 de Julho desse ano, realizou-se o famoso “Concurso de Papagaios”, evento que marcou o início da aventura aeronáutica. Organizado pelos Recreios Desportivos, nos terrenos do Casal do Borel, a prova contou com a participação de destacadas figuras da sociedade de então e do júri fizeram parte dois membros do “AERO-CLUBE DE PORTUGAL” para atestar a seriedade da iniciativa e avaliar provas de altitude, estabilidade, levantamento de pesos, ângulo e tração.



Seriam semelhantes a este?

Em 26 de Janeiro de 1913, um avião, pilotado pelo francês Alexandre Sallés, cruza pela primeira vez os céus da Amadora. Vindo do Hipódromo de Belém aterra nos terrenos do Casal do Borel, partindo, na aterragem, parte considerável do aeroplano, bem como o hélice, perante uma considerável e entusiasmada multidão. Foi reparado, em 8 dias, na fábrica de espartilhos Santos Matos & Cª., pelo que o piloto agradecido batizou o avião de “Amadora” e com ele fez exibições por todo o país até maio de 1914.

Blériot XI

Em 18 de Março de 1917, realizou-se na Amadora o 1.º Festival Aéreo, outro momento alto que trouxe à Amadora mais de 50 mil pessoas (12 vezes mais do que a sua população), e ao qual assistiram o Presidente da República Dr. Bernardino Machado e alguns ministros. Aterraram, nesse dia, o tenente António Caseiro e Sacadura Cabral, que pilotando também um avião “Caudron”, causou um enorme delírio!

Festival de 1917

Em 1919, é criado o Grupo de Esquadrilhas de Aviação “República” (GEAR), que se instalou na Amadora, nos terrenos junto ao campo de futebol dos Recreios, onde funciona actualmente a Academia Militar.


Durante cerca de um quarto de século, foi da freguesia da Amadora que partiram algumas das mais importantes viagens da aviação nacional: 18 de outubro de1920, tentativa de ligação à Ilha da Madeira, de Sarmento Beires e Brito Pais, no “Cavaleiro Negro”; 



7 de Abril de 1924, viagem do Pátria a Macau, de Brito Pais, Sarmento Beires e Manuel Gouveia,( partiu da Amadora para Vila nova de Milfontes, terra de Brito Pais, de onde descolou para Macau);


O Pátria

27 de março de 1925, voo do “Santa Filomena” à Guiné, com Pinheiro Correia, Sérgio da Silva e Manuel António;

Santa Filomena

5 de setembro de 1928, voo com destino a Moçambique, com escala na Guiné, em São Tomé e em Luanda. Foi realizado por dois aviões tripulados pelos capitães Pais Ramos e Oliveira Viegas, o tenente João Esteves e o Iº-sargento mecânico Manuel António.



1930, voo a Goa de Moreira Cardoso e Sarmento Pimentel, num pequeno De Havilland, batizado de “Marão”.

modelo de De Havilland –Museu do Ar

29 de dezembro de 1930, voo de Carlos Bleck e Humberto Cruz à Guiné e Angola, no “Jorge de Castilho”. O mais extenso realizado, até então, pela Aviação Nacional e primeiro voo com partida e chegada à Amadora, onde aterrou em 21 de Fevereiro de 1931, recebendo da multidão uma calorosa receção.


25 de outubro de 1934, viagem de ida e volta de Humberto da Cruz e António Lobato no Dilly”, a Timor, terminada em 21 de dezembro de 1934, que foi a mais longa da História, não só da aviação portuguesa, mas da Amadora, 42.670km, tendo sido considerada a mais minuciosamente preparada de todas as que saíram da Amadora.

Após anos de entusiasmo pelo pioneirismo da aviação e de avanços tecnológicos importantes ao nível dos aparelhos, termina finalmente em 1938 a ligação da Amadora à Aviação Nacional. Razões de organização da Aeronáutica Militar, a par com a exiguidade e deficiências da pista de terra batida ali existente, determinaram a extinção do Grupo de Aviação de Informação n.º 1 – como passara a ser designado o GEAR – cujo pessoal e material seriam transferidos para Tancos.
A ligação à cidade da Amadora continua, contudo, na atualidade, pois nela se encontram as instalações do Estado Maior da Força Aérea.


Monumento aos Pioneiros da Aviação, em Alfragide

FONTES:
- Texto e fotos:- Homens e aviões na História da Amadora de M. Lemos Peixoto;
- Enciclopédia-artigos: Pioneiros da Aviação Portuguesa; 
- Museu do Ar-on line; História da Aviação-Wikipédia;
- EX-OGMA-blogspot-Os primeiros aviões em Portugal;
- Voa Portugal- O Portal da História da aviação/facebook; 
- História de Arte- Fundação Calouste Gulbenkian/ Arquivo Municipal de Lisboa(on line); 
- História da Aviação Portuguesa::Aeronáutica (on line).

TITA FAN

Os Derviches rodopiantes da Turquia



O restaurante Dervixe, na Avenida 24 de Julho, em Lisboa, tem a informação que transcrevo abaixo no verso da sua ementa. Não pude resistir à tentação de copiá-la e trazê-la para o Blogue. Fui jantar a este agradável restaurante no verão, mas entretanto perdi de vista o apontamento, agora reencontrado; partilho convosco este aspeto curioso da cultura turca, da qual conheço ainda tão pouco.



O espaço do restaurante é agradável, com recantos de decoração tradicional turca e a cozinha é uma revelação de sabores de influência decididamente mediterrânica, provavelmente de predominância grega, misturada com influências do norte de África. O acolhimento é muito simpático e os mais supersticiosos têm a possibilidade de obter a leitura das borras do seu café, feita pelo próprio proprietário do restaurante, que já se expressa num português satisfatório.



«Os Mevlani, derviches rodopiantes, são os seguidores de Mevlana Jelaleddin Rumi, que nasceu em 1207 no seio de uma família de teólogos. Fundou a ordem Mevlana Sufi, que defendia que a melhor via para se chegar à divindade era através da poesia, da música e da dança.

Uma das suas características é a aceitação de outros credos e perspetivas, bem refletida no convite que Rumi faz à participação no sema:
"Quem quer que sejas, vem
 Mesmo que sejas
Um infiel, um pagão, ou um adorador do fogo". » 

Agrada-me particularmente esta abertura a outros credos... 
Fundamentalistas sectários, o mundo já tem de sobra.




A dança dos derviches rodopiantes foi reconhecida como património cultural imaterial da humanidade pela UNESCO. Para saber mais sobre este bailado clique aqui.



(A dança rodopiante começa por volta do minuto 5. Até lá aprecie a música). 


Tive a oportunidade de assistir a uma destas espantosas danças cerimoniais na Expo 98 em Lisboa. Observei estupefacta este bailado, ao som de uma música inebriante, perguntando-me como aguentavam eles, sem cair, aquele interminável rodopio. 
A explicação está em alguma coisa parecida com uma espécie de transe religioso, que também pude observar de perto num artista chamado Bali, pertencente a uma tribo Tuareg, que assentou o seu acampamento durante 15 dias próximo da Torre Vasco da Gama.


Contacto do restaurante aqui.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Boa oportunidade para estar calado


Às vezes parece que não tem bem a noção do ridículo ou então que não tem respeito por aqueles que verdadeiramente têm dificuldades; ou ainda, na pior das hipóteses, já não está muito bem da cabeça. E nós a termos de aturar estas tristes figuras.