(Imagem de Jorge Fliscorno)
A iniciativa do fabuloso e furioso saldo a que se assistiu no Dia do Trabalhador é acintosa e indefensável. Pois foi justamente nesse dia - e não noutro - que a rede Pingo Doce decidiu contrariar o seu slogan; com eles, diziam, não havia "promoções nem outras complicações". Ora, de súbito, num só dia, houve promoções absurdas e estúpidas complicações!
Os chefes da rede mudaram de ideias ou de tática. Até aí, não há grande mal; é uma resposta à concorrência. O pior é que teriam a oportunidade de fazer saldos miraculosos em muitos outros dias, 52 fins de semana e alguns feriados (que parecem não merecer grande respeito mas que ainda subsistem). Mas não. Os chefes obrigaram os seus subordinados a trabalhar muito mais do que o habitual e, ao que parece, em situações de grande tensão; e não foi só durante a abertura das lojas, foi também depois, à tarde e à noite, certamente também de madrugada, para remover o lixo e a sujidade e repor o conteúdo das inúmeras prateleiras esvaziadas pela turba que acorreu afanosamente ao apelo/engodo dos novos padres-mercadores.
Sim, é chegada a época em que as massas acorrem à "Missa dos Mercados"!
Pois nesta Missa capitalista, que vem ganhando corpo e que impera qual insidioso e camuflado polvo, os 'padres' dizem-nos que temos que nos conformar, que não há alternativa a não ser, talvez, no reino dos céus, e disponibilizam uma hóstia - para engolir ou para limpar a casa - que é praticamente gratuita.
O que pensará o Santo Padre de tudo isto?
Luís Diferr
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