10 de Maio de 2012Caro Sr. Presidente,Envio esta carta depois de devolver o mandato exploratório que o presidente da República Helénica me deu para tentar formar um governo que conseguisse a maioria no Parlamento, de acordo com a nossa Constituição. Esta carta segue a de 21 de Fevereiro.O voto do povo grego no domingo, dia 6, retira legitimidade política ao Memorando da Troika (MoU/MEFP), que foi co-assinado pelo anterior governo de Lucas Papademos e os dois partidos políticos que constituíram uma maioria parlamentar para esse governo. Esses dois partidos registaram perdas, aproximadamente 3,5 milhões de votos e 33,5 por cento da votação total.De notar que, antes disso, o Memorando da Troika já perdera a legitimidade em termos de efectividade económica. Não apenas porque o Memorando falhou nos seus próprios objectivos. Falhou igualmente em resolver os desequilíbrios estruturais da economia grega e agudizou as desigualdades sociais. Durante os últimos anos, Syriza tem alertado para essas falhas endógenas. As nossas propostas para reformas concretas foram ignoradas por todos os governos com os quais a União Europeia colaborou intimamente.De notar ainda que por causa do Memorando da Troika a Grécia é o único país europeu em tempo de paz que até 2012 viveu cinco anos consecutivos de recessão. Além disso, falhou em assegurar com credibilidade a sustentabilidade da crescente percentagem de dívida pública grega em relação ao PIB. A austeridade não pode ser a cura para a recessão. É imperativa e socialmente justa, no imediato, uma inversão dos caminhos da nossa economia.Necessitamos urgentemente de assegurar a estabilidade económica e social no nosso país. Com este objectivo temos que tomar todas as medidas necessárias para reverter a austeridade e a recessão. Porque, além de carecer de legitimidade democrática a aplicação deste programa de "desvalorização interna" está a dirigir a nossa economia para um caminho catastrófico, o qual anulará, ao mesmo tempo, todos os pré-requisitos para a recuperação. A desvalorização interna provocou uma crise humanitária.Além disso, necessitamos de reexaminar globalmente a estratégia actual na perspectiva de saber se representa uma ameaça para a coesão e a estabilidade social da Grécia e de toda a Zona Euro.O futuro comum dos povos da Europa está a ser ameaçado por estas escolhas catastróficas e, por isso, a solução está a um nível Europeu.Com os melhores cumprimentos,Alexis Tsipras*
(Daqui)
*Alexis Tsipras, líder da coligação Syriza.
Resolvi transcrever esta carta só porque sim, para ser do contra. Há alturas em que me apetece ser contra a corrente. E neste caso fartei-me de assistir boquiaberta ao chorrilho de nomes e rótulos que colocaram a esta figura de um político grego, de 37 anos, engenheiro civil e pai de filhos. Desde radical, a extremista, passando por inconsciente, irresponsável, kamikase e suicida, de tudo vi e li. Repito, boquiaberta.
Tendo em conta que ainda não decidi fechar este Blogue, acho que me assiste o direito de discordar dessa torrente de insultos e dar o benefício da dúvida a quem escreve com correção e fala civilizadamente e com elegância. Não me importo que simpatize com o Panathinaikos e goste de andar de bicicleta como qualquer cidadão normal. Não tem cara, modos ou escrita de um perigoso extremista. E o facto de ser um rapazola, não constitui, pelo que se vê atualmente, óbice algum para ser primeiro-ministro. Ou constitui?
De acordo Helena!
ResponderEliminarSão estas tuas pérolas que fazem com que venha aqui todos os dias!...
É uma mulher de filosofia no activo!
Bjs
Francisco
A Lelé fará os possíveis por não desiludir o seu padrinho! ;-))
ResponderEliminarUm trabalho excelente!
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