domingo, 26 de abril de 2009
Menina Júlia de August Strindberg no Teatro D. Maria II
Tipicamente nórdico, o minimalismo da cozinha onde se desenrola esta peça de Strindberg. Cenário todo em tons de branco pastel, sem qualquer decoração; nas paredes, apenas o estritamente indspensável: as frigideiras penduradas e a campainha pela qual o Sr. Conde chamava os criados.
Três personagens principais interpretadas por Beatriz Batarda, Albano Jerónimo e Isabel Abreu, movem-se como triângulo amoroso num torvelinho de emoções à flor da pele, termina em tragédia, à boa maneira escandinava.
Tudo decorre numa noite com baile, sexo, sangue, vinho e muitas dúvidas existenciais. Certezas, só uma, a da precariedade da vida e do fim inevitável.
Vale sempre a pena o trabalho de Beatriz Batarda, que já nos habituou às tragédias e dramas passionais, e, Albano Jerónimo, muitos furos acima do que revelou como Carlos da Maia numa adaptação execrável de “Os Maias” de Eça de Queirós, que Moita Flores escreveu para a SIC há alguns anos. Este actor vale mais do que as telenovelas o deixam mostrar.
A peça está bem conseguida no seu todo e a sala Garrett é um espaço adequado a este tipo de produções clássicas. Sentimo-nos no tempo do século XIX, onde cabe a acção deste drama.
Pode jantar-se ou tomar um snack no bar “Amo-te” de Pedro Miguel Ramos, dentro do próprio Teatro.
MENINA JÚLIA - Ficha técnica:
De August Strindberg | tradução Augusto Sobral | encenação Rui Mendes | cenografia Manuel Amado e Ana Paula Rocha | figurinos Ana Paula Rocha | luz Carlos Gonçalves | música Rui Rebelo | com Beatriz Batarda, Albano Jerónimo e Isabel Abreu | figurantes Ana Gil, Bruno Gonçalves, Nuno Nolasco, Raimundo Cosme, Regina Gaspar e Teresa Athayde | assistência de encenação Maria Arriaga
Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II até 24 de Maio, de quarta-feira a sábado às 21:30 e domingo às 16:00.
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A adaptação era execrável, mas passou na RTP. E o Albano Jerónimo não estava mal dentro do texto paupérrimo e sem grande nexo que lhe foi atribuido.
ResponderEliminarObrigada pela correcção. Já lá vão uns anos...
ResponderEliminarDe acordo que o Albano Jerónimo não estava mal, tanto assim que foi aí que reparei nele. E achei que era uma maldade darem-lhe aquela história sem pés nem cabeça.
No mínimo, é falta de deferência para com a obra monumental de Eça de Queirós.