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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Eu não dizia que isto devia cair?


Para termos uma ideia da palhaçada infernal que grassa pelas escolas deste país, é bom pôr os olhos neste texto de Paulo Guinote: ele dá bem a noção de que esta avaliação é em tudo contrária ao rigor e à seriedade que Nuno Crato há anos vem reclamando para a escola pública.

"Estão dispostos a colocar a assinatura nesta manta de retalhos sem nexo?

Falo de Pedro Passos Coelho e Nuno Crato em relação a um processo de avaliação do desempenho docente e do estado em que ela está a decorrer.
Neste momento os critérios variam de escola para escola, de departamento para departamento, de relator para relator. Não há regra aparentemente óbvia que não seja quebrada. Prazos, parâmetros de avaliação, critérios para evidências. Até conheço casos de recolha das ditas já depois do prazo encerrado para a sua entrega. Depois logo se substitui o relatório já entregue.
Há escolas/agrupamentos que obrigam quem apenas concorre a Bom a entregar mais do que em outras(os) é pedido para ter um Muito Bom ou Excelente.
Numa mesma escola há departamentos que interpretam de forma diferente o mesmo requisito e há relatores que aplicam os critérios de forma mais estreita ou mais ampla.
Há uma acumulação surreal de episódios caricatos.
Um colega viu o seu relatório recusado porque incluíra a obtenção do grau de mestre na dimensão de valorização profissional e a sua relatora achou que não. Recusou e nem sequer apresentou justificação.
Há colegas obrigados a entregar planificações aula a aula, embora não concorram a classificações de mérito e tenham cumprido as planificações dos respectivos grupos disciplinares.
Há relatores que não sabem, eles próprios, fazer um relatório em condições.
Há directores que estão a ter êxtases sucessivos a mudar pequenas regras de mês em mês, quando não a cada semana.
Acredito que há sítios onde tudo corre bem e sobre rodas, com equidade e bom-senso.
Mas neste momento não há a mínima ideia sobre a proporção de casos desses em relação aos do que estão em completo desvario.
Na maior parte dos casos por abuso de poder por parte das Direcções (a quem o novo Governo quer ainda atribuir mais poderes) ou por incompetência flagrante dos relatores (que não fizeram nenhuma prova de ingresso na função…).
O que se questiona é: chega reformar este modelo? Vai ser permitida a validação desta avaliação fingida, deste simulacro de qualquer coisa que não é?
Será que Nuno Crato se sente confortável com isto? Achará que é melhor do que nada? Que mal feito e em retalhos desconexos é melhor do que fazer tábua rasa desta vergonha que se prolonga?
Da boca de Passos Coelho, em ocasião pública, ouvi a garantia que isso não se passaria. De Nuno Crato li e ouvi sempre coisas com sentido acerca de uma avaliação rigorosa.
Do PSD e CDS conhecemos as declarações feitas ao longo dos anos, até à última sessão da anterior legislatura.
Esperam-se actos em conformidade.
Ou não?"

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