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sábado, 11 de junho de 2011

Sócrates, Francisco de Assis e os originais

Nunca se ouviu tanto em Portugal estes dois nomes como nos últimos tempos. Aqueles que para mim tinham sido sempre, respectivamente, um dos maiores filósofos gregos da Antiguidade e um santo italiano da Idade Média, são hoje dois hiper-badalados políticos da cena portuguesa: o primeiro, um líder em queda, o outro, em provável ascenção para futuro líder.


Sócrates, filósofo ateniense, era um homem culto e amigo da sabedoria. Era suficientemente humilde para se juntar sem receios aos mais fracos, e, juntamente com eles, buscar a luz do conhecimento. Tornando-se incómodo para uma certa aristocracia intelectual com influência junto do poder político em Atenas, acabou condenado à morte pela cicuta por volta do ano de 399 a. C.

Perante a indignação da juventude que o seguia, houve um discípulo que decidiu escrever as suas memórias da convivência com este homem singular, perpetuando assim o seu pensamento, feito de ensinamentos orais. Falo de Platão, um dos mais brilhantes pensadores ocidentais.

A ironia e a maiêutica socráticas rivalizavam, provavelmente sem desvantagem, com a retórica demagógica e relativista dos Sofistas, sábios itinerantes cujo saber enciclopédico era pago pelos jovens aristocratas.

Considerado o homem mais feio de Atenas, Sócrates foi caricaturado por Aristófanes na comédia "As Nuvens" que o retratava com um gago ridículo. Por outro lado, os seus admiradores contam que ele foi considerado o mais sábio entre todos os sábios pela Pitonisa do oráculo de Delfos, sob comunicação do próprio deus Apolo...




Francisco de Assis foi um frade italiano do século XII, fundador da ordem religiosa que ganhou o seu nome e atribuem-se-lhe qualidades de homem santo. Considerava todas as criaturas do Universo como suas irmãs e como tal as respeitava e amava. Este frade é muitas vezes representado rodeado de animais, numa paisagem bucólica e pacificadora. 

Dotado de profunda bondade e compaixão, Francisco de Assis ganhou muitos seguidores e despojou-se de todas as riquezas materiais em favor do cultivo dos bens do espírito. 

Atribui-se-lhe também a fundação de uma ordem feminina, a das irmãs Clarissas, o que, na época, suponho, deve ter causado alguma perplexidade nos meios católicos, habituados a que os religiosos fossem sempre homens.

Francisco de Assis é hoje tido como um exemplo de despojamento e abnegação, assim como sinónimo de uma simplicidade que contrasta frontalmente com o luxo e a opulência dos meios eclesiásticos. É admirado e seguido por filósofos budistas e cristãos e é o patrono das causas ecológicas e ambientalistas.

Confesso que continuo a preferir os originais Sócrates e Francisco de Assis aos actuais. As cópias perdem muito para os originais: eles foram os autênticos, os que buscavam com humildade e tolerância a simpatia das gentes, e o amor a uma coisa chamada a Verdade!

2 comentários:

  1. Les deux personnages sont très sympathiques! Et d'actualité dans ce monde matérialiste!

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  2. Tem razão! Mas olhe que há franciscanos por aí a viverem com ordenados bem chorudos! Imagino as voltas que o verdadeiro S. Francisco dará na tumba!

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