sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Liv Ullman lê emocionada texto de Xiaobo
A actriz norueguesa Liv Ullman, que conheci nos anos 70 nos filmes de Ingmar Bergman, apareceu hoje na entrega (que não foi...) do Prémio Nobel da Paz, a ler um texto de Liu Xiaobo, a quem estava a representar.
A sua cadeira vazia foi repetidamente focada pelas televisões e o teor do texto deixam transparecer que não há ódio no coração do seu autor contra aqueles que o oprimem e o impediram de ir pessoalmente receber o prémio.
O Ódio Corrói a Consciência e Sabedoria das Pessoas
"Eu não tenho inimigos, nem odeio ninguém. Nem os polícias que me vigiaram, prenderam e me interrogaram, nem os advogados que me processaram, nem os juízes que me condenaram, são meus inimigos. Embora eu não possa aceitar a vigilância, prisão, processos ou condenação, respeito as suas profissões e as suas personalidades. O ódio corrói a consciência e sabedoria das pessoas; a mentalidade de hostilidade pode envenenar o espírito de uma nação, incitar a uma vida violenta e a conflitos de morte, destrói a tolerância e humanidade de uma sociedade, e bloqueia o progresso de uma nação na senda da liberdade e democracia.
Contudo, eu tenho esperança de conseguir transcender as minhas vicissitudes pessoais na compreensão do desenvolvimento do estado e de mudanças na sociedade, e de denunciar a hostilidade do regime com a melhor das intenções, e de acabar com o ódio através do amor..
Eu não me sinto culpado por seguir os meus direitos constitucionais e o direito de liberdade de expressão, e por exercer em pleno a minha responsabilidade social como cidadão chinês. Mesmo que esteja acusado por causa disso, não tenho queixas.
A reforma política da China deve ser gradual, pacífica, ordenada e controlável, e deve ser interactiva, desde cima a baixo e de baixo a cima. Desta forma terá o custo mais baixo e conduzirá aos resultados mais eficazes. Eu conheço os princípios básicos das mudanças políticas, e que mudanças sociais controladas e feitas de forma ordeira são melhores que aquelas que são feitas de forma caótica e sem qualquer controle. Por isso oponho-me a sistemas de governo que sejam ditaduras ou monopólios. Isto não é incitar à subversão do poder do Estado. Oposição não é equivalente a subversão."
Liu Xiaobo - Nobel da Paz 2010
Fotos: (c)Pérola de Cultura
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário