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sábado, 30 de outubro de 2010

Manuel Maria Carrilho: o fim da colaboração com o governo PS



Desde há muito em rota de colisão com as cúpulas do seu partido, hoje em entrevista à TVI24, Manuel Maria Carrilho assumiu mais uma vez as suas discordâncias com as políticas deste governo, nomeadamente em matéria de Educação e Cultura.

Concretamente na Educação, Carrilho criticou o programa "Magalhães", assim como o programa das "Novas Oportunidades", que considera no essencial "operações de propaganda".

Nos últimos anos a desempenhar o cargo de embaixador na UNESCO em Paris, Manuel Maria Carrilho retoma agora o seu cargo de Professor de Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, interrompido há 15 anos para o desempenho de cargos políticos, nomeadamente o de ministro da Cultura no governo de António Guterres.

Já professor universitário de Filosofia e eu ainda caloira, conheci-o nos corredores da Faculdade e nesse tempo era a Filosofia Analítica o principal tema das conversas. Hoje gostei de o ouvir, sobretudo quando disse que são os valores do Humanismo aquilo que deve nortear os procedimentos de um político, o que não se verifica nos dias de hoje, dominados pela propaganda e pelos planos tecnológicos.

Para Carrilho, a introdução "sem justificação" do Magalhães nas escolas foi um erro, de carácter propangandístico, que custou milhões de euros e não se traduziu em nenhuma mais valia de carácter pedagógico, bem antes pelo contrário. Carrilho defende que só ao professor competiria introduzir o computador numa sala de aula e nunca a um político.

Fiquei a saber algo de que já suspeitava e que se confirmou: dentro do Partido Socialista não existe debate político desde 2004. Já me perguntei várias vezes, e também a respeito de Manuel Alegre: porque é que estas pessoas, que na prática são dissidentes, e se demarcam das políticas do governo, continuam a ser militantes deste PS, que de Socialista já nada tem?
 

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