O ronco viril e animalesco do automóvel contrasta fortemente com o alheamento, a apatia e o desinteresse do seu proprietário, cujo quotidiano é ditado por compromissos que não decidiu… até que recebe a visita da sua filha de 11 anos, Cleo, de cuja vida sempre esteve ausente. E na estrada algures, no final, Johnny parece ter finalmente tomado um rumo. Aparentemente, terá decidido resgatar o passado, no que isso for possível, e justificar o presente.
“ALGURES” (“SOMEWHERE”), de Sofia Coppola, é um filme singular, que ao ritmo lento da narrativa nos leva do exterior ao interior, como o foi “O amor é um lugar estranho” (“Lost In Translation”); é um filme intimista, feito de silêncios, gestos e olhares. A este respeito, a actuação de Elle Fanning – que interpreta Cleo – é francamente notável. A de Stephen Dorff –Johnny, perdido algures – é também excelente, pela consistência e contenção. E a escrita e direcção “cool” de Sofia é segura e muito pessoal, captando a relação de pai e filha, por exemplo na magnífica cena da piscina.
Ganhou o Leão de Ouro, em Veneza. Ainda bem que o cinema, por vezes, é um lugar estranho!
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Luís Diferr
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