Wenceslau
de Moraes, apesar de ter adotado os costumes japoneses, ao contrário do que
muitos afirmaram nunca deixou de se considerar português. Conhecedor da
literatura e da alma do povo japonês, sabia ser impossível essa transformação.
Por
outro lado, os japoneses, que acolhem com agrado a ideia de alguém não japonês
amar o seu país e gostam de quem admira a sua cultura, desconsideram quem não
respeita a sua própria identidade e as suas origens, pelo que nunca poderiam
considerar Wenceslau de Morais um dos seus.
“Kaymiô”,
o nome budista atribuído após a sua morte, que se encontra gravado no seu
túmulo em Tokushima, significa:" o homem que abriu a janela do Japão para
o exterior através dos livros".
As
traduções japonesas, das suas obras, têm tido uma grande aceitação. A sua
capacidade de abertura humana, a sua intimidade com o povo nipónico, seus
símbolos, lendas e mitos, amando os seus costumes e venerando os seus deuses,
revelando ao mundo um Japão real, é muito apreciado, nomeadamente, pelos
críticos literários japoneses.
Os Japoneses estão-lhe gratos. Ergueram-lhe
um monumento na principal praça de Kobe, outro em Tokushima, na principal
avenida, que tem uma inscrição:
"Aquele que trocou a sua alma pela
japonesa". Em Tokushima há também o Museu
Wenceslau de Moraes, onde estão reunidos todos os seus livros, objetos de arte
e muitas das suas recordações íntimas, uma Sociedade de Amigos e outros
memoriais.
É o único português a quem se rezam
sutras e que recebe no aniversário da sua morte um serviço budista.
Na festa dos mortos “Bon-Odori”, que
ele tão bem descreveu no livro com o mesmo nome, considerado, a par de “Dai
Nippon”, das suas melhores obras, raparigas e rapazes vão cantar e dançar
alegremente em roda do seu monumento em Tokushima.
Não pode haver consagração mais
viva.
Nos livros elementares das escolas
do Japão figuram o retrato e duas páginas sobre Wenceslau de Moraes.
Os seus grandes amores, infelizmente
bastante dramáticos, foram japoneses; por isso não surpreende que ele escreva
como nenhum outro estrangeiro sobre o fascínio da mulher japonesa:
Mas também o Japão deu muito a
Wenceslau, tanto, que ele não se cansou de o enaltecer nas suas obras. Beleza,
gentileza, calma, serenidade…
Tokushima está geminada com Leiria desde 5 de Setembro de 1969.
FONTES:
Filme
de Paulo Rocha “A Ilha de Moraes”
Dicionário
Cronológico de Autores Portugueses Vol. II
Dicionário
Ilustrado da História de Portugal Vol. II
Livros
de Wenceslau de Moraes – biblioteca pessoal
Pesquisa, organização e texto:
Tita Fan
Tita Fan
Gostei. Bj
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