Fernando Pessoa é universal e é
do conhecimento geral que se encontra traduzido em várias línguas.
Em língua chinesa a primeira versão
feita de uma obra de Pessoa, foi de “A Mensagem”, embora não completa.
O tradutor foi o macaense Luís
Gonzaga Gomes (11-07-1907/20-03-1976), que, de entre outros, foi aluno de
Camilo Pessanha. Durante os seus estudos liceais foi colaborador do jornal
estudantil “A Academia”, que lhe
proporcionou a oportunidade de conhecer alguns escritores portugueses.
Exerceu vários e diversificados cargos,
além de tradutor, pelo que tinha um
profundo conhecimento da língua chinesa. Autor de vasta bibliografia, a
tradução parcial de “A Mensagem” (os poemas na íntegra são poucos), destinou-se
a uma edição comemorativa do 24º aniversário da morte do poeta e destinava-se à
divulgação aos alunos do Liceu onde na altura lecionava.
Posteriormente, por altura do quinquagésimo
aniversário da morte de Fernando Pessoa, e com o patrocínio do Instituto Cultural
de Macau, foi publicada a “Antologia Poética de Fernando Pessoa”, resultado da
colaboração do Dr. Jin Guo Ping com o do Dr. Gonçalo Xavier (na altura
estudante macaense na Universidade de Pequim), e a versão integral de “A
Mensagem” em chinês, de autoria de Jin Guo Ping (Lic. em português pela Universidade
de, Estudos Estrangeiros de Pequim; bolseiro da Gulbenkian e do Instituto
Cultural de Macau; tradutor e autor de vários temas de Literatura portuguesa.
A abertura de Pessoa ao povo chinês iniciou-se, na
verdade, com o trabalho pioneiro de Luís Gonzaga Gomes, mas, o movimento pró
Pessoa tem tido um grande desenvolvimento nos últimos anos. As edições
bilingues na china têm tido grande sucesso e a genial criação dos heterónimos
tem sido motivo de grande interesse por parte dos chineses.
Além destas obras o Instituto Cultural de Macau
lançou em junho de 1988, uma “Antologia de Fernando Pessoa”, edição bilingue de
autoria de Zhang Weimin.
FERNANDO PESSOA
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
28.02.1929
Fontes:
-Comunicação do Dr. Jin Guo Ping ao III Congresso
Internacional de Estudos Pessoanos - Universidade de S. Paulo 1988, publicada no
Número Especial da “Revista Cultura”, edição do ICM, Dedicado à Memória
Portuguesa na Índia.
-Wikipédia.
Tita Fan
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