domingo, 13 de setembro de 2009
Foi Clara de Sousa quem ganhou o debate
Confesso-me um nadinha cansada destes frente-a-frente nos quais, verdadeiramente, não há vencedores nem vencidos. Parece haver da parte dos comentadores e analistas a suma preocupação de contabilizar quantos "golos" marcou Sócrates sobre Ferreira Leite ou Portas sobre Louçã. Curiosamente, de Jerónimo não se fala, talvez pela sua personalidade mais cool, sem título académico, ou porque o PCP costuma ter um eleitorado mais ou menos fixo.
Parece relativamente pobre a súmula das conclusões políticas ou ideológicas que se consegue tirar destes debates, centrando-se as análises mais nos comportamentos e perfis dos candidatos do que nas suas propostas.
Creio que não é surpreendente para ninguém a arrogância e falsos arrependimentos de Sócrates nem as hesitações/contradições de Ferreira Leite; ele é um líder forte, mas com um perfil que parece desonesto; ela tem um perfil que parece honesto, mas é uma líder fraca. Resultado: nenhum deles constitui uma alternativa de segurança para o eleitorado.
As pessoas precisam simultaneamente de segurança, honestidade e qualidades de chefia. O cidadão comum precisa de ter confiança nas pessoas que elege para seus governantes, para descansar da política e ir à sua vida, trabalhar.
Quantas vezes os professores nesta legislatura foram obrigados a sair à rua para lutar pelos seus direitos e a sua dignidade? Estamos cansados, precisávamos de alguém competente em quem confiar a governação.
O confronto de ontem à noite foi anunciado pelos Media como "um debate decisivo". Não me parece. Não penso que ninguém, depois do que ouviu (e viu, porque as expressões são coerentes com o pensar e o sentir), ficasse de tal modo surpreendido ou esclarecido ao ponto de decidir por ali o seu voto.
Para a maior parte das pessoas a opção eleitoral já está tomada há algum tempo. Acredito que, de entre aqueles que ainda hesitam, muitos escolherão ficar em casa.
Nunca a decepção e a falta de credibilidade dos governantes foi tão grande, nem tão fraca a alternativa mais imediata.
Indubitavelmente no debate de ontem à noite, a vencedora foi Clara de Sousa, que se revelou uma profissional de alto gabarito e forte personalidade, que se impôs quando tinha de conduzir o guião sem sobressaltos temporais.
Mesmo assim, como é habitual, as questões da Educação foram remetidas para a ponta final e tiveram menos tempo que as outras.
Sabemos que o PSD, embora tardiamente, tomou alguns compromissos na Educação segundo os quais, caso forme governo, retirará alguns dos diplomas que mais ferimentos causaram à classe docente nos últimos quatro anos.
Cumpri-los-á? Compete a quem de direito dar-lhe, ou não, o benefício da dúvida.
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